Jan 09, 2005 21:43
"(...) É curioso o poder que hoje em dia as palavras teimam em ter na nossa vida, com o avanço das tecnologias, parece que em vez de andarmos para a frente recuamos em certos aspectos, passamos a dormir à sombra da bananeira à espera que as coisas venham ter connosco em vez de sermos nós a irmos ter com elas. Em tempos combinar um encontro ocasional em determinado sítio a uma certa hora era algo perfeitamente normal, sem telemóveis nem grandes meios de comunicação dava prazer ver a pontualidade dos intervenientes, hoje em dia tal não acontece, porque em último caso manda-se uma mensagem.
Isto leva-me incontornávelmente a tentar pegar o fio à meada, isto é: "Porque raio se geram mal entendidos?" Orá é sem dúvida um ponto curioso, especialmente para o mundo masculino, já que a grande maioria desses mal entendidos devem-se de mulher para mulher, não deixando de ser caricato. Será complicado transmitir a uma terceira pessoa uma mensagem com tão poucas palavras de uma forma correcta e clara como a que ouviu da primeira pessoa? Não me parece, por isso quando esse "telefone-estragado" surge como um saudosismo de joguete infantil já ultrapassada para muitos, mas para outros ainda em plena adolescência mental, deparo-me com duas saídas, ou a pessoa tem um quoficiente de inteligência bastante reduzido do qual não consegue percepcionar uma simples mensagem com pouco mais que um punhado de palavas acasaladas em ordem especifica e clara (apesar do nosso ensino não ser dos melhores duvido que pessoas com a escolaridade obigatória caiam tantas vezes em tal armadilha auditiva), ou então é omitida certa parte da mensagem ou alterada deliberadamente para um fim pessoal (esperamos nós, pois já que se dá ao trabalho de forjar cirurgicamente palavras fundamentais nesta tentativa de comunicação, ao menos então que fique a ganhar algo com isso, não sendo apenas uma tentativa a título lúdico e de mera observação grotesca tal civilizção romana ocidental e seus circos de marionetes humanas).
Deparamos agora com um ponto muito interessante a nivel sociocultural, onde o grupo em questão (universo feminino) segue uns canons interessantes tanto a nível de meios de acultarização onde muitos dos exemplares são capazes de tudo, desde o mais ridiculo ao mais baixo a nivel de carácter apenas para conseguir penetrar num certo grupo ou tentar ganhar forçosamente o seu espaço, mas também a nível representativo, aliás se repararmos bem o primeiro é em grande parte conseguido através do segundo. Existem os seus pequenos grupos, de "amigas" onde orgulhosamente ostentam símbolos de status da amizade perfeita, o dar tudo pela "amiga", exagerado por vezes abusiavemente no real valor que lhe dão e até onde estariam dispostas realmente a ir por essa amizade, isto tudo porque o principal valor para a maioria destes indivíduos é somente o egoísmo, acabam por não pensar realmente no bem dessa pessoa que tanto adoram, apenas lhes interessa o que querem elas proprias no momento, o que lhes convém, e se poderem interferir assim o fazem não pensando por vezes nas consequências, pois mais tarde sabem muito bem que podem usar um qualquer argumento de ingenuidade, carência ou até mesmo o já famoso "não tenho nada a ver com isso".
Para nós nada nos resta a fazer realmente, pois em cada tentativa deparamos no fim com uma evolução inexistente no processo, apenas nos resta ir aguentando se valer realmente a pena, é como, em comparação não menos agradável, quando compramos um artigo explendido que damos um valor enorme mas que para além de toda essa beleza vem com um acessório menos agradável que no entanto temos de engolir até ao fim. Por vezes chegamos a um ponto onde após tantas maneiras de transmitir uma ideia da qual normalmente acabamos por sair ainda mal vistos decidimos dar um murro na mesa e dizer "basta", para que daí para a frente sentirmos o dever de agir em conformidade com todas essas questões constantes de interferência onde para as quais... não são chamadas!
E é assim este universo das amizades femininas, onde sem duvida a amizade existe, o gostar da amiga jamais estaria em questão, pois senão tais atitudes deixariam de ter o minimo nexo lógico, no entanto julgam ser o seu apêndice, com interferências não convincentes em situações cruciais e com desfecho curiosamente sempre algo atribulado, onde mesmo antes de ele acontecer já se ouvem em ruelas banhadas pela noite o "foi tudo um mal entendido" mesmo antes de as duas extremidades de tal "telefone-estragado" terem constatado isso, ora não podendo deixar tal acto curioso em vão deparo-me com uma ultima questão: "Porque razão tal "telefone-estragado" já saberia que tudo não teria passado de um mal entendido? Se já sabia...porque não clarificou tudo antes?" Não, não, não caros amigos, não vão pensar que ela saberia que tudo não passou de mal entendido porque sabia o que ouviu e o que disse diferente. Não seremos assim tão maus obvio, vamos antes acreditar num lapso memorial, numa interferência de rede ou um outro cataclismo irreverente provocado por tal interferência... neurónica... (...)"
provavelmente certas pessoas vão-se sentir injustiçadas por esta visão tão generalizada e superficial, a essas peço imensa desculpa, existem excepções à regra, assim como existem regras para essas excepções ;)