Aug 13, 2008 16:26
Eu estava sem fôlego, o corpo inclinado para a frente, enquanto movia a cabeça com rapidez, ao ritmo da música.
Era como se eu pudesse afastar os pensamentos com aquilo, e a batida que movia meu corpo pudesse me fazer sentir mais leve.
Acabar com aquela tensão no estômago, que eu nem sabia controlar, com toda a minha idade.
Faz alguns anos, desde que apenas alguma visão pudesse me deixar naquele estado, e não podia ser em hora mais imprópria.
Em frente de mim, uma multidão lotava um dos maiores estádios de Tókio, gritando e sentindo a música comigo, ao mesmo tempo em que eu pulava com eles.
Nossos corpos se moviam em igualdade, e até mesmo aquilo parecia me deixar excitado.
Ao me virar para trás, e sair do mini palco que havia bem à frente dos amplificadores, dei espaço à Reita, que passou por mim com o sorriso discreto, mais puxado para o canto dos lábios.
Ele sabia exatamente o que fazia comigo.
No solo do mesmo, eu observava e mordia o lábio inferior, a cabeça acompanhando o ritmo. Tomei uma das pequenas garrafas de água dispostas pelo palco, e bebi um pouco do líquido gelado, o mesmo escorrendo por minha boca e pescoço, ajudando a me trazer um pouco para a realidade.
Se não me recuperasse rapidamente, o volume que se formava em minhas calças logo seria notado, e com certeza, os tablóides iriam ter mais assunto do que quando Uruha se descontrolou, e beijou Aoi no palco.
Ou talvez, eu fizesse o mesmo.
Reita movia os quadris contra o baixo, e... Deuses, eu imploraria para ser aquele instrumento.
O maldito provavelmente sabia, pelo modo que ele riu, abertamente, quando passou por mim.
Nunca havia confessado meus sentimentos ao baixista, então, pelo que o mesmo sabia, aquilo não passava de um joguinho entre amigos, que se conheciam demais, envolvendo os próprios corpos no processo.
Ah, se ele soubesse.
Quando Uruha se aproximou, e junto dele, tomei a atenção do público, acariciando o pescoço do mesmo, eu só pedia para que o meu grande amigo e guitarrista não se assustasse, com a brutalidade para com o toquei.
No backstage, todos sorríamos e nos abraçávamos, gritando e nos parabenizando, por mais uma noite de sucesso. E, como fazíamos algumas noites, todos nós fomos para o quarto de Uruha, no hotel.
Bebidas a mais e comida de menos, o álcool tomou a mente de todos, e as brincadeirinhas começaram.
- Hey, Rei-chan! Não fui só eu que notei que esse show, em especial, te animou, hun? - Uruha usava sua voz animada, porém, o nível de malícia na mesma era palpável.
Corado, eu neguei com a cabeça, o riso solto junto com os dos outros. E com alguma desculpa que eu nem me lembro, troquei o assunto para Aoi e suas danças.
Mas o sorriso de Reita era tão orgulhoso, que eu me recusava a encará-lo.
Mais um show e logo estaríamos de férias.
Ri, com o pensamento.
Eu realmente precisava daquele tempo longe da banda, por mais que alguns motivos.
E enquanto encarava o solo do baixista, por detrás da cortina, invejei Kai, que passou pelo mesmo e o abraçou, sem despertar suspeita alguma.
E o fato da maioria das fãs verem o baixista com tão bons olhos me fazia rir, com as minhas próprias lembranças.
E assim que chegou a minha vez, entrei no palco com a mesma máscara de rebeldia de sempre, e me diverti, com os gritos por minha aproximação com Uruha no palco.
Gritei e cantei as próximas músicas com a alma, e assim que chegou a vez de todos irem para a frente do palco, meus olhos se arregalaram, com a sensação às minhas costas.
Não podia ser.
Ou eu havia enlouquecido, ou aquele era mesmo Reita, com o braço ao redor do meu pescoço, o quadril contra o meu, com força o suficiente para que eu notasse que o loiro passava pelos mesmos problemas que eu enfrentava com freqüência, e o baixo estrategicamente ao lado do corpo.
E o modo como o loiro me puxou contra ele, fez um gemido alto escapar contra o microfone, no meio das palavras que eu cantava com tanta força, e as fãs gritaram, sem ao menos perceber o que acontecia.
Pude sentir a mão do outro descer, e me apertar perto de onde nossos quadris se encontravam, com força o suficiente para marcar, e novamente a minha reação foi ouvida pela multidão, que gritava, quase tão extasiada quanto eu.
Quase.
Meu rosto não podia estar mais vermelho, e o modo que eu tentava me afastar, mas não era obedecido pelos meus próprios músculos me irritava ao extremo.
Com um último grito - ou gemido, podendo ser interpretado como for - a música se deu por fim, e Reita se afastou, rindo e os olhos presos nos meus.
E a vergonha e a ereção na calça apertada, eram problemas meus, agora.
-x-
N/A: comentários são apreciados, de verdade <3~