Dec 28, 2004 01:29
(meleca escrita no dia 25 de dezembro e postado aqui pela gentileza de uma pessoa)
Devo ser a única pessoa no mundo que às festas de fim de ano tem a necessidade de perder. Não se perder, perder algo. Perder algo para contrastar com o quanto achada e próxima estou de mim mesma.
Não estou me julgando a rainha do auto-conhecimento não, me desconheço, me estranho, me brigo, me chateio, me grito. Como o instinto de um animal irracional que é mãe e cuida dos filhotes sem sentir exatamente amor por eles e reconhece-los individualmente: assim me conheço e mais ou menos por aí calculo a distância: Por instinto.
Estou farta de julgar as coisas friamente e distantemente num estilo Ariel. Ariel! Menino! Se estiver lendo, só agora me dei conta que faz um tempo tipo um ano que ando assim... descrevendo assim... E que era mais ou menos assim como você faz, como quando a avó morre e você não chora e não sabe porque ou quando anunciam que a vó tá com doença incurável, mas escreve quase como se fosse uma terceira pessoa e como se a vida não fosse sua porque tem tanta coisa delicada falsamente você mesmo mais por cima e entre que não dava pra tocar em si mesmo ou na vida em si.
Faz dez minutos rolaram duas lágrimas pesadas e grossas, naturalmente. Fazia tempo que não rolavam duas lágrimas pesadas e grossas, naturalmente. Só uma razão muito grande me tiraria de vez dessa coisa que eu tava saindo que não é bem frieza o nome, pois frieza é o resultado final para o receptor, não a realidade do transmissor, sei bem disso.
Pois eu senti genuinamente dentro de mim que deixarei que morra em mim a vontade de amar os seus olhos que são doces, senão nada poderia dar senão a mágoa de me ver eternamente exausta.
Eu quero, quero sim, me dá. Me dá, deixa eu guardar a gente numa bolha. Sim, deixa eu estourar, eu quero perder. O meu maior pedido de natal e mais íntimo e mais secreto jamais poderia ser realizado. Então quero focar em outras coisas. Beirando as festas de final de ano eu, assim como qualquer outra pessoa, espero... Esperança... Espero e tenho desejos que espero.
Todos desejam ganhar. Eu desejo perder. Eu estou do outro lado de... do... de uma lagoa. Águas turvas entre eu e as pessoas que querem ganhar. Losers querem ganhar e winners também. Então quem quer perder? Uma terceira categoria: Eu.
"Que bom pra você" é o mais genuíno dos "Foda-se". Espera... Isso foi espontâneo! Eu disse genuíno quando queria escrever que era o mais sublime. Sublime e genuíno. Eu prefiro o "Foda-se". Mas que ódio de mim. Que ódio dessa minha atração por coisas delicadas e detalhadas e frescas. OK. Pessoas, não coisas. Mas deixe a frase como está: Coisas.
Colecionadora de borboletas.
Então do outro lado da lagoa está uma terceira categoria: Colecionadora de borboletas. Lindas, todas. My precioussss... Mas eu preciso perder todas, elas não me pertencem. Na verdade, nunca pertenceram, pois os potes de vidro são imaginários e odeio a idéia de ter. Mas esse vidro invisível eu quebro com prazer pelo desprezo da idéia de ter e ele tem som de confiança quebrada. Porque no desespero se quer ter? Falta de domínio de si própria, claro.
Mas eu já disse uma vez no meu outro livejournal. Não me sinto eu mesma. Me sinto uma compilação de coisas, pessoas, lugares e tudo o que eu já amei e odiei no mundo. Na verdade, não me sinto mais assim tanto... Me sinto mais eu mesma, logo não quero ter mais nada.
E agora há pouquiiinho eu entendi. Eu entendi o porquê de ficar tão perversa e somewhat desprezível quando coisas(leia-se pessoas) parecem se distanciar momentaneamente para outras coisas. Eu não quero competir. Eu prefiro perder. Eu prefiro perder.
Lalalalala. Eu tapei os ouvidos. Eu prefiro perder, eu prefiro perder, eu prefiro perder, eu prefiro. Lalalala.
Me esperem... Me esperem que estou dando o ponto que está unindo tantas coisas em minhas vidas, tantas citações de músicas com as quais me identifiquei em situações diferentes. Por exemplo uma lembrança. Tipo 2002, degrau escuro e sujo de concreto, grade amarelada, paredes amareladas imundas, duas meninas descabeladas sentadas. Uma sempre comprava chocolate branco. A outra sempre crocante ou milkbar. Sentadas ali cantando assim: "Hoje eu quis brincar de ter ciúmes de você, mas sem porque meu coração me avisou que não fingi na hora rir, talvez por aqui estar tão longe de você pra te dizer... Aquilo que eu temia aconteceu ou foi só ilusão, você manchou nós dois e desbotou a cor de um só coração ou anda sozinha esperando pra me dizer coisas de amor. Pois eeeeeu, eu só penso em você! Já não sei mais porque em ti eu consigo encontrar um caminho, um motivo, um lugar pra'eu poder repousar meu amor... ôôÔôÔ" E errando e esquecendo muito a letra, pois mal conheciam a música.
Aí... aí...
(Que vergonha)
Aí eu fico perversa e demonstro meus piores lados todinha Fiona Apple com aquele negócio de i'll fight again, again, again, again, again só porque na verdade i'm lying my way from you. E i wanna be pushed aside, so let me go. let me take back my life, i'd rather be all alone. E os lados Fiona Apple e Linkin Park se encontram admitindo como sou criminosa, uma vergonha. A criminal I am, stealing second after second just cause I know I can. Só que dessa vergonha eu não tenho como pedir perdão às coisas delicadas que eu deturpo... I've been a bad bad girl. I've careless with a delicate man.
U A U A I LUV DRAMA ,<3
Então, como eu ia dizendo, as lagrimas caíram porque eu senti genuinamente que as borboletas eram parte da compilação do mundo e eu preciso me ver nua até do que é mais carne da minha carne. Mentira!
Mentira! Eu quero inventar um motivo egoísta para proteger meu orgulho, mas não é isso principalmente. É que as borboletas não sabem. Elas não sabem de nada porque são puras e delicadas e perfeitas. Elas precisam ser borboletas e não nojentamente humanas como eu. Estou cansada de machuca-las (mesmo que elas não percebam). São tantas coisas e detalhes pequenos que não pegamos, tantas coisas essenciais. Pequenas falhas de comunicação parecem banais, mas são o fim do mundo e os vidros das borboletas são os mais frágeis pois sou muito paranóica.
Mas se eu não fingir que quero matar as borboletas elas não vão querer ir embora... Hum. Aí que entra a criminal: um misto de desespero e racionalidade brigando para alcançar profundidades negativas maiores para chegar em algum lugar que sei lá onde, mas é muito bom porque não é estar parada aqui. Elas são que nem a pessoa da música do Gram pra quem se dá toda a luz: alguém que não queria ficar, mas nem saiu. No fundo, no fundo são. Elas não sabem que não queriam estar aqui.
Hoje eu abri uma revista que dedicava duas páginas a citações sobre otimismo. NOJENTAS. Odeio o otimismo das pessoas, ninguém sabe ser otimista com a excessão de uma única brilhante pessoa QUE THANK YOU LORD devem ser uma das poucas iluminadas que entendem que only happy when it rains não é ruim, que no fundo pode ser uma canção "OTIMISTA", de auto piedade. Sim. Ele disse que despreza o otimismo dos tolos, o otimismo imediatista, daqueles que só pensam em ser felizes hoje e agora. Que o verdadeiro otimista é aquele que mesmo não aguentando mais chorar e cansado de sofrer diz para si mesmo "isto vai passar." e TAMBÉM quando canta, sorri e dança em festa e alegria repete CONSCIENTE: "isto vai passar". (Hermógenes, o nome do homem) Sim! Ou seja, otimista bom pra ele só sendo o realista e o mesmo pra mim. Quanto aos pessimistas, a mesma regra é aplicável, não? Que nervoso dessa gente que tem medo de conhecer outros lados, estagnadas no mesmo ponto de vista cegamente só porque ele é bonito.
(Eu estava ouvindo Hall Of Mirrors do Distillers quando as lagrimas caíram (eu não chorei, as lagrimas caíram sozinhas) e estou ouvindo agora de novo. É uma música forte, pesada, mas sinto que preciso desesperadamente dela, como se quisesse levar um tapa.)
THAT DAAAAAAAAAAAAAY THAT DAY I LAID DOWN BESIDE MYSELF IN THIS FEELING OF PAIN INSIDE AND SCARED AND SMALL AND CRAWLING AND I'M TIRED AND I'M RIGHT AND I'M WRONG AND IT'S B E A U T I F U L ! (Natalie Imbruglia - That Day)
Ah. Para entender melhor este post, leia a poesia no anterior.