Vigésimo Nono Dia - O fim da jornada

Nov 30, 2008 00:24

Terminei hoje de manhã, ficou um capítulo por escrever.

- É pequena, tem apenas um habitante de olhos púrpura - disse Goodwin como se desculpasse. Encolheu os ombros. - Não se passa muito aqui em Helmswella, mas seremos recebidos com todas as mordomias e etiquetas que os aldeões sejam capazes de reproduzir. Aqui poderemos descançar e preparar- nos para o que nos espera de volta ao Castelo, para além de que poderemos cremar Sweettoes.
Sweettoes morrera durante a noite. O seu pequeno coração parara de bater e os seus lábios estavam rochos, a sua pele branca como a neve. Goodwin trouxera- o consigo no final da viagem, depois de ele ter morrido, embrulhado num cobertor.
Atravvessaram o pequeno rio por uma ponte de pedra e entraram na propriadade dos pais de Goodwin. O pai não se encontrava a trabalhar a terra, teria provavelmente ido até à aldeia para vender os vegetais e frutas que cultivava, mas a mãe de Goodwin estava sentada à porta de sua casa, observando os pequenos brincar.
Gladwin ergueu a cabeça e observou os jovens a cavalo por algum tempo. Depois sorriu, levantou- se e correu até eles, gritando pelo irmão.
- Este é Gladwin - apresentou Goodwin, descendo do seu cavalo e abraçando o pequeno, fazendo- o girar por trás. - Cresceste tanto...
- Tu estás diferente - acusou- o Gladwin, torcendo o nariz.
Os outros irmãos de Goodwin chegaram pouco depois, correndo e rindo. A mãe de Goodwin vinha mais atrás, as mãos apertadas em frente ao corpo, como se estivesse nervosa. Goodwin reparou que chorava silenciosamente, as suas lágrimas molhando o seu sorriso.
- Sentimos muito a tua falta - murmurou beijando a face do filho mais velho.
Goodwin estreitou a mãe nos braços, tirando- lhe o folgo.
- Esta é Benedita, mãe - apresentou Goodwin, fazendo um gesto para o segundo cavalo. - A Princesa Benedita.
A donzela retirou o capuz da cabeça e sorriu à senhora. Desceu do seu cavalo e fez- lhe uma pequena vénia.
- É um prazer conhece- la, senhora.
A mãe de Goodwin apressou- se a fazer uma vénia desajeitada, não sabendo muito bem como proceder, e os seus filhos imitaram- na. Benedita gargalhou educadamente e pediu- lhes que se levantassem. Ela não era mais do que uma jovem que viajara por muito tempo com Goodwin.
- Sê bem vinda à nossa humilde casa - disse a mãe de Goodwin, abrindo- lhes a porta. - É pequenina e não muito requintada, mas chega bem para todos nós.
Benedita sorriu- lhe e disse- lhe o quanto gostava da casa. Não era, certamente, tão elegante como os castelos e palácios em que pernoitara ou vivera, não tinha as mesmas condições do que nenhum dos aposentos em que alguma vez fora instalada mas, de certa forma, Benedita achou todo aquele ambiente fantástico, como o desvendar de um segredo. Era descobrir a vida de Goodwin antes de chegar ao Castelo, antes de se tornar um dos arqueiros do Rei.
- Podes ficar com o meu antigo quarto - ofereceu Goodwin, mostrando- lhe o seu quarto.
Era o único quarto onde dormia apenas uma pessoa. Tinha conseguido que lho fosse dado quando fizera 15 anos, restringindo os irmãos a dois quartos - um para as raparigas, outro para os rapazes. Os pais tinham um quarto pequeno, adjacente à casa, só para eles. O quarto de Goodwin era escuro e frio, com uma pequena fogueira improvisada num dos cantos. A cama era pequena e feia, os lençois enegrecidos pelo tempo e uso.
- E tu, onde ficarás? - perguntou Benedita.
- Dormirei na cozinha, perto da lareira - sorriu- lhe. - Não seria a primeira vez.
Benedita tentou convencer Goodwin a ficar no seu quarto, mas não teve sucesso. Goodwin queria manter a inocência de Benedita até a poder levar de volta para o Castelo e, se houvessem simplesmente rumores de que os dois tinham partilhado uma cama, mesmo que fosse da forma mais inocente, a reputação da Princesa poderia estar arruinada.
A mãe de Goodwin serviu- lhes um grande almoço, com pão, queijo, doces e geleias, frutas e sumos. Enquanto saboreavam a comida, Goodwin foi forçado a partilhar com a família todas as suas aventuras e desaventuras desde que partira de Helmswella há mais de um ano.
Raisa sentada ao lado de Benedita, observava- a atentamente, maravilhada com a pele branca e suave da Princesa, os seus gestos delicados e, principalmente, o seu olhar púrpura.
- Raisa - repreendeu Goodwin.
- Desculpem... - disse baixinho, ficando vermelha.
Benedita sorriu- lhe e disse- lhe que era uma bela rapariga e que se tornaria, brevemente, numa bela donzela. Raisa ficou radiante com o comentário e o seu sorriso iluminou- se imediatamente.
Beatriz olhava para todos confusa, como se algo não encaixasse bem na história que lhe era contada.
- O que foi, pequenina? - perguntou Goodwin, reparando na forma como a irmã os olhava. - O que se passa?
- Tu disseste que trarias de volta uma Princesa em Apuros, depois de a salvares de um malvado homem...
Goodwin riu- se e Benedita olhou para os dois confusa.
- É esta a tua princesa? - perguntou inocentemente Beatriz.
- Pequenina... Eram apenas histórias...
- Mas tu disseste!...
- Eu sei - suspirou e sorriu a Benedita. - Eu vou- te contar um segredo... Esta é, defenitivamente, a minha Princesa. Não sei se a salvei de apuros ou se esses ainda estão para chegar, mas ela é, defenitivamente, a minha Princesa.
Beatriz pareceu ficar deliciada com o segredo e mastigou feliz o pão com queijo. A Princesa Benedita deixou que a sua perna tocasse a de Goodwin, debaixo da mesa, e sorriu- lhe. Também ela gostara de saber o segredo.
- Goodwin! - exclamou Benedita ficando séria. - Os teus olhos...
Demorou algum tempo a Goodwin perceber o que a Princesa queria dizer, mas depois levantou- se sem pedir licensa e correu até ao rio que passava por trás da casa. Baixou- se na margem, ajoelhado na relva, e observou o seu reflexo.
Estava, defenitivamente, diferente, tal como a família lhe tinha dito. Mas havia algo mais, algo de que não se aprecebera até aquele momento. Os seus olhos verdes começavam a adquirir uma tonalidade púrpura, muito suave, como o pôr do sol transforma o céu azul em rosa. O reflexo de Benedita juntou- se ao seu, os seus olhos púrpura observando atentamente o reflexo dos de Goodwin.
- Conseguiste... - murmurou a Princesa Benedita.
Goodwin sorriu- lhe e abraçou- a. Poderia casar com ela assim que regressasse ao castelo, ela seria a sua Princesa e a sua Rainha. Mas manter- se- ia o castelo inalterado? Os duendes haviam partido para proteger a família real e o castelo, mas era Goodwin quem protegia o que os outros procuravam. Era com ele que estava o livro e a Princesa Herdeira.
- Temos de voltar - murmurou, a sua voz perdendo- se nos cabelos ondulados da Princesa.
- Não é preciso tanta pressa, Goodwin - sorriu Benedita. - Eu gosto da tua família... Queria ficar cá por mais uns tempos...
- Esse não é o problema. O livro de Espilce está na minha posse e eu tenho de o devolver ao Rei Aemilius, para além de que há uma batalha a desenrolar- se, lembras- te? O mar e os céus previram- no, o fogo acendeu ao chamamento. Teremos de partir e proteger Espilce.

Okay, I'm done. I'm going back to writing my entries in english and keeping them short. I promise =)

<3

espilce

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