Vertigem

Jan 10, 2008 18:04


Hoje à noite...




Vertigem

dramaturgia e direcção José Nunes

assistência de direcção Luís Miguel Félix

vídeo Telmo Sá

cenografia Ricardo Preto

figurinos Inês Mariana Moitas

desenho de luz Cláudia Valente

música Rui Lima, Sérgio Martins

interpretação Joana Luz Figueira, Rui Lima, Tânia Dinis

produção executiva Pedro Leitão

colaboração artística Ana Lúcia Cruz, Carlos Almeida (Anjos Urbanos), Jorge Quintela, Pedro Leitão

produção Primeiro Andar

estreia [21Abr07] Centro Cultural de Alfena (Valongo)

duração aproximada [1:00]

classificação etária Maiores de 16 anos

apoios (com logótipo) ESMAE, Anjos Urbanos, Jular Madeiras

agradecimentos Margarida Vasconcelos, Ana Novais, Rui Ferreira, Tertúlia Juventude e Intervenção, Carlos Mota, Paulo Barbosa, David Santos

Vertigem

Sonho, medo, tentação súbita, acto impetuoso e irreflectido, desejo obscuro: a face oculta de um icebergue manifesta-se nas acções mais banais e quotidianas. A esta experiência está associada uma vertigem, uma tontura face a algo inexplicável e desconhecido. É sob este signo vertiginoso que três personagens são colocadas num tempo e num espaço cujas coordenadas lhes são desconhecidas. Reféns de uma ficção, habitam um tempo indefinido, que se submerge em analepses e prolepses, e um espaço hermeticamente fechado, mas vigiado. A acção reside precisamente no desejo de descobrir e compreender este novo espaço-tempo.

“Atravessar o espelho”

Toda a gente diz: um romance é um espelho. Mas o que é ler um romance? Creio que é atravessar o espelho. Subitamente, encontramo-nos no lado de lá, no meio de pessoas e objectos que parecem familiares. Mas só aparentemente, pois na realidade nunca os tínhamos visto antes. E as coisas do nosso mundo, por sua vez, ficam do lado de fora e convertem-se em reflexos. Fechando o livro, transpõe-se rapidamente o espelho, torna-se a entrar neste honrado mundo e a reencontrar as casas, os jardins e as pessoas que não têm nada para nos dizer; o espelho que se formou de novo atrás de nós reflecte-as tranquilamente. Depois disto, é-se tentado a jurar que a arte é um reflexo; os mais argutos chegarão a falar de vidros deformadores.

Jean-Paul Sartre - Situações I

Vertigem: um processo contínuo de criação

Vertigem é um espectáculo que cruza as linguagens do teatro e do vídeo, resultante de um processo contínuo de criação que teve a sua primeira fase em Março e Abril de 2007, culminando numa apresentação pública a 21 de Abril, no Centro Cultural de Alfena (Valongo). O espectáculo que agora se apresenta resulta de uma nova fase de criação, durante a qual se aprofundaram conteúdos e formas.

Durante a primeira fase de criação de Vertigem, surgiu o desejo de criar uma linguagem pluridisciplinar, onde as fronteiras entre as diversas áreas se tornassem muito ténues e onde o universo plástico adquirisse uma relevância e um carácter dramatúrgico muito fortes, chegando mesmo a constituir-se como uma personagem comunicante.

Na génese de Vertigem estão vários pressupostos: a definição da temática, através do conceito figurativo do termo “vertigem” e do seu relacionamento com outros três motes - sonho, medo e desejo; a definição conceptual de três personagens - Doutor, Agnes e Mulher Digital; a criação de um dispositivo cénico que permitisse a manipulação e o jogo entre ficção e realidade; o recurso a materiais textuais e imagéticos, como, por exemplo, O Sonho e Inferno de August Strindberg.

O resultado é consequência de um trabalho de co-criação, em que se quebram hierarquias teatrais e onde se parte do levantamento de materiais diversos para realizar uma posterior escrita dramática e coreográfica.

Uma cena pode ter múltiplos subtextos. Por isso mesmo, não existe uma metáfora para a encenação deste espectáculo, mas antes uma multiplicidade de metáforas e possibilidades de leitura, que visam levar ao extremo dois pressupostos simples: a criação de uma ficção, um “fingimento” que a imagem bidimensional da tela propicia, e, por oposição, a criação de uma verdade tridimensional, assente na realidade de uma situação de presença espaço-tempo, que o teatro permite. Trata-se pois, para nós, de uma vertigem, uma vertigem simbólica. Não é nossa intenção reduzir a amplitude de leituras possíveis do espectáculo, ainda assim, assolados por essa vertigem, perguntamo-nos: porque temos a necessidade de criar ficções? Porquê essa necessidade de criar mundos imaginários mais perfeitos que o mundo real? Terá o artista que colocar esta obrigatoriedade no seu exercício de funções? Terão os fazedores de teatro que submergir o espectador em mundos inalcançáveis ou inatingíveis, onde tudo pode ser perfeito e possível?

Primeiro Andar

Primeiro Andar

Companhia de teatro fundada em 2006 por um grupo de licenciados da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE), tem vindo a movimentar-se no âmbito da criação e produção de projectos de carácter emergente, aproximáveis à realidade do pensamento artístico contemporâneo, numa perspectiva de experimentação. O colectivo é fruto das vontades artísticas partilhadas aquando das experiências de criação de O Feitiço, com dramaturgia e encenação de Fernando Moreira (2005), e Xmas Qd Kiseres, de Jorge Louraço Figueira e encenação de Fernando Moreira (2006). Em 2007, co-produziu com o T Zero e o Teatro de Vila Real o espectáculo Aqui Ninguém Perde a Cabeça Por um Braço, com texto e encenação de Fernando Moreira. Estreado em Vila Real, o espectáculo esteve também em cena no Teatro Helena Sá e Costa, Teatro Aveirense e Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. A companhia tem também promovido um conjunto de actividades paralelas, como leituras públicas de novos textos dramáticos e exposições de fotografia e vídeo.

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