Dirty hole ~ Prólogo

Jul 27, 2006 01:03

Título: Dirty hole
Banda: Dir en grey
Autora: Bel
Gênero: Angst/Dark
Pares: DiexKaoru+Yoshiki
Classificação: NC-17
Sinopse: Envolvido obrigatoriamente no mundo ilícito da prostituição, Niikura Kaoru se vê em uma perigosa intriga de amor e ódio, desvendando todo o desconhecido de um buraco sujo.
Nota: Esta é a primeira fic em capítulos que eu escrevo entre mínimas. Então se não estiver agradando será compreensível. :x~ Idéia viajada e talz, mas algumas pessoas conhecidas gostaram e incentivaram a escrever. Vamos ver no que dá então. Espero conseguir continuá-la/terminá-la. @@"


Era uma sala escura, e mesmo com a ausência de luz não era difícil notar o quão pequena a mesma era. A sensação incômoda e chata de se estar num lugar apertado se fazia presente, mas ela não se assemelhava à que ele estava habituado a enfrentar diariamente; o ônibus cheio de pessoas das mais diversa possíveis, procurando um espaço mínimo em meio a aglomeração num espaço pequeno. Pessoas que, assim como ele, procuravam simplesmente chegar em casa depois de algum dia cansativo de trabalho ou de estudo. Vivia reclamando de tudo aquilo, de sua repetitiva rotina, e agora jamais teria nada de volta - era como pensava.

Diferente daquilo, a sala devia ser pouco maior que um elevador de serviço, como aqueles que raras vezes vira aberto em sua faculdade. Não possuía janelas. A iluminação mínima que invadia o lugar vinha apenas da fresta da imensa porta de ferro.

Aproximadamente vinte minutos desde que acordara. Vinte longos minutos, que propositalmente pareciam se passar de forma lenta, a fim de torturar quem desejava exatamente o contrário. Kaoru não sabia o que mais faltava para começar a se desesperar, realmente. Não bastasse a falta de luz, tinha as duas mãos atadas. Sentia o corpo suar refletindo o calor insuportável que fazia naquela época do ano. Os cabelos lhe caiam sobre o rosto, testando incansavelmente sua paciência, enquanto os fios mais compridos - da parte de trás - caíam sobre suas costas, mantendo-se completamente embaraçados.

Além de tudo tinha o mau cheiro. Nem era ele mesmo que cheirava mal, mas sim o ambiente em que se encontrava.

Ainda por cima, havia uma torneira no canto esquerdo da sala: Vivia pingando inúmeras gotas d'água de forma irritante e inconveniente. A cada minuto, segundo por segundo.

Era uma sucessão de contras que encobriam facilmente os pros.

Não podia fazer nada exceto encarar a si mesmo, inutilmente, em meio àquela escuridão, até finalmente escutar o som de passos vindo da direção da porta, à sua direita.

Kaoru prendeu a respiração. Travou seus mais sutis movimentos, e concentrou-se simplesmente em identificar quem estava do outro lado. Mas, apesar disso, mantinha as íris dos olhos fixas nos próprios braços, que encontravam-se apoiados sobre ambas as coxas.

Já havia desistido de se soltar das algemas há muito tempo. E por mais que tentasse, tinha consciência de que era inútil fazer aquilo. Sempre.

Alguém desconhecido era anunciado pelo ruído da porta de ferro sendo aberta. O chiado que a mesma produzia o fez fechar os olhos e abri-los somente quando este cessou. Já sabia quem era. E o mínimo de ânimo que precisava para erguer o próprio rosto foi deixado de lado; olhar para os próprios braços tornava-se a tarefa mais interessante do mundo.

- Kaoru...

- Sai, Daisuke.

Avisou de imediato, as palavras saindo como uma bala disparada de um revólver. Ele sabia que se assemelhava...

Aos poucos foi se acostumando com a luz que invadira repentinamente o cômodo, e que serviu para que constatasse a origem da dor que sentia em algumas partes do corpo. Não eram apenas pelo mau jeito, mas sim por uma série de hematomas que apresentavam tons variados; manchas roxas e outras que chegavam a ser quase negras.

O rapaz citado era Andou Daisuke, que aparentemente não havia se intimidado nem um pouco com o aviso feito mecanicamente. Voltava a fazer os passos ecoarem, desta vez entrando pela minúscula sala, enquanto tirava do bolso um objeto da forma mais simples e inocente do mundo.

Kaoru se atentou em erguer o rosto pacientemente, até parar nas mãos que abriam calmamente um doce, uma bolinha enrolada em papel vermelho e branco, escondendo o pirulito de morango que vivia com o outro. Se não fosse na própria boca, era no bolso da calça jeans ou de moletom.

Vendo aquilo, Kaoru suspirou inconformado, balançando a cabeça negativamente para um lado e para o outro, voltando a dedicar sua atenção aos próprios braços.

E foi aquilo.

Num piscar de olhos momentâneo, percebia que na verdade quem se aproximava cada vez mais era uma pessoa completamente diferente. Os mesmos passos não ecoavam. Eram sapatos agora. Sapatos caríssimos que percorriam aquele lugar denunciando a maior má vontade do mundo.

Era outro homem.

- Niikura Kaoru.

Não precisava de mais nada. Seu nome e seu sobrenome pronunciados de forma melodiosa eram suficientes para denunciar a conhecida... Impaciência?

Ficou quieto. Não se atreveu a mover um músculo sequer. Não até o momento em que a presença dele se tornava cada vez mais incômoda; a distância entre os dois ia diminuindo até os passos finalmente cessarem e ambos se encontraram frente a frente.

Ele tinha ódio.

Durante aquele tempo todo somente conseguia estar com Hayashi Yoshiki.

E ele simplesmente o odiava.

***

Quando Kaoru abriu os olhos, não se recordava do que havia sonhado.
Talvez fosse porque a presença de luz anulava qualquer lembrança a respeito de tudo aquilo. Ou porque enxergava uma janela, com enormes grades de ferro, e à frente dela cortinas em tom pastel. Enxergava o criado mudo, ao lado da cama, suportando um pequeno abajur, um único livro e uma bandeja. Sobre a mesma, enxergava um copo de suco, três torradas cobertas com geléia e uma quantidade um pouquinho exagerada de doces e besteirinhas, das mais variadas possíveis.

Niikura Kaoru poderia bestamente ignorar a lembrança daquele sonho, não fosse a dor que sentia por praticamente todo o corpo - a dor que lhe servia de confirmação sobre a existência de inúmeros hematomas de algo que sabia muito bem que era a mais pura realidade.

[Continua...]

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