(no subject)

Jul 04, 2005 12:15



Marchas dissonantes marcam a minha entrada, sinto o ritmo do sangue que me corre nas veias, acelerar harmonicamente ao som...
Gorgojejos enraivecidos de gárgulas vermelhas, as luzes cintilantes a morrerem pacificamente na lareira...
Por enquanto respiro o meu próprio ar, o óxido neónico ainda está disperso nas companhias circundantes.
Vejo o vazio rodar e rodar e rodar enquanto observo apenas uma alma que agora despertou do terpor da noite bassa.
Agitam-se os intestinos e os neurónios na revolta da imobilidade. Seca, seca...desértico e tão prometedor.
Aguardo o espetáculo ainda adormecido e dormente em mim...aguardo o meu despertar. Inibida pelo vazio, aguardo...aguardo e nada acontece.
Percorro este vazio e preencho-o com o olhar enquanto aguardo renascer...
As cinzas do que fui, aguardam a minha nova forma. Hoje transformo-me naquilo que quero ser, mas enquanto isso não acontece, aguardo...
Ciclicamente observo, interiorizo, transformo, ciclicamente renasco de mim, para mim, transmutação interior... observo...aguardo o momento.
Cortinas corridas a vermelho vivo, pulsar do ser iminente, sangue que espera a agitação dos corpos, o ar sente o vazio do espaço respirável, impacientemente espero no óxido neónico ainda disperso e basso...
Enquanto espero as memórias de promessas e vidas passadas enchem a marcha circular, rosas com espinhos, teias misticas de outrora, passado esquecido, aguardo uma nova vida...
Desfila o desconhecido com uma solidez sepulcral no silêncio sacro do que terá de vir...
Amanhece, a noite morreu em mim, transformei-me sem retorno, mas ainda assim aguardo o momento do meu despertar...
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