Aqui se faz, aqui se paga

Dec 08, 2010 15:37

Na época do ensino médio, eu tinha um amigo chamado Marco Léon. E não bastando esse nome ridículo, o Léon ainda fazia questão de ser a xumbregice encarnada num corpo humano. Bonitinho, bom de lábia, pegava todas as meninas do colégio, um verdadeiro latin lover, com direito a cavanhaque e camisa aberta pra mostrar o peito. E era doido. Doido de pai e mãe. Pra quem passou por aquelas bad vibes da adolescência de entrar em grupos de RPG, uma coordenada: em Vampiro, o Leon era um malkaviano. E na vida real, também. Vivia se metendo nas confusões mais inacreditáveis e ninguém ficaria espantado se o corpo dele aparecesse no IML.

Eis que Léon, para espanto geral, arrumou uma namorada séria. Eu não lembro nada da menina, a não ser que ela bem bonita e muito tímida. Meses e meses de amor eterno, amor verdadeiro depois, caiu no colo do Léon um belo dum par de chifres. Um sujeito bombadinho, daqueles que usam camisa mamãe-tô-forte e que, diga-se, era amigo do Léon, foi lá e comeu a namorada dele.

O que o Léon ia fazer? O outro cara era gigantesco, músculos certamente delineados por bomba pra cavalo, mas que poderiam partir o meu amigo franzino com duas chuletadas. Só que o Léon, como eu já disse, era doido de tacar pedra.

Ele chamou o cara pra beber. Pagou tudo, cerveja, vinho, cachaça, whisky e o escambau. Só que enquanto o cara enchia o rabo de pinga, o Léon só fingia beber. Quando o rapaz já tava no que nós chamávamos de Morrison state (ou seja, vendo índio por aí), ele deu mei que uma desmaiada em cima da mesa e o Léon me tirou, sei lá eu de onde, dois ovos e separou a gema da clara; a primeira ele jogou fora e a segunda ele derramou cuidadosamente nos fundilhos do brutamontes. Quando o cara acordou, o Léon, todo contrito, avisou pra ele que um travesti lhe havia, bom, comido o cu.

O cara nem parou pra pensar em verossimilhança e ficou maluco. Chorou, chamou a mãe, Deus, Jesus, todo mundo, entrou num desespero de dar dó. E o meu amigo deixou que ele sofresse três dias com a falsa defloração anal pra só depois contar a verdade. Eu pensei que o cara ia arregaçar as fuças do Léon, mas não: ele chorou de novo e pediu desculpas por ter comido a (nessa altura, ex-) namorada do latin lover.

Lição pra vida.

improbabilidade infinita, memórias, corleone, dia de fúria, bagaceira, glamour de guerra

Previous post Next post
Up