Sep 07, 2006 14:06
Faculdade de Comunicação Social, sete e meia da noite. Eu precisava ir para a aula. Não sem antes comer aquele xis - hambúrguer para os não-gaúchos - com ovo que eu tanto desejava.
Eu era o número 37. Não havia um número 36. Era só esperar elas fritarem a carne e prensarem o pão. Eu olhava fixamente para a chapa. Nervosismo; eu precisava comer.
- Número 37!, a moça de avental vermelho falou enquanto me procurava com o olhar.
Fui correndo para o balcão. Pois bem:
Lá, no balcão, ao meu lado, havia um ex-affair, de quem eu nunca fui grande fã e a quem eu reluto um pouco em cumprimentar.
- E aí, tudo bem?
- Tudo e contigo?
- Também.
Meu olhar estava vidrado naquele xis. Gordurento e gostoso. Não pude conter um comentário:
- Nossa, eu vinha sonhando com isso faz tempo, desde que eu saí da agência.
O cara baixou a voz e me perguntou:
- Há quanto tempo isso?
Gente, ele achou que eu estava falando dele! Ninguém baixaria a voz daquele jeito para perguntar desde quando outra pessoa está com fome. "Hmm... Fome? Rrrr... Me chama de gato que eu ronrono de novo." Não. As coisas não funcionam assim.
Nesse momento, minha visão, olfato e estômago se uniram e perceberam a aproximação da moça de avental vermelho com o meu xis. Meu paladar me fez praticamente gritar:
- Não isso! Com o meu xiiiiis! - e eu juro que as pessoas puderam ver meus olhos brilharem emocionadamente.
Depois disso eu não olhei mais para o cara. Preferi ficar a dar mordidas vorazes no pão e a me lambuzar as bochechas de mostarda.
fatos,
oh vida