Que sorte a sua, que sorte!
É, sorte a sua que eu não sou tão doida assim. Por que, se fosse, iria realizar tudo aquilo que estou ensaiando aqui na minha cabeça, os tantos planos e as mil frases que venho falando quieta cá com meus botões. Mas eu guardo para mim então, que sorte você tem. Porque se eu fosse um pouquinho só mais louca, mais desvairada, já tinha virado a mesa aqui mesmo, no jantar com a família. Já tinha dado no pé, berrado pros quatro ventos que era a hora de ser um pouquinho fora dos eixos. Mas não. Mantenho os pés no chão e a cabeça em algum lugar bem longe, fingindo impropérios e mandando deus e o mundo à merda. Mas, novamente, nem sou tão doida assim. Sou meio normal e, às vezes, dá raiva de ser assim. De pensar nas consequências. Medir meus passos. Guardar aqui tudo o que eu tinha pra dizer. Dizer bem quietinha que eu queria mesmo é não ter que me calar.