Feb 04, 2010 13:15
Desculpa. Excedi-me.
Excedi-me no amor e na ânsia de te comunicar... Porque embora criada enquanto concreção de uma catarse, e por isso a tua existência, e nisso o teu propósito suficiente, tu não fazes sentido se não fores comunicada, e eu... Eu enlevei-me... Deixei-me cair na tentação de chegar contigo ao mundo, gritar-te como te grito comigo e para mim. Mas não posso, não devo, não consigo, e deixando-me enganar pela concessão, pela indulgência que frequentemente conquisto ao destino, achei que podia tudo, que não havia limites. Quis chegar a Constantinopla e esbarrei-me no Tejo. E pelo caminho conspurquei-te, violei-te na tua doce virgindade de secretismo, de recatez... Mas é assim o Homem, e assim sou eu, sou feito para sonhar, sem o sonho não há nada e eu levei-o ao extremo, ao que ele é, inalcançável.