Título: Mudanças
Casal: KiHae
Gênero: Romance, um pouco de comédia
Categoria: PG-13
Notas: Primeira fic KiHae <3 Pensei nessa história enquanto viajava de carro.
Sumário: Depois de sair do armário, Kibum nunca teria imaginado o que seu encontro com a mais recente compradora de seus espermatozóides poderia causar.
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”Pelo menos prometa que vai doar”
Não podendo recusar o pedido de sua mãe chorando, ele suspira, abraçando-a. Ele se pergunta como seria se as coisas fossem diferentes...
Kibum escorrega ainda mais em sua cadeira quando sua secretária relata a ligação mais atual.
“Pergunte a ela onde ela quer me encontrar” Ele responde, entediado.
Ele não entende exatamente porque ela quer conhecê-lo. Ninguém nunca antes havia pedido um encontro pessoal. Não há nada no contrato que o obrigue a ir, sem contar que não está realmente afim... Mas esta poderia ser uma desculpa muito conveniente para não ir ao encontro familiar, no qual provavelmente seus pais o fariam conhecer outra candidata para ser sua esposa...
Será que eles nunca se cansavam dessas tentativas inúteis?
Seu encontro com a compradora de seus espermatozóides realmente não era como ele esperava que seria. Estava esperando uma dessas mulheres sofisticadas e elitistas de salto alto, pronta para pular no colo dele no momento em que se sentasse. Ao invés disso, a mão dela apertou firmemente a dele, o surpreendendo um pouco.
“Sou Donghae, Lee Donghae. Nice to meet you, Kim Kibum” Donghae se apresenta em inglês quase fluente, “…” Uma pausa, “Só sei frases básicas em inglês...” e ela finaliza em coreano, dando de ombros enquanto ri.
Ela parece não se incomodar com seu jeito calado e o encara de modo interessado por algum tempo antes de perguntar sobre o dia-a-dia e outras coisas irrelevantes, para as quais Kibum responde naturalmente, muito para sua própria surpresa.
“Espresso?” Ele pergunta enquanto mistura seu café latte com chantilly.
“Odeio coisa muito doce” Ela responde, como se tivessem lhe perguntado o que ela gostaria de ganhar como presente de aniversário.
Kibum não menciona o real propósito do encontro deles, esperando que ela o inicie o assunto, sem se importar em esperar mais um pouco. Já fazia um tempo que não saía para aproveitar o tempo livre, e de ter uma companhia tão agradável quanto a dela.
“Bom, eu li seu perfil… E mesmo assim queria te conhecer pessoalmente” Kibum levanta os olhos de sua xícara, enquanto ela põe uma mecha de cabelo atrás da orelha, “Gostaria de ir ao festival, se você tiver tempo?”
Kibum é tomado de surpresa com a mudança de assunto, mas sua boca age antes que seu cérebro. Ele realmente não deveria concordar em ir, sabendo que tem uma pilha de papéis para preencher para o dia seguinte, além do fato de que lugares lotados não são muito seus locais favoritos. Porém, quando Donghae sorri, ele simplesmente esquece de tudo que acabou de pensar.
Ser o presidente do negócio da família não o permite sair para lugares tão públicos. Ele frequentemente está em restaurantes chiques ou outros ambientes da alta sociedade, para seu grande desprazer, então é muito agradável sentir o cheiro de comida e doce no ar, e não ser forçado a vestir roupas caras (e desconfortáveis), pelo menos por uma vez.
Acabou esquecendo o relógio em casa e nem sentiu as horas passando tão rapidamente. No fim do festival, os fogos queimam belamente no céu. Donghae grita animadamente, dentes perfeitamente à mostra, e Kibum estranhamente não consegue parar de olhar.
“Vamos nos encontrar de novo?” Ela pergunta assim que tudo termina, e Kibum concorda facilmente.
É um desses jantares de negócio, e Kibum está novamente morrendo de tédio por dentro.
“Por que não leva a senhorita Hyori para casa, Kibum?” Seu pai sugere com um tom de voz que o enoja. Ele sabe que seu pai sabe que ele sabe, e mesmo assim ele o mete em situações que nem esta.
Kibum mantém as mãos firmes ao volante o tempo todo, fingindo não perceber os olhares provocativos de Hyori, ou a maneira como ela está cruzando as pernas, fazendo com que sua saia mostre mais suas coxas.
“Chegamos” Eles estão na entrada da mansão dela. Então, o previsível ocorre.
Kibum permanece imóvel quando os lábios com gloss dela o beijam, e não faz um movimento sequer para tocá-la - já é um milagre ele não a ter empurrado. Embora seu sangue esteja fervendo em suas veias, força um sorriso e elegantemente continua dirigindo quando ela sai do carro. Logo que desaparece da vista dela, ele limpa a boca com mão.
Donghae repentinamente toma seus pensamentos, e Kibum se sente ainda pior com o cheiro do gloss em sua mão.
Esta seria uma daquelas noites bem ruins...
“Oi” Alguém lhe dá um tapa um tanto forte e familiar nas costas, “Interrompi alguma reflexão profunda?” Kibum não a encara diretamente nos olhos após o ocorrido da noite anterior, mas Donghae não parece perceber, tomando o assento ao seu lado e oferecendo um pacote de cookies de côco, “Achei que seriam seus favoritos. Vou comprar uma bebida, ok?”
Ele fita o pacote, pegando um cookie para experimentar. Quando Donghae retorna, ele já comeu tudo.
Kibum se sente mal quando vê Donghae paralizada - ele deveria ter deixado pelo menos um pouco para ela, no fim das contas (mas nossa, como eram deliciosos!) - contudo, ela sorri largamente, oferecendo sua bebida, que ele recusa. Então, ela torna a encará-lo.
“Tem algo na minha cara?” Ele resolve entrar no jogo dessa vez, sorrindo.
“Na verdade, tem” Ela estende a mão e passa o dedão suavemente sobre seu lábio inferior, até que os olhos dela se arregalam e ela rapidamente contrai a mão e se levanta.
“Vamos andar!!”
Ele tenta encontrar o olhar dela novamente, mas quando consegue, ela já está completamente focada em outra coisa. Kibum fita os lábios dela quando ela não está prestando atenção - finos e aparentemente suaves, mesmo sem nenhum retoque.
Enquanto isso, ele inconscientemente toca seus próprios lábios.
“O espresso que você pediu, senhor” Sua secretária adentra a sala quando ele lhe dá permissão.
“Obrigado. Me informe imediatamente quando a correspondência chegar. E por último, não me chame de senhor, ok?” Kibum diz a ela com expressão neutra, e fica piscando quando esta não move sequer um músculo por um tempo.
“E-entendido... Kibum” Ruborizada, ela rapidamente faz uma reverência e sai.
Kibum dá de ombros, casualmente se checando na parede espelho ao seu lado, antes de se voltar à tela do notebook.
Faz exatamente uma semana que têm saído com Donghae. Ele não acha que já tenha passado tanto tempo com alguém que ele mal conhece. Simplesmente não consegue recusar os convites dela - verdade seja dita, seus dias de trabalho são muito melhores com o prospecto de passar algum tempo com ela, completamente aleatório mas divertido, após o expediente.
Eles estão num bar perto de onde Donghae mora. Kibum pede uma cerveja, ela, água. Ultimamente, ela têm sido mais calada que o normal. Continua a sorrir da mesma maneira, comporta-se igual, porém seu olhar parece distante, como se estivesse perdida em pensamentos.
Kibum não mais se importa que ela o encare tão intensamente - já se tornou normal agora -
portanto, após quase dez minutos que Donghae fica olhando para o nada, ele acena bem em frente ao seu rosto.
Ela parece tão perdida piscando e boquiaberta daquele jeito que Kibum acaba rindo um pouco. Ela desvia o olhar, encarando o chão enquanto morde o lábio.
“Merda” Donghae xinga em voz baixa de repente, procurando algo em sua bolsa. Kibum quase deixa sua lata cair quando vê um maço de cigarros um pouco amassado, e isqueiro de colecionador em suas mãos.
“Você fuma??”
“Ainda não estou grávida. É que... Ah, esquece” Ela acende o cigarro, dando um longo trago. Kibum apenas observa, completamente chocado e um pouco confuso, também.
“Você…” Kibum limpa a garganta, “Posso pegar um?”
Donghae não faz nenhum contato visual até que suas mãos se tocam, e Kibum deve estar imaginando coisas quando vê um olhar triste, quase afetuoso nos olhos dela, por um instante. Ele descarta a idéia, também tragando o cigarro. Faz um bom tempo desde os tempos de faculdade...
“Eu era homem” Donghae declara um tempo depois, logo quando ele está bebendo.
O garçom tenta limpar a cerveja da roupa dela o melhor que pode, e Kibum deve estar com cara de idiota, muito provavelmente.
Donghae pede a conta e arrasta Kibum para fora do bar, já que as pernas dele parecem ter parado de funcionar por si próprias. Quando chegam ao parque e sentam em um banco, ela vira os olhos, pois Kibum parece não ter percebido que tem encarado os peitos dela ao invés de seus olhos.
Hetero ou gay, são todos iguais mesmo. Kibum acha que a escuta murmurar, e no próximo instante, Donghae agarra suas mãos e ele berra. Uma pessoa de fora certamente teria dificuldade em adivinhar quem seria a garota ali.
“Acha mesmo que eles são falsos?” Kibum realmente quer tirar as mãos dali o mais rápido possível, mas Donghae segura firme e - caramba, parecem de verdade mesmo.
“Não tem nada que a ciência não faça hoje em dia” Ela pega seu RG e mostra que ela realmente era um homem.
Kibum estuda sua forma anterior na foto 3x4 - feições mais marcantes, cabelo bem mais curto, tão atraente quanto - em completo silêncio. Já é quase noite, e ele vagamente se lembra que tinha que ter enviado arquivos importantes para a filial.
“Troquei assim que tinha dinheiro o suficiente para a cirurgia” Donghae não o encara como sempre, e ele sente falta do brilho de seus olhos, “A única coisa que me resta é minha voz” Ela limpa a garganta, e Kibum escuta sua voz verdadeira pela primeira vez. É suave e soa um tanto ressentida (talvez por arrependimento?) e Kibum não compreende o que o aperto em seu peito significa.
Ou o dia está demorando muito para passar ou ele realmente está irritado, de acordo com fofocas de seus subordinados.
Quatro e quinze. Ele bate o pé incessantemente. Quando pega o telefone, quase manda ele voando pela janela devido a seus movimentos bruscos.
Kibum literalmente esquece o que falar quando escuta a voz familiar, “Alô? …Kibum?”
“Ãh, é, sou eu” Ele enxuga a mão suada nas calças, “Então…” Não sabe o que dizer, pois sempre foi Donghae que o chamava para sair, e não o contrário.
É como se alguém o estivesse estrangulando a cada segundo que ela permanecia calada, “Que tal o lugar de sempre?” Ela sugere, e Kibum passa o resto do expediente muito mais aliviado.
O trânsito está horrível e ele geme, morrendo de raiva. Ele quer chegar no horário, quer muito ver Donghae e - o sinal fica verde e ele acelera o quanto sua carteira de habilitação o permite.
Finalmente tudo faz sentido quando ele vê Donghae na mesma esquina na qual eles se encontraram pela primeira vez.
Amor nunca deveria ter barreiras, nunca deveria ser complicado. Ele se lembra de uma frase que leu no passado-
Donghae sorri quando o avista. O ar que preenche seus pulmões é frio, mas parece como nos tempos de primeiro amor e aquele formigamento peculiar. Quando toma a mão de Donghae na sua, é como se pertencessem uma a outra, e ele gosta da maneira que o sorriso de Donghae fica ainda maior.
Ele sorri de volta.
“Acho que vou mudar assim que tiver o bebê” Donghae pondera em seus braços, massageando seu peito com dedos macios e cálidos. Kibum leva um tempo pra entender exatamente o que ela quer mudar.
“Você está bem?”
Ela ri, “Se tivesse que responder isso, ia ser muito brega”
“Sério?” Kibum ri, não se importando realmente se Donghae dissesse coisas super românticas para ele, “Mas por quê...?”
“A gente seria mais feliz” Kibum não indaga o que ela quer dizer com isso, porque ele entende. Ele a abraça ainda mais forte.
“Boba, isso não importa mais” Kibum acaricia o rosto dela, fazendo Donghae encará-lo, e depois desce até chegar a sua barriga. Ali, ele escreve É você com o indicador.
Donghae não diz uma palavra, e nem precisa. Seu sorriso é o suficiente. Kibum retorna o sorriso, sem nem hesitar, e se inclina para frente até que suas testas se tocam, e então assopra bem nos lábios de Donghae. Ela se agita, rindo, antes de tomar-lhe o rosto e beijar logo ao lado de seu nariz e abaixo do olho.
Kibum sente os pés formigarem de uma maneira muito boa. Acaricia a curva das costas dela, até que sela os lábios deles juntos, suavemente. Os olhos de Donghae se arregalam de tal maneira que Kibum tem que parar o beijo, não conseguindo evitar o riso, sacudindo os dois com a risada. Donghae, por outro lado, parece querer desaparecer o mais rápido possível, de tanta vergonha.
Kibum não a larga mesmo quando ela tenta se livrar dele, embora com um pouco de dificuldade já que ela ainda tem a força de seu físico anterior, e captura os lábios entreabertos dela em outro beijo. Toda a resistência lentamente desaparece e Donghae finalmente, cuidadosamente, abraça-o pelo pescoço e retorna o beijo.
As cobertas estão quentes sobre eles, as canecas de cappuccino ainda exalam um cheiro doce no ar enquanto a chuva bate despercebida contra a janela. Eles permanecem juntos na cama o dia todo, até que ficam com fome e resolvem pedir comida chinesa.
Mais tarde, estão de volta à cama. Kibum descansa a cabeça sobre o ombro de Donghae. Os dedos dela tecem suavemente seu cabelo, afetuosamente, enquanto os deles descansam sobre a barriga dela.
“O que você vai dizer para seus pais?”
“Hum, não sei” Ele responde com sono, “Acha que consegue encarar eles? Eu amo os dois, mas eles conseguem ser bem irritantes ás vezes...”
“Nem ligo~ Além do mais, eu tinha que saber tudo sobre o pai do meu bebê, incluindo o histórico dele, então eu já sabia das ‘consequências’ quando eu resolvi te ter pra mim”
Kibum ri alto, “Stalker” e se inclina para alcançar os lábios dela.
A barriga dela ainda nem cresceu, mas Kibum acha que já consegue sentir o bebê respirando embaixo de sua mão. Como se lesse sua mente, Donghae põe uma mão sobre a sua, e os dois dormem aconchegados, pacificamente, ao som da suave canção de ninar.
“Estou muito feliz em conhecê-los, senhor e senhora Kim” Donghae os reverencia, mesmo com os braços de Kibum ao redor dela. Quando ela sorri, o casal pára de ficar tão boquiaberto.
Não vai ser fácil explicar, Kibum está ciente disso, mas ele também sorri para seus pais, “Conheçam Lee Donghae, minha noiva”