Sep 04, 2008 21:52
E eu podia dizer que estava cansado de todas aquelas noites de festas na casa do Reita, de sexta pra sábado.
Colegiais loucos por diversão e extasiados por mais uma semana acabando... Mais um fim de semana começando.
Claro que eu não via problema tão grande em ir àquela reunião de garotos e garotas tão bem arrumados, os olhares voltados à mim, provavelmente por ser mais velho de todos eles e muito bem conhecido naquele colégio por vários motivos.
E pelos tipos de olhares - alguns amedrontados, outros interessados - eu já podia dizer como me conheciam.
Alguns poderiam saber quem era Shiroyama Yuu, terceiro e último ano. Veterano e presidente do grêmio estudantil, irônicamente.
Afinal num colégio onde até a liberdade de expressão dos alunos era vigiada eu andava por ai com meus cabelos arrepiados, e os fios da nuca batendo quase no meio das costas, fazendo conjunto com o piercing discreto no canto dos lábios.
Outros me conheciam como Aoi.
O guitarrista de uma das bandas de rock que tocavam nos subúrbios de Tokyo, com a maquiagem do rosto tão pesada quanto os acordes que eu dividia com o outro guitarrista.
E exatamente este guitarrista era o motivo da minha terceira fama: O provável bissexual vindo de Mie.
E só Deus sabe como eu gostaria de rir na cara das garotinhas lindas que, antes de se declarar, me perguntavam, timidamente, se tal boato era verdade.
Minha vontade era de contar tudo que eu já havia feito com garotos da idade dela e mais velhos, incluindo amigos próximos da menina.
Não que eu fosse avesso a mulheres, mas... É questão de preferência.
Um riso safado sempre sai dos meus lábios quando penso em preferências.
Afinal, voltando ao começo de todo esse devaneio era exatamente por isso que eu entrava agora na casa de Reita jogando o cigarro mentolado para trás, antes de fechar a porta.
Era exatamente por causa da maldita preferência que eu me metia por entre aqueles garotos e garotas, o corpo já ansioso.
Por causa da preferência sem disfarces que eu finalmente chegava ao quintal da casa tradicional e deixava meus olhos quase famintos cair sobre a figura do guitarrista solo da banda na qual eu fazia parte.
Que eu analisava cada pedaço dele e o deixava ver, ao se virar em minha direção, exatamente o que eu fazia.
A minha preferência era ele.
Uruha para a banda e os poucos fãs que já conquistávamos, pelos bares e casas de show do local.
Takashima Kouyou, cursando o primeiro ano do colegial, vice-presidente do grêmio estudantil no colégio;
Meus lábios se abriram num sorriso quase predatório e eu segui passos idênticos aos dele, retos um na direção do outro, enquanto a batida mais pesada da música parecia seguir o ritmo daquela relação.
Quente, forte e rápido.
Assim como a música que fazíamos juntos, assim como o amor que fazíamos juntos.
Ele era a minha preferência. Meu favorito.