Aug 26, 2007 19:16
Há algum tempo atrás, eu vivia me lamentando por ser uma pessoa muito solitária e gostar de coisas pouco comuns, achava que para ser feliz eu teria que levar uma vida mais agitada ao lado de outras pessoas que gostassem das mesmas coisas que eu. Sonhava, todos os dias, em encontrar uma amizade que me completasse, alguém com quem eu pudesse compartilhar grande parte das coisas que faço e gosto. Mas o tempo foi passando e fui percebendo que, para os outros, as coisas que gosto são tediosas demais; o que me deixa deslumbrada é muito pouco e o carinho que eu tenho para dar é demais. Percebi, também, que sou um pouco mesquinha por idealizar tanto uma amizade; que tenho que aceitar as pessoas do jeito que elas são e tentar fazer tudo o que estiver ao meu alcance para agradá-las. Sou egoísta por sonhar tanto e abrir mão do que não "combina" comigo e, ainda mais, por não enxergar que a única culpada por me sentir só sou eu.
Agora estou sempre tentando ser simpática com os outros, procurando as poucas coisas em comum que tenho com eles para compartilhar e, assim, ir sanando um pouquinho dessa solidão. Isso porque grande parte dela tem origem de dentro de mim, de minha própria essência. Ao invés de viver em guerra com esse sentimento, resolvi tentar compreendê-lo também, pois afinal também é parte de mim. E assim descobri que eu prefiro estar só a ter que fazer tanta coisa que não me preenche, em lugares que não me agradam, com pessoas que nada têm a ver comigo. Às vezes estar só me causa sofrimento, mas ainda assim, fazer o contrário não me ajudaria, muito pelo contrário: pior é sentir-se só em meio à uma multidão. De nada adianta ser popular ou estar ao lado de pessoas que não te completam e não possam despertar em seu rosto sorrisos verdadeiros.
Me sinto mais preenchida agora que estou aprendendo a aproveitar mais o tempo comigo mesma. Nem sempre preciso estar acompanhada para abrir um sorriso ou sonhar, muito menos para ler um bom livro, daqueles de fantasia que tanto gosto, ou assistir à um bom filme. Isso tudo sem ter que sentir culpa por não estar agradando ou péssima por não estar sendo uma boa companhia. Ainda não abri mão daquele sonho bobo de um dia encontrar uma pessoa realmente especial e parecida comigo em muitas coisas, mas, enquanto isso, vou vivendo do jeito que posso, em paz com minha solidão e com tantas pessoas diferentes, mas nem por isso menos maravilhosas, que o destino tem colocado em meu caminho. Agora vou reclamar menos e aceitar a minha condição.
solidão,
amizade