Regressámos de Barcelona. Os cinco dias souberam a mais tal foi a forma como foram aproveitados. Andámos muito, muito mesmo. Tanto, que pensei que as minhas pernas iam rebentar de tão cansadas que estavam. Achei Barcelona grandiosa, mas acho que prefiro Madrid. Talvez seja o sentimentalismo a falar mais alto, ou a afectividade que me liga aos sítios por onde passo. Espanha exerce em mim aquele fascínio das coisas belas e que me leva a identificar com ela. Adorava ter nascido espanhola (e nem pensem que estou a ser anti-patriota ou nacionalista, porque também amo demais a minha terra), mas ter cidades com tamanha oferta cultural, com tamanha beleza, com tamanha vida, com tamanha diversidade de pessoas, de estilos, de sítios, de ofertas, de riqueza, é algo que acho que nunca teremos por terras lusas. Chegar a Barcelona e ver aquela cidade fervilhar de dia e de noite, com milhares de pessoas na rua é uma visão que nunca teremos em Lisboa (ou com sorte, só em vésperas de Santo António) e depois há todas as obras de arte, a cultura a espreitar em cada canto, os museus, as esculturas, as pinturas... e o que eu gosto de pintura! Para mim Espanha é sinónimo de Miró (simplesmente o meu pintor preferido), de Picasso, de Gaudí, de Salvador Dali..., é sinónimo de vanguarda, de visão, de ousadia, de cores quentes e corações arrebatados, de paixão e sede pela vida, de emoção e cañas em fim de tarde. Talvez por tudo isso, eu e Espanha tenhamos um passado partilhado e quem sabe, um futuro em comum.