Lights off

Apr 20, 2005 16:41

É altura de desligar. Recuar a um espaço só nosso.

Gosto de passear pelas ruas de uma cidade. Lisboa é um bom local para nos perdermos. Cada rua na baixa tem o seu encanto, a diversidade de rostos faz-me imaginar o que está por detrás. Por vezes, é engraçado fantasiar sobre o significado de cada traço do rosto, de cada comportamento, das características visíveis, brincando um pouco com os estereótipos.

As ruas de uma cidade emanam o seu próprio conteúdo, pela sua estrutura, pelas pessoas que nela passam a maior parte do seu tempo, as habitações existentes, o odor, os carros que a povoam, a luz que recebe.

Seria enriquecedor correr boa parte do mundo a pé, poder dialogar pelo caminho, conhecer povoados, monumentos, arte, culturas diferentes tudo ao alcance dos nosso pés, sem o fastio de percorrer auto-estradas descaracterizantes ou caminhos pré-concebidos, partir à descoberta. Arrancar mais leve, regressar mais completo.

Qualquer local ou espaço tem a sua própria história. Nós como indivíduos trazemos connosco a experiência de uma vida, marcada por acontecimentos que nos atingem de formas pessoais.Assim como é óptimo partilhar a intimidade com outros seres, entrar em comunhão com um espaço pode ser reconfortante, estabelecer uma harmonia entre o antes e o agora.

As luzes da cidade apagam-se, os homens que limpam as ruas recolhem a casa, os autocarros da noite retornam à rotina do dia, os carros agitam-se para fora dos seu espaços desligados, acordamos e o mundo não pára.
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