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Feb 17, 2009 19:59


Maciço de Morais proporciona viagem aos primórdios da Terra


Escrito por Glória Lopes   Terça, 10 Fevereiro 2009

É considerado o umbigo do mundo, mas ainda tem muito para descobrir. Morais abre-se como mais uma possibilidade de potenciar o turismo no concelho de Macedo de Cavaleiros.

“Percorra Milhões de Anos de História Geológica no Maciço de Morais” é a proposta do parque que está a ser implementado em Macedo de Cavaleiros, e que proporciona uma viagem ao umbigo do mundo, ou seja a uma zona que resultou de um processo de colisão de massas que originou uma cadeia de montanhas, designada pelos cientistas por sutura do Orógeno Varisco, nada mais que o sítio de Morais.
No planeta só existem cinco lugares que têm características semelhantes, mas em Morais as sequências estão contidas num espaço menor e os testemunhos são mais perceptíveis. “É o umbigo do mundo porque explica a dinâmica dos continentes”, explicou Eugénia Gonçalo, uma das técnicas da Câmara de Macedo de Cavaleiros envolvida na dinamização do parque.
Para compreender este fenómeno e para entender o significado da paisagem actual é preciso retroceder no tempo até pelo menos 400 milhões de anos, muito antes de os Dinossauros existirem.
Os milhões de anos de História são percorridos através de uma verdadeira viagem aos primórdios da Terra enquanto planeta. Isto vai exigir informação sobre a constituição do planeta e as várias camadas que o compõem, a dinâmica associada à formação dos planetas, a abertura e fecho dos oceanos e a evolução cronológica da vida. “Ou seja a génese e às várias alterações que a Terra foi sofrendo”, referiu Eugénia Gonçalo.
A informação vai estar disponível através de diversas formas e de vários materiais pedagógicos, nomeadamente em PDA, cartazes, vídeo, e vai permitir aos visitantes “desmontar e perceber a importância do que ali observam nas formações rochosas”, adiantou a técnica.
O local é muito procurado por cientistas e geólogos, pelo que é objectivo da Câmara de Macedo de Cavaleiros colocá-lo na rota mundial do Turismo Científico-Cultural. Para já são realizadas visitas guiadas, planificadas e combinadas com antecedência, mas a ideia é que em breve possam ser feitas individualmente pelos interessados, mesmo que não tenham grandes conhecimentos da matéria.
Para perceber melhor a importância do sítio de Morais será preciso recuar até à altura em que existiam apenas dois supercontinentes, nomeadamente Laurússia (América do Norte, Europa e Ásia do Norte) e Gondwana ( África, Madagáscar, Índia, Austrália e Antártica), o único Oceano era o Rheic, que terá estado na origem do Oceano Atlântico. O choque entre os dois continentes fechou o único oceano e originou uma nova reorganização dos continentes, mas ainda não a forma actual, esta só surgiria milhões de anos depois. Este fenómeno deixou as suas marcas também nas rochas e pode ser avaliado no Maciço de Morais, um local que os cientistas consideram imperdível na compreensão do passado da Terra, pois lá existem provas da existência dos dois antigos continentes e do oceano. Ali encontra-se a sequência completa da superfície oceânica.   
A zona de influência do sítio de Morais incluiu ainda uma vasta área onde foram encontrados diversos achados arqueológicos, como a Mamoa de Santo Ambrósio. Património que era desconhecido e que veio a lume fruto das escavações lideradas pela Associação Terras Quentes, que já inventariou perto de 800 locais com interesse histórico no concelho.
O projecto “Percorra Milhões de Anos de História”, tem como objectivo construir um itinerário diversificado, com vários percursos, que permita conhecimentos da geologia e do património. A ideia está a ser suportado por um investimento de cerca de um milhão de euros, comparticipados pelo Programa Operacional do Norte.

Aldeia é o epicentro da colisão

A aldeia de Morais é considerada o epicentro de todo o processo, porque assenta numa falha que dividiu o maciço em dois. No local é possível constatar a Norte, o “monte maldito”, assim chamado porque não tinha características férteis que permitissem o aproveitamento agrícola, fruto da presença da crosta oceânica. Do outro lado, a Sul, a vegetação e a fertilidade dos solos sugerem um outro continente.
Um dos locais mais interessantes do maciço é o complexo de “diques” (fracturas na rocha) que provocou uma deformação de origem tectónica, que já foi considerado o Bilhete de Identidade da Crosta Oceânica.
Junto à margem do Rio Sabor existe uma rocha de granito que terá estado enterrada a mais de 60 quilómetros de profundidade e que se supõe tenha mais de 1000 milhões de anos.

in http://www.o-informativo.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2372&Itemid=36

tras-os-montes, geology

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