Blackout

Mar 05, 2012 04:12


Título: Blackout
Autora: nyx_gates
Ship: Nick/Jhonny
Fandom: Get Scared
Gênero: Slash, One-shot, Drama
Censura: NC-17
Terminada: Sim
Capítulos: Único
Beta-reader: Ana Carolina M.
Teaser: “Nicholas franziu a testa levemente, crispando os lábios no canto da boca. Do que ele estava falando? Eles estavam rindo e se fazendo cócegas, não tinha nenhuma música nisso."


Blackout

Abrir os olhos nunca lhe pareceu tão difícil. Seu corpo inteiro doía e ele não sabia nem o porquê disso. Depois de muito girar na cama, Nicholas finalmente conseguiu desenrolar as pernas dos lençóis e levantar-se cambaleante; ele não sabia o que girava mais, se era o quarto, sua cabeça ou seu estômago.

Com os dedos tremendo, pegou a calça jeans surrada, justa e de lavagem escura que estava jogada em um dos cantos do quarto, ela era a única coisa naquele lugar que seria capaz de cobrir sua nudez naquele momento. Apesar da movimentação do ambiente conspirar contra, ele foi vagarosamente até o banheiro, onde escovou os dentes enquanto procurava por uma escova de cabelos ou pente para desembaraçar os seus fios negros e lisos, que ficavam cada vez mais compridos e que no momento deveriam estar parecidos com a juba de um leão ou algo do gênero.

Porém, antes de encontrar o tão desejado objeto, ele teve que parar e agradecer a Deus por ter uma cartela cheia de aspirinas sobre o balcão da pia, ao lado de onde a escova de dente ficava. Aproveitando a água corrente da torneira ele enxaguou a boca para tirar os restos da pasta que ficara nela, logo em seguida usando-a para engolir dois comprimidos de remédio e lavar-se, sentindo a água gelada fazer o seu rosto pinicar.

Puxando uma toalha felpuda de dentro de uma das gavetas da pia, ele levantou o rosto, apenas para deixar que a toalha se esparramasse no chão frio e que o seu cabelo e a dor de cabeça fossem esquecidos.

Seu supercílio estava cortado, seus lábios finos e rosados estavam inchados, com um pouco de sangue escorrendo deles, provavelmente por ter arranhado algum machucado enquanto secava o rosto. Pior que isso, em seu tórax magro, branco e macio como o leite havia vários cortes pequenos e marcas esverdeadas, porém o mais preocupante de tudo era um grande hematoma roxo na altura de suas costelas esquerdas. Enquanto encarava seu reflexo no espelho, totalmente sem reação, a única coisa que se passava em sua cabeça era: Como, diabos, aquilo tudo fora parar ali?

Entrou no quarto de hotel, sentindo que este estava bagunçado e com um cheiro estranho, algo como comida podre e bebida barata. Estranhou, pois sabia que o outro não costumava beber, não tanto quanto mostravam as latinhas e garrafas jogadas pelo ambiente, e acima de tudo, não quando estava sozinho. Andando por entre as peças de roupas e objetos jogados no chão, chegou até a cama, encontrando quem procurava lá, sentado com as pernas iguais as de um índio, com travesseiro apoiado no colo e um caderno sobre ele, onde por vezes escrevia uma palavra ou outra, revezando tal ato com o de levar uma lata de cerveja aos lábios rosados.

- Hey, Johnny. - Ele disse, sem tirar os olhos do papel à sua frente, mas se movendo sobre o colchão de um jeito que convidava o outro a se sentar atrás dele.

Assim que isso foi feito, Nick se deixou encostar-se ao corpo do loiro, que depositou um beijo em seu pescoço e moveu o olhar para o papel, vendo frases desconexas e rabiscos o preenchendo quase que completamente.

- Hey, porque você está sozinho aqui, hoje? - Johnny perguntou, deslizando seus dedos de pele amorenada por sobre a blusa do mais novo, enquanto esse apoiava a cabeça no ombro do que estava atrás de si, se deixando suspirar e fazendo o amigo sentir o cheiro de bebida que emanava dele.

- A minha namorada. - Ele respondeu com a voz suave e baixa, sem ver a careta do outro quando mencionou a garota. - Ela veio aqui hoje e... Ela terminou comigo.

Johnny prendeu a respiração, inconformado pelo fato da garota ter deixado Nicholas a ver navios. Ele sempre achou que o garoto era areia demais para o caminhãozinho dela, mas ela não tinha o direito de simplesmente se desfazer dele assim, de uma hora para a outra.

- E porque você não foi logo falar comigo? Eu poderia passar horas dizendo umas poucas e boas sobre ela, até que você começasse a rir e esquecesse o que estava acontecendo de tão bêbado que estaria. - Johnny disse; tentando controlar a raiva, pois ficar nervoso não ajudaria em nada nessa situação, ele precisava estar bem para deixar aquele que estava em seus braços bem.

- Eu preferi ficar aqui e extravasar escrevendo uma musica, sabe? Muito mais útil e eu não te deixaria preocupado e tentando esconder como está nervoso, igual agora. - Nick disse virando um pouco o rosto e dando um selinho no amigo, para logo depois sorrir envergonhado e escrever mais alguma coisa no papel.

- E o que você conseguiu escrever? - O loiro perguntou, ignorando o fato de que seus dedos criaram vida e já estavam por sob a blusa do menor e que este não pareceu se importar com isso.

- My heart is breaking but there's no use crying... If I had common sense I'd cut myself or curl up and die! - Nicholas cantarolou baixinho, fazendo o som de sua voz ecoar na cabeça do outro. Ao cantar ele era tão confiante, a voz tão límpida que nem parecia que ele já havia ingerido tamanha quantidade de álcool.

- E aí, o que achou? - Ele perguntou depois, a voz de volta ao baixo e suave de antes, mas com um toque de empolgação capaz de aquecer o coração de Johnny e fazê-lo sorrir abestalhado.

- Ótima, como tudo que você escreve, mas está um pouco... Fora do que a gente costuma tocar, não? - Ele perguntou, escolhendo as palavras, fazendo Nick rir um pouco e concordar com a cabeça.

- É por isso que eu escrevi mais uma frase, mas eu acho que vou precisar da tua ajuda pra completar. - Ele disse; virando uma folha do caderninho, mostrando uma única frase escrita nela.

You'd be the corpse and I would be the killer.

Já era a quarta vez que ele ligava e depois de muitos toques a ligação caia na secretária eletrônica. Desistindo do telefonema, Nicholas foi até a sua cozinha tentar encontrar alguma coisa para comer, encontrando um pacote de bolacha aberto em um dos armários, praticamente vazio. Sentou-se sobre a mesa e começou a comer, olhando vagamente para a geladeira velha e cheia de papéis coloridos grudados, para lembrá-lo das coisas que ele tinha que fazer e que geralmente se esqueceria se eles não estivessem lá.

Seus olhos verdes encaravam um papel em especial, azul néon com uma letra rabiscada que ele não reconhecia. Fez um bico em seus lábios e entrecerrou os olhos, fazendo força para enxergar o que estava escrito, apenas para quase cair da mesa e rir de sua situação. Deixando o pacote quase vazio sobre a mesa, levantou-se e foi até perto do bilhete para lê-lo, sorrindo ao reconhecer a letra, e não deixando de ficar vermelho, mesmo estando sozinho, após descobrir seu conteúdo.

"Hey, boneca, fiquei com preguiça de te acordar. Tenho que ir fazer uma tatuagem em uma cliente e acho que só volto no final da tarde. Se quiser pode sair desse chiqueiro e me esperar na minha casa. 
xx
Johnny''

Olhando para o relógio, ele viu que já eram quase três da tarde, e decidiu que o melhor a se fazer era sair daquela casa por um tempo e pensar em qualquer coisa, como por exemplo, nos machucados que estavam em seu corpo. Não fazia sentido, na noite anterior ele estava em casa, junto com Johnny e Llyod e os três bebiam limonada e assistiam televisão, comendo o que sobrara de uma pizza.

Começar a pensar fez com que sentisse dor de cabeça, fazendo uma careta por lembrar de que não tinha aspirinas em casa. Voltou para o quarto e remexeu no fundo do guarda-roupa, encontrando uma camiseta cinza e um blusão limpo. Vestiu as peças e foi saltando por entre os objetos jogados no chão, enquanto colocava meias e procurava algo para pôr nos pés. Quando finalmente conseguiu terminar de se arrumar, pegou a chave de casa, o celular e saiu, recebendo uma rajada de vento no rosto, o que jogou seus cabelos para frente. Caminhou distraído por algum tempo, até que decidiu ir até a casa de Johnny.

Quando não havia mais nenhum vento lhe perturbando, colocou as mãos nos bolsos do casaco, cantarolando uma melodia qualquer que lhe rodava pela cabeça, até que se lembrou de uma frase que havia escrito e que vira em seu caderno mais cedo naquele dia. Tentou encontrar algo em sua cabeça que rimasse com ela, mas tudo o que conseguia eram jingles baratos - típicos de refrigerantes desconhecidos - sem saber muito bem o porquê de estar pensando neles.

- Hum, isso é mais a sua cara. - Johnny disse esfregando o seu nariz no pescoço do outro, apenas para ter o prazer de vê-lo se encolhendo em seus braços.

- Pára, você sabe que eu tenho cócegas. - Disse Nicholas, fechando um de seus olhos e pondo a língua para fora, tentando mirar o cesto de lixo abarrotado no canto do quarto e acabando por acertar a cômoda que ficava ao lado.

- E daí? - Perguntou Johnny, mordendo o local onde antes esfregara o nariz, vendo através do espelho sobre a cômoda a falsa cara de choque de Nick, que abriu a boca e arregalou os olhos claros, antes de se virar e dar um forte tapa em seu braço tatuado.

Em poucos segundos ambos rolavam pela pequena cama, as mãos tentando encontrar meios de causar cócegas um no outro; o travesseiro, assim como o caderno de músicas e as latas de cerveja já estavam esquecidos e espalhados, enquanto os dois corpos se ocupavam em se revirar pela cama.

- Ok, eu me rendo! Pára! - Disse Nicholas, com rosto vermelho de tanto rir e os cabelos bagunçados. Sua respiração estava rápida e suas mãos seguravam os pulsos do outro, que se jogou ao seu lado na cama, respirando fundo.

- Eu não consigo pensar em nada para te ajudar. - Ele disse, enquanto se apoiava em um dos cotovelos e olhava para o rosto agora rosado de Nicholas, que o olhou sem entender.

- Do que você está falando? _ Ele perguntou enquanto ficava na mesma posição do loiro, o rosto perigosamente perto do dele, fazendo com que ele ignorasse as batidas de seu coração, que voltava a se acelerar.

- A música, você tinha pedido para eu te ajudar, eu não consigo pensar em nada agora. _ Nicholas franziu a testa levemente, crispando os lábios no canto da boca. Do que ele estava falando? Eles estavam rindo e se fazendo cócegas, não tinha nenhuma música nisso.

- Você realmente quer pensar em música agora? _ Ele perguntou, olhando nos olhos verdes claros a sua frente e deslizando seus dedos suavemente pelas tatuagens que cobriam o seu braço.

Johnny sentiu seu coração entalar na garganta, para logo depois parar de bater. Seus olhos não conseguiam se desviar do contato com os olhos que estavam tão claros e próximos aos seus, tão perto que ele podia contar quantos raios negros atravessavam a íris verde, dando um tom completamente diferente à cor que ele via em si próprio desde que se conhecia por gente. Em nenhum momento as caricias em seu braço pararam, mesmo quando ele levou a mão à cintura do outro e o puxou para mais perto, mudando finalmente o foco de seu olhar para os lábios que agora estavam terrivelmente perto dos seus. Tentadoramente perto dos seus.

O momento em que os lábios se tocaram não foi planejado. Os olhos se fechando juntos não foram combinados. As respirações quentes e falhas se chocando não foram ensaiadas. Apesar disso, tudo aconteceu em sincronia, como se ambos tivessem decidido naquele momento que aquilo era inevitável, que aquilo iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Eles eram próximos demais, ligados demais, corporais demais, para que aquilo não acontecesse.

As línguas se tocavam calmamente, quentes e macias, dividindo um gosto vago de cerveja que se perdia em meio ao gosto natural de cada um. As mãos de Nick subiram para os fios loiros do cabelo de Johnny, que o puxou para mais perto pela cintura, até que seus corpos estivessem realmente colados pela cintura, fazendo com que inconscientemente eles aumentassem a intensidade das caricias. As mãos deslizavam mais euforicamente, os dedos formigando nas pontas e odiando o contato com tanto pano entre eles, as respirações se tornando pesadas e abafadas entre seus rostos.

Com uma coragem que ele geralmente não teria nessas condições, Nicholas empurrou Johnny pelo ombro, fazendo com que ele se deitasse com as costas no colchão sem desfazer a proximidade entre seus lábios e seus corpos, ficando assim sentado sobre seu quadril, o corpo totalmente sensibilizado pela adrenalina que o percorria, o cérebro paralisado pela euforia e os olhos focados somente naquele que se encontrava sob si, a respiração ofegante e os lábios inchados e vermelhos, totalmente tentadores - principalmente depois do sorriso que lhe foi oferecido - fazendo com que ele se sentasse reto sobre o outro e retirasse a blusa de manga comprida que usava, logo em seguida puxando a do outro de seu corpo e liberando espaço para que seus tórax nus se tocassem.

No momento em que as peles quentes se tocaram, todos os resquícios de delicadeza se desfizeram, dando lugar a mais forte e pura onda de desejo e luxúria que poderia ocorrer entre aqueles dois homens, acabando com todo o oxigênio do local, fazendo com que a única mensagem que seus corpos podiam transmitir para seus cérebros fosse a necessidade de mais. Mais calor, mais mãos esfregando os corpos, mais ofegos liberados para dentro das bocas insaciáveis, mais gemidos contidos nos pescoços, apenas mais.

O mais velho os virou na cama, ficando por cima como o outro estava alguns minutos antes, e não perdeu seu tempo observando o corpo sob o seu, pois teria muito tempo para fazer isso quando tivessem finalmente terminado. Ele não podia controlar o seu corpo agora, e ele não queria. Sorriu para o outro, vendo que ele mordia o lábio e sorria, fazendo com que Johnny sentisse que a sua calça estava ficando mais apertada que o comum. Abaixou sua cabeça, juntando seus corpos novamente, enquanto suas mãos deslizavam pelos braços brancos do outro os levando para cima e os prendendo em cima de sua cabeça. Sua boca deslizou por toda a extensão do peito dele, sentindo em seus lábios a pele arrepiar e ouvindo que ao chegar ao pescoço do menor, este prendeu a respiração, contorcendo-se sob seu corpo enquanto sua língua deslizava pela pele exposta e sua boca soltava leves gemidos.

No momento em que chegou a seu ouvido, Johnny depositou um leve beijo no lóbulo, respirando contra a pele do pescoço do outro por um segundo antes de retomar a ação. Tempo suficiente para que uma frase ecoasse por sua cabeça o fazendo sorrir, imaginando o quão difícil seria lembrar-se dela depois para escrever no caderninho, mas ele definitivamente não ia parar aquilo apenas para marcá-la no papel. Ela seria a trilha sonora do que aconteceria, ela seria a personificação se seus sentimentos, a prova - um dia cantada - de que aquilo realmente acontecera.

I'd be the devil and you would be the sinner.

Nicholas finalmente chegou à casa que queria, estranhando o fato da luz no interior estar acesa, pois geralmente nesse horário não tinha ninguém em casa. Deu de ombros e foi até a varanda, levantando um vasinho de violetas roxas que ficava num banco na lateral da escada, onde geralmente ficava a chave reserva. Franziu o cenho por não encontrá-la lá, imaginando que alguém poderia ter roubado-a, ou ele simplesmente esquecera-se de colocá-la no lugar da ultima vez que esteve lá.

Respirou fundo e foi até a porta, batendo três vezes e esperando até que viessem abri-la. Poucos segundos depois Johnny abriu-a, com um sorriso sincero no rosto, fazendo com que Nick sorrisse e entrasse pelo espaço que lhe fora oferecido, estranhando o ambiente razoavelmente arrumado e a guitarra jogada no sofá. Alguma coisa estava diferente e ele não sabia o que era. Antes que pudesse analisar melhor o cômodo, foi tirado de seus pensamentos por um par de lábios tocando os seus, fazendo com que ele estacasse no lugar, olhos arregalados e coração disparado. O que ele pensava que estava fazendo? Johnny parou na sua frente, suspirando ao ver seu olhar confuso, uma expressão cansada nunca antes vista em seu rosto. Abriu a boca para falar alguma coisa, mesmo que não soubesse o que era, mas o outro foi mais rápido e colocou os dedos delicadamente sobre seus lábios.

Entreolharam-se por alguns minutos, até que o ambiente estranho voltasse a ficar confortável. Quando isso aconteceu, Johnny voltou a se aproximar e colou os lábios dos dois novamente, e dessa vez Nicholas fechou os olhos e passou seus braços pelo pescoço dele. Seus lábios pareciam hipersensíveis ao toque dos lábios do outro, as pernas pareciam tremer e seus dedos formigavam nas pontas, que nesse momento se empenhavam em se enroscar nos cabelos do outro, tentando demonstrar com todas as forças o quanto aquilo mexia com ele, puxando e acariciando a nuca de seu tão adorado amigo,ou seja lá o que ele fosse depois disso.

Quando ele pode perceber novamente o que acontecia ao seu redor, ele já estava deitado no chão, sobre o quadril de Johnny, ambos sem camisa e suas mãos lutando para abrir o zíper da calça do outro, mas algo fez com que parasse.

- Johnny, que porra é essa? - Ele perguntou saindo de cima do outro, vendo um corte profundo e com pontos na lateral do corpo dele. Quando se levantou ele sentiu uma fisgada na altura de suas costelas, e quando olhou sentiu o mundo girar ao ver uma grande marca roxa no lugar. Mas que porra...?

*

Johnny beijava o caminho da orelha de Nicholas até sua boca, retomando o contato que elas tinham antes. As mãos desceram pelo corpo dele, gravando com a ponta dos dedos cada relevo e cada pedacinho de pele, até que chegou ao cós da calça que ele usava, onde ficou brincando até que foi empurrado para o lado e viu o mais novo se sentando sobre si, tomando o controle da situação.

- Sem enrolação. - Ele disse, e se apoiou nos joelhos, abrindo o cinto, o botão e o zíper da calça, abaixando-a por suas pernas vagarosamente, até que foi jogado novamente sobre a cama e sentiu as peças serem retiradas rapidamente de seu corpo.

- Sem enrolação, sem provocação. - Johnny disse sorrindo malicioso, ficando em pé ao lado da cama e tirando a sua própria roupa, enquanto o outro o olhava e ficava um pouco corado, seu rosto passando uma mensagem totalmente diferente daquela que seus olhos transmitiam.

Antes de voltar à cama, Johnny fez questão de tirar a boxer do outro e subir por seu corpo, mordendo desde sua coxa até chegar a seus lábios, beijando-o do modo mais sensual e provocativo que conseguia. Levou sua mão até uma poça de cerveja que uma latinha deixou sobre a cama, usando aquilo para lubrificar os dedos e os levou até a entrada do outro, sentindo que ele se incomodou com isso pelo modo que esse se remexeu em baixo de si. Permaneceu calmo, mesmo que sua vontade fosse de acabar logo com aquilo, tentando deixar a coisa a mais prazerosa possível para o outro. Ele queria que aquilo fosse inesquecível, mesmo para Nicholas. Aquilo tinha que ser inesquecível.

- Anda logo com isso. _ O que estava sob si disse, remexendo-se inquieto, movendo o corpo na direção de seus dedos, fazendo com que Johnny os retirasse de lá e se posicionasse em seguida, deixando com que o outro ditasse o quanto que o queria dentro de si.

Pararam por um momento, tentando se acostumar com a nova situação entre eles, mas a necessidade de movimentos logo se fez presente, e ambos gemiam com os movimentos ritmados e entorpecentes. Johnny evitava fechar os olhos, extasiado em ver as expressões que estava sendo capaz de causar ao outro, seus olhos verdes se revirando, os dedos enfiados na boca tentando abafar gemidos. Os movimentos ficavam cada vez mais rápidos e desconexos, Nicholas desistira de abafar seus gemidos e agora arranhava e os braços e costas do outro, até o momento em que uma de suas mãos escorregou por entre seus corpos e foi em direção a seu membro dolorido, implorando por contato, mas foi impedido por uma mão segurando seu pulso.

- Ainda... Não. - Johnny disse ofegante, dando início a uma onda de reclamações, que calou quando conseguiu acertar um ponto específico dentro do outro, que gemeu alto e se ondulou de tal maneira que ele não pode mais agüentar e atingiu seu orgasmo, se retirando rapidamente do corpo dele.

- Minha vez. - Nick disse virando os dois na cama, atacando o pescoço do outro depois de cuspir em sua mão e usar isso para lubrificar seu membro, enquanto a sua outra mão preparava o outro, que sorria de olhos fechados e respirando difícil. Nicholas demorou um pouco no ato de preparar e admirar, fazendo Johnny abrir os olhos e olhar para ele com uma careta, recebendo outra em resposta.

- O que foi? - Perguntou, se apoiando nos cotovelos para olhar melhor o outro.

- Você nunca fez isso, vai doer. - Nick respondeu, arrancando outra careta dele.

- Se você não for logo eu vou broxar. _ Respondeu, mostrando a língua e sorrindo de lado.

- Não precisa falar duas vezes. - Nicholas o penetrou vagarosamente, fazendo com que ele suspirasse e se jogasse na cama, uma expressão indecifrável no rosto. - Rápido demais para você? - Ele perguntou quando terminou de entrar nele.

- Só se mexe ok? - Foi a resposta que conseguiu, obedecendo o que fora dito e dando início a uma nova rodada de gemidos, que durou menos que a outra, mas que foi satisfatória o suficiente para deixar ambos vermelhos e ofegantes, enquanto ficavam lado a lado na cama olhando para o teto com sorrisos satisfeitos nos rostos.

- Jhonny? - Ele piscou e olhou para o lado ao ouvir seu nome, vendo um sorriso bonito no rosto do outro o fazendo sorrir também. - Porque a cama está molhada?

- Como assim? -Perguntou sentindo os olhos pesando um pouco, mas continuou olhando o outro tentando entender do que ele estava falando.

- A cama. Ta molhada. E o quarto ta com cheiro de bebida. Por quê? - Jhonny sentiu o peito apertar e suspirou, puxando o outro para um abraço, beijando os seus cabelos.

- Não é nada. - Respondeu, olhando novamente para o teto amarelado.

- Eu gosto do seu cheiro. - Nicholas disse entrelaçando as pernas dos dois e abraçando o peito sob o seu, adormecendo em pouco tempo. Antes de dormir, Jhonny teve a certeza de que Nick não se lembraria de nada depois.

You'd be the drugs and I would be the dealer.

*

- Qual é a última coisa que você se lembra, Nicholas? - Perguntou Johnny, enquanto sentava-se no chão e passava as mãos pelos cabelos, como se estivesse vendo a mesma coisa acontecer várias vezes do mesmo jeito.

- O que isso tem a ver? Eu to todo fodido e você ta com um rasgo do seu lado e… - Ele começou a gesticular, olhando para os lados como se um assassino fosse aparecer a qualquer momento no meio da sala.

- Você não lembra o que aconteceu ontem, lembra? Ontem a gente foi em um bar, você arrumou briga lá e eu tive que me meter no meio e... - Jhonny disse enquanto via o outro chacoalhar a cabeça de um lado para o outro.

- Pára! - Nick gritou, fazendo o outro arregalar os olhos e se calar. - Ontem a gente estava na minha casa, comendo pipoca e a minha namorada estava no andar de cima falando com a minha avó.

- Presta atenção no que você está falando! A sua avó já morreu! A tua namorada terminou contigo a mais de um ano! - Jhonny gritou de volta, e dessa vez quem ficou quieto foi Nicholas. - A gente teve que desmanchar a banda porque você escrevia músicas e não se lembrava delas depois, Nick! Você está doente e não lembra; não aceita!

O silencio pesou entre os dois, que se olhavam um em cada lado da sala. A expressão de Jhonny beirava a derrota, um brilho triste em seus olhos que não combinava de jeito nenhum com seu modo de ser, sempre alegre, sorrindo e fazendo piadas. Já Nicholas tinha um olhar confuso, tentando entender do que o outro estava falando. Ele não tinha esquecido as coisas, ele se lembrava muito bem das coisas que aconteciam com ele, ele não estava doente.

- Você está mentindo. - Ele finalmente disse, arrancando um suspiro cansado do outro.

- Como você entrou aqui?

- Com a chave em baixo do vasinho de violetas, como eu faço sempre! - Ele respondeu, sem entender onde o outro queria chegar.

- Mentira. A chave está no chaveiro da sua casa, você não se lembrava disso e eu tive que abrir a porta para você. - Jhonny disse cansado, fazendo sinal para que ele olhasse o seu chaveiro no bolso antes de falar qualquer coisa.

Assim que o fez, sentiu seus olhos marejarem. Não era possível aquela chave ter parado ali, o que o outro estava dizendo não fazia sentido. Ele ficou tanto tempo olhando para a chave, perdido nos seus pensamentos, que quando viu, Jhonny estava desligando o telefone da casa, o olhar baixo.

- O que você fez? - Perguntou; a voz fraca e baixa. Ele não estava se reconhecendo naquele momento, se sentia um estranho preso em seu corpo.

- Eu estou cansado de ter que ter essa conversa com você todos os dias. Eu estou cansado de poder te ter por um tempo para depois você não se lembrar de mais nada. O que a gente tem era para ser inesquecível e você está quebrando o meu coração a cada vez que você esquece. Se eu te beijasse agora, em alguns minutos você estaria arrancando minhas roupas de novo, como se nada tivesse acontecido.

- O que você fez Jhonny? - Ele perguntou novamente, a voz quebrando e o coração apertado, tudo o que ele queria era se curvar como uma criança e fazer com que aquele frio que ele sentia por dentro passasse.

- O seu médico está vindo aqui. Você não está tomando os seus remédios e não pode ficar sozinho. Eu não vou conseguir cuidar de você, não sem poder tê-lo como eu quero. Você vai passar uns dias na clinica dele fazendo um tratamento para amenizar a doença, você não vai mais poder beber, Nicholas.

Eles ficaram em silêncio novamente, os dois em pé, os dois sem se mexerem. Aquilo era a despedida deles, e Nick sabia que por mais que quisesse, não poderia fazer um escândalo, ele não tinha coragem de machucar mais ainda aquele que se encontrava a sua frente. Aquele que sempre fora despreocupado com tudo, brincalhão, mas que agora estava quieto e abatido. Doente, como ele.

O tempo passou e logo um carro parou na frente da casa e Jhonny foi abrir a porta, dando passagem a dois homens grandes vestidos de branco e um senhor com cara de bondoso.

- Vamos, Nicholas? - O velhinho disse, o fazendo franzir o cenho. Do que aquele velho estava falando?

- Ir aonde? - Ele perguntou enquanto andava para trás conforme os dois caras de branco se aproximavam.

- Você precisa ir com a gente. Eu prometo que eles não vão fazer nada. - O velhinho continuou, enquanto um homem o puxava pelo braço e o outro tirava uma seringa do bolso, o fazendo gritar e se chacoalhar, mas sentindo tudo ficar pesado enquanto o conteúdo da seringa ia se dispersando em suas veias.

- Jhonny, não me deixa... - Ele pediu com a voz mole, sendo carregado para a porta por um dos homens, mas sendo tirado dos braços dele por Jhonny, que o carregou até o carro e entrou lá com ele.

- Não vou te deixar, eu estou aqui com você, Nick. - Nicholas sorriu e se deixou cair na inconsciência, embalado pelos braços que conhecia tão bem.

Ele não viu que o outro chorava, ele não sentiu o tranco de seus soluços enquanto levavam seu corpo até a clínica. Ele não viu a história cheia de altos e baixos que tiveram e nem iria se lembrar dela. Johnny rezava para que as coisas melhorassem.

Que um dia ele acordasse com Nicholas ao seu lado e sorrindo para ele, mesmo que esquecido de algumas coisas, mas lembrando o suficiente para selar seus lábios aos seus e lhe arrancar da cama com cócegas, apressando-o no banho para que não perdessem um show.
Observou o sol ficar vermelho enquanto se punha, sentindo que talvez as coisas fossem um pouco mais fáceis se ele estivesse morto, mas ele não poderia fazer isso, não enquanto Nick precisasse dele.

- Eu te amo. - Foi o que ele disse baixinho no ouvido do que se encontrava desacordado, perdendo o pequeno sorriso em seus lábios, mas ainda assim sentindo quando ele lhe apertou um pouco mais a camiseta entre os dedos.

Everything you say is like music to my ears.

*

You'd be the corpse and I would be the killer
I'd be the devil and you would be the sinner
You'd be the drugs and I would be the dealer
Everything you say is like music to my ears.

Setting Yourself Up For Sarcasm - Get Scared

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