Título: Merry Christmas
Capítulos: oneshot/shortfic
Autora:
lahyBeta:
thefrustradedGênero: angst
Bandas: Aikaryu
Pares: Daiki x Shagrath
Classificação: PG
Disclaimer: eu possuía os direitos autorais da banda, mas o Shagrath os trocou por ramen, por isso, eles não me pertencem mais i.i
Sumário: "Mas ele sabia que Papai Noel não existia e que contos natalinos eram apenas histórias bonitas que não passavam de uma ilusão."
Para Nima, que me pediu uma fic deste casal
Merry Christmas
A neve branca caia do lado de fora. Gélida e pálida, congelava lentamente cada pedaço de vida que se dispunha a enfrentá-la.
O jovem colocou uma das mãos no vidro, os olhos castanhos atentos a cada floco que se somava a paisagem. Lentamente, ele voltou ao que tinha se disposto para fazer.
Colocou mais um enfeite na árvore verde. Uma pequena bola vermelha, daquelas mais antigas e que era feita de vidro.
Uma a uma, ele enfeitava o pinheiro cuidadosamente. Bolas, corações, pássaros, pinhas, até que os doze enfeites que deveriam estar na árvore ficassem cuidadosamente dispostos. Por fim, colocou uma estrela na ponta do pinheiro, dando o toque final a sua pequena decoração.
Ele juntou as mãos em um gesto antigo e universal, fazendo silenciosamente um pedido.
Mas ele sabia que Papai Noel não existia e que contos natalinos eram apenas histórias bonitas que não passavam de uma ilusão.
Mesmo assim, todos os anos ele fazia um pedido. Não importava se seria atendido ou não, o importante era acreditar que, quem sabe, realmente existisse um Papai Noel que lhe daria um presente naquele ano.
Riu fracamente por ainda ter esperanças, porque ele, como qualquer adulto, sabia muito bem que Papai Noel não existia. Tinha descoberto há muitos anos atrás, em uma noite de natal fria e gelada, como a daquele dia certamente seria.
Era uma criança como outra qualquer, completando seus oito anos de idade. Sua mãe tinha levado-o para conversar com o Papai Noel e pedir seu presente de Natal. Ele havia sentado no colo do velhinho barbudo e de roupa vermelha. O Papai Noel tinha sorrido e perguntado seu nome. Ele havia respondido e dito que tinha sido um menino bonzinho e obediente. Não era mentira. Então o velhinho lhe perguntou o que ele queria de Natal.
"Eu quero um trenzinho."
Naquele ano ele acordou no meio da noite, vendo sua mãe colocar os presentes embaixo da árvore, e quando ele abriu o embrulho que pertencia a si, encontrou outro brinquedo. Durante dias ele esperou que o Papai Noel viesse lhe trazer o pequeno trenzinho.
Ironicamente, em toda a sua vida, ele nunca havia ganhado um.
Sorrindo tristemente diante da lembrança, ele sentou no chão, abrindo o plástico que protegia o papel de presente, desenrolando. Cortou do tamanho que precisava, embrulhando o primeiro presente da enorme sacola. Fez as dobras, colou cuidadosamente com um pedaço de durex e enfeitou com uma bonita fita colorida. Terminou escrevendo o primeiro nome em um cartão, prendendo-o embaixo da fita do presente. Ainda tinham muitos, mas não se importava. Era um trabalho agradável embalar os presentes que tinha comprado para cada um de seus amigos.
Quando todos estavam embrulhados e com um cartãozinho, ele os colocou em sacolas para que pudesse carregá-los mais facilmente.
Olhou novamente para a janela, vendo a neve que continuava caindo: Fria e gelada.
Vestiu um casaco grande e pesado, que batia em seus joelhos. Colocou a touca sobre os cabelos negros e as luvas nas mãos geladas. O instrumento musical que deveria levar estava no case, que podia ser pendurado nas costas. Enrolou o cachecol envolta do pescoço, segurando as duas sacolas de presente e deixando o calor aconchegante de sua casa, assim como o pinheiro enfeitado sem nenhum presente embaixo.
Ele pegou o metrô lotado, descendo na estação mais próxima do Kyoto Muse.
Em nenhum momento a neve deixou de cair, mas ele não parecia se incomodar com o frio, caminhando lentamente pela paisagem branca, com seu case nas costas e as duas sacolas nas mãos.
Quando chegou no Kyoto Muse, muitos dos outros músicos já estavam lá. Todos vieram lhe abraçar, não apenas para desejar-lhe feliz Natal, mas também um feliz aniversário. Ele sorriu, agradecendo a todos e entregando o presente de cada um. Ninguém da Crow deixou de ser lembrado, desde o WHITEBLACK, a banda mais antiga da gravadora, até os jovens garotos do Licker.
Ele também ganhou presentes, que foram colocados carinhosamente em uma das sacolas, afinal, era falta de educação abri-los na frente de quem os deu.
Cuidadosamente, foi se arrumar para a noite repleta de shows. Já era uma tradição. Todos os dias 24 de dezembro, a Crow monopolizava o palco do Kyoto Muse até o Natal, comemorando também seu aniversário.
E aqueles eram os aniversários e Natais mais divertidos que ele poderia ter.
Mas aquela noite era diferente.
Porque era a primeira vez desde seus oito anos, que realmente queria que seu pedido de Natal fosse atendido.
Foi por isso que quando subiu no palco com sua guitarra em mãos, seus olhos vagaram por todo o lugar, procurando algum traço, alguma remota possibilidade de ter conseguido que seu pedido fosse atendido.
E todas as vezes que subiu no palco aquela noite, ele procurou silenciosamente, não querendo perder as esperanças.
Mas Daiki não esteve lá.
Ao fim das comemorações, ele guardou a guitarra novamente no case, despedindo-se de todos e levando consigo os presentes que tinha ganhado.
A neve continuava a cair. Fria e gelada, pintava a paisagem de branco. Mesmo assim, ele caminhava solitariamente pela rua na madrugada fria de Natal.
Chegou em casa, deixando os presentes cuidadosamente em seu quarto e então indo para a sala.
Seus olhos se arregalaram ao ver que embaixo do pinheiro tudo que havia era os cacos de uma das bolas de vidro.
Ele se ajoelhou no chão, olhando tristemente os cacos de vidro vermelho. As lágrimas deixando seus olhos enquanto ele observava o único símbolo de seu desejo não realizado. E se perguntou por que ainda era tão estúpido, tão estúpido por acreditar que um pedido daqueles seria atendido.
Porque tudo que ele queria naquele Natal, naquele aniversário, era que Daiki tivesse ido lá. Tudo que ele queria era poder tê-lo visto de novo e dito as palavras que estavam sufocadas em seu peito.
Mas Papai Noel não existia, era apenas um belo conto infantil.
E assim, com o coração desiludido, ele foi deitar na tentativa de fazer mais um aniversário, mais um Natal, passar o mais rapidamente possível.
Talvez por estar cansado, talvez por estar decepcionado, ou talvez apenas por não acreditar, ele não viu o pequeno embrulho em cima da lareira. E quando ele o encontrasse, poderia ler o cartão com a familiar letra de Daiki, dizendo que o Papai Noel havia lhe dito que nunca pode entregar um presente especial, e que caberia ao baixista entregar o pequeno trenzinho de brinquedo. E ao fim do cartão, ele leria as três palavras que Daiki gostaria de dizer.
Fim
2007.2312
Notas: Os doze enfeites ao qual a fic se refere fazem parte da tradição alemã, que diz que uma árvore de Natal deve ter 12 elementos para garantir a felicidade de um lar, são eles: casa(proteção), coelho (esperança), xícara (hospitalidade), pássaro (alegria), rosa (afeição), cesta de frutas (generosidade), peixe (benção de Cristo), pinha (fartura), Papai Noel (bondade), cesta de flores (bons desejos), coração (amor verdadeiro).
Para os que não sabem, o aniversário do Shagrath é no dia 25/12, por isso eu menciono na fic que é Natal e aniversário. ^^
E x_x eu juro que queria fazer disso um fluffy açucarada, mas não rolou... Quem sabe no próximo Natal x_x'
Enfim,
Feliz Natal para todos ^^ e que Papai Noel traga tudo que vocês realmente desejam para 2008.