...when i said i'd like to smash every tooth in your head.
Eu não sou uma boa menina.
Subi quase uma hora de morro rodopiando por entre becos e pulando poças de esgoto para chegar ao terreiro, digo, ao galpão do Salgueiro (é, morro do Salgueiro, aquele lá na Tijuca, o da escola de samba e tudo) para um autêntico baile fânque carioca. Não foi na quadra, não. Foi num lugar absurdamente enorme - dois campos de futebol + 10 mil pessoas te dizem alguma coisa? - ao qual eu não conseguiria chegar sozinha de jeito nenhum. Na boa, foi preciso guia local para que a gente achasse a bagaça.
Idéia do Fernando, CLARO. Quem mais conhece traficante? Quem mais diz gostar de rock progressivo mas "curte um baile pra desopilar"? Não é recomendável "ficar" com as "tchutchucas" nativas, afinal, somos "alemão" (haoles, foreigners, chame do que quiser) e se, por azar, o Nandinho tocar os lábios de uma preta comprometida com (ou alvo do interesse de) algum gerente de boca, terá selado a própria morte com um beijo. Mas às vezes ele se arrisca... Gostar de viver perigosamente é isso aí.
Eu vos confesso que dancei e que ri. Alguns funks mais "heavy metal" não tocam nas rádios. Mas tocam lá. E as letras são de um brilhantismo coloquial comovente. Sério, não estou zoando. E achei bastante interessante, do ponto de vista sociológico, ter me deparado com inúmeros cidadãos sem camisa, dançando com AR-15 pendurados nos ombros. Chato só ter tomado uma coronhada, de bobeira, coisa assim "sem querer", acidental - mas doeu e abriu uma pequenina brecha sangrante na minha testa.
MATADOR: Aí, mal...
LOLLA: Tem erro não, foi acidente.
MATADOR: Num tá vendo?...
E eu ia falar O QUÊ?
Bebi gummy de váááários sabores, comi churrasquinho (linguiça é mais seguro, o gosto é inconfundível e o risco de o churrasco "miar" é menor), caipivódega (pra mim aquilo era cachaça dentro de uma garrafa de Smirnoff, mas qual é a diferença, mesmo?), ouvi elogios à minha bunda e ao meu cabelo, fui chamada de "sereia", "princesa", "neném", e umas outras coisas lá que a) eu não entendi ou b) prefiro não mencionar. Não dei beijo na boca não, mas tive que aturar o Nando a noite toda bêbado dizendo que eu "estava gostosa, hoje". Ah, tá - valeu.
Amanhã eu não sei se volto lá, ou se vamos pra Vila Mimosa beber e ver o movimento das putas, ou se vou com o Jorge prum baile funk de rua, no subúrbio (não é em favela), onde ele será DJ. Os traficantes pagam 200 pratas pra quem fizer o serviço até três, quatro da manhã. Pode rolar tiroteiro? É lógico. Aliás, estranho vai ser se não rolar. Mas do jeito que o Rio anda, podemos ver nascer tiroteios até dentro de Salão do Reino das Testemunhas de Jeová.
E, sem querer desmerecer a crença alheia, o baile funk é waaaaaay better.
p.s.: agradeço à fofíssima
waxcrayon que me ajudou a mudar a cor das tabelinhas e arrumar esse layout aqui. Infelizmente ele continua só funcionando direito em 800x600, mas como nós, donos de monitores de 14 polegadas AINDA somos maioria, segura a pressão aí. :o)