Asco

Feb 25, 2008 23:53

A corrente fervilhante subia-lhe pelo esófago. Queimava até chegar à boca. Poucos segundos lhe restavam até que explodisse. Cambaleante, correra até à direcção da luz. A luz branca que se fazia reluzir por detrás da única porta aberta que conseguia ver. Ouviam-se somente palavras soltas em alto volume e as suas únicas visões eram sombras negras que deambulavam pelo espaço. A luz salvadora. O único local que o salvaria daquele ácido que o corroía por dentro. Livrar-se dele. Depressa se livraria dele…

Conseguiu chegar a tempo. Perdendo a força nas pernas, ajoelhou-se no chão. O líquido saíra-lhe de rompante pela boca: ácido. Fechou os olhos, enquanto gotas esverdeadas lhe pingavam do queixo. Azedo. Aquele sabor azedo que tendia em não lhe sair da memória.

Algum tempo depois abriu uma nesga dos olhos. Sentiu um cheio nauseabundo e as roupas molhadas coladas ao corpo. Voltou a fechar os olhos. Não queria estar acordado ali, com aquele cheiro, com aquele sentimento de nojo de si próprio e do mundo.

(Talvez uma introdução para algo, ou então não. Onde imaginaram este excerto? (Se imaginaram algum sítio, claro=P)
Previous post Next post
Up