Título: Os saltimbancos
Autora:
nima_(nima_niimura@hotmail.com)
Banda Nightmare
Sinopse: Meio humanos meio animais, os cinco seres foram excluídos da sociedade, e agora unidos tentando reingressar no mundo dos humanos, através do que melhor sabem fazer: a Música.
A Night with Os saltimbancos - capítulo 04 - Full
Yomi era arrastado por Hitsugi mata a dentro. Como o vampiro era mais alto e possuía pernas maiores, Yomi tentava alcançá-lo desengonçadamente, fazendo o máximo para não trombar nas árvores. Yomi não tinha a mínima idéia à que velocidade estavam, só sabia que era, com certeza, impressionante para qualquer humano.
- Para onde estamos indo? - Perguntou Yomi, enquanto desviava de algumas raízes de árvores.
- Para o lago! - Respondeu Hitsugi animado. - Lá sempre têm peixes e eu sempre quis preparar comidas assim para as pessoas.
Achando graça, Yomi decidiu ser guiado pelo vampiro até uma parte mais profundo da floresta. De repente, foi como se todas as árvores sumissem para deixar o céu à mostra, exibindo todas as estrelas. No meio da abertura feira pelas árvores ficava um lago imenso, com perdas nas beiradas. O lago refletia a lua já minguante. Uma cena linda. Yomi nem percebeu quanto tempo ficou ali, observando a lua refletida no lago. A lua que tinha tanta raiva e tanto amor ao mesmo tempo, a lua que o transformava em mostro e humano ao mesmo tempo.
O lobisomem estava tão concentrado no lago que nem notou Hitsugi tirando o sapato e enfiando o pé no lago. Yomi só acordou para a vida quando Hitsugi jogou água na sua cara. O lago não estava tão frio quanto Yomi imaginava. Estava até morninho. Ou será que era ele que estava mais frio que a água? De repente, a visão de Yomi fixou-se em Hitsugi. O vampiro parecia tão meigo ali. Sentado em uma pedra, com os pezinhos no rio, observando o lago para ver quando conseguiria apanhar um peixe. Com um movimento rápido, Hitsugi pegou um peixe fresco e colocou em uma cesta que Yomi não se lembrava de ter visto.
- Vem cá, Yomi! - Gritava o vampiro que parecia estar se divertindo bastante.
O lobisomem se aproximou do lago e colocou os pés no lago. Hitsugi parou e olhou dos pés para a cara do lobisomem umas quatro vezes. Yomi já estava se sentindo constrangido, quando o outro finalmente falou.
- Qual é o seu problema? Não veio descalço o caminho inteiro? CUSTA LAVAR OS PÉS ANTES DE ENFIÁ-LOS NA ÁGUA? - Hitsugi dava o sermão irritado, como um pai brigando com seu filho por ter destruído alguma mobília de casa. - ESSE LAGO É SEU PRA VOCÊ ENFIAR SEU PÉ SUJO?
Yomi ia se encolhendo mais de acordo com o tom de voz de Hitsugi, que aumentava a cada palavra. Por fim o lobisomem retirou os pés do lago e pegou um pouco de água com a mão para tentar limpá-lo.
- Agora também não adianta mais né? - Respondeu Hitsugi grossamente.
Yomi não se sentia assim desde que tinha perdido seus pais. Nunca mais tinha levado um sermão que lhe deixasse com tanto peso na consciência, talvez porque agora ele sentia que Hitsugi seria como um pai, afinal, ele convivia na condição de mostro a mais tempo que ele. Um pouco mais calmo, Hitsugi chamou Yomi para mais perto do lago.
- Concentre-se e pegue um peixe.
- Você fala como se fosse fácil.
- JÁ TENTOU PARA SABER?
Com medo do vampiro, Yomi se aproximou do lago, focando em um peixe qualquer. Quando se sentiu seguro, tentou alcançar o peixe, mas acabou escorregando e caindo no lago. Isso foi fonte para uma série de gargalhadas vindas de Hitsugi, que até tentou se conter, colocando a mão na boca, mas até o sapo que estava em cima da cabeça de Yomi contribuía para os contínuos risos do outro. O sapo pulou da cabeça do mais baixo de volta para o lago. Yomi estava completamente molhado e retirou as roupas antes que pegasse um resfriado.
- Hei? O que é isso? Strip-tease particular? - Perguntou Hitsugi ao observar o lobisomem retirar as roupas.
- Não! - respondeu o outro, vermelho - Eu só não quero ficar gripado.
- Como é ficar gripado? - perguntou o vampiro.
- É horrível. Seu corpo fica pesado, você não consegue respirar direito, fica tonto quando se levanta...
- Como é ficar tonto? - Agora quem parecia o filho era Hitsugi, interessado nos sintomas de típicas doenças humanas.
- É ruim... Sabe... Parece que o mundo inteiro está rodando e...
- Mas o mundo está rodando!
- Não! Parece que é mais rápido, sabe? Parece que você não vai conseguir se manter em pé...
Hitsugi ouvia interessado na conversa, enquanto tratava de pescar mais alguns peixes, visto que Yomi era uma total negação em pesca. Em pouco menos de meia hora, Hitsugi encheu a cesta e ele e Yomi iam voltando para casa.
Foi quando uma tempestade de ventos adentrou na floreta e pegou os dois. Nenhum dos dois conseguia dar um passo para frente e Hitsugi teve que se agarrar a Yomi para que este não saísse voando. De repente a ventania parou como começou, misteriosamente. Hitsugi e Yomi ofegavam, pelo menos não tinha mais aquele som ensurdecedor. Agora, o fraco vento tocava uma melodia de valsa na floresta. Tanto Yomi quanto Hitsugi olharam para trás, na direção do lago.
Havia um homem, muito bem vestido, de cabelos brancos, cobertos por um chapéu preto muito elegante. Ele usava um terno preto e estava à beira do lago. As duas criaturas forçaram os olhos para ver melhor o homem que acabara de aparecer com a música. De repente, o ritmo da valsa tocada pelas árvores aumentou, fazendo o homem de cabelos brancos se aproximar de Yomi e puxá-lo para dançar.
Surpreso, Yomi não sabia responder à dança do outro, que o conduzia perfeitamente para círculos, ditados pela música. Hitsugi se limitava a observá-lo com um sorriso no rosto. O lobisomem ficava cada vez mais vermelho com a dança e com o olhar do homem de cabelos brancos, que já dominava o corpo do menor, fazendo-o valsar como nunca valsara em toda a sua vida. De repente, num passo mais ousado, o homem de chapéu juntou os dois corpos de forma abrupta e a música acabou.
Hitsugi morria de rir em um canto da floresta, observando o sorriso malicioso de um e a vermelhidão no rosto do outro.
- Yomi, este é Ni~ya. - Disse o vampiro, apresentando os dois homens.
O lobisomem fez uma pequena reverência. Em contra partida, o homem de chapéu dobrou seu corpo de maneira sobre-humana para apresentar-se ao mais baixo. Hitsugi encarava os dois, mais principalmente a cara de curiosidade de Yomi.
- Tem alguma coisa que você queria perguntar para Ni~ya?
- Tem sim... - Se arriscou - De onde você veio?
Tanto Hitsugi quanto Ni~ya começaram a rir descaradamente da pergunta do outro. Até a floresta parece que se calou com os risos, deixando Yomi mais vermelho. Ni~ya foi o primeiro a se recuperar da crise; Hitsugi parecia que não pararia.
- Você é bem inteligente para um lobisomem, hein?
- C-como você soube?
- Não precisa de muito para descobrir... Os pés descalços, os olhos grandes e com fendas - Ele dizia enquanto levantava o rosto do outro, para analisá-lo melhor. - O rosto redondo e o mau jeito de pescar... - Ni~ya soltou o rosto do outro. - Agora... Você me perguntou de onde eu vim... Eu vim do lago. - Ele apontou para o citado, atrás de si. - Vim para te conhecer.
- Anh?
- Hitsugi disse que tinha encontrado um lobisomem, e eu quis te conhecer pessoalmente, só isso.
- Não, digo... Como você veio do lago?
- Ah, Sim! Eu sou um boto...
- O QUÊ? - perguntou Yomi, se afastando um pouco do homem de chapéu.
- Nunca ouviu falar na lenda do boto cor-de-rosa? - Perguntou Hitsugi, finalmente se recuperando da crise de riso. - Sabe... Aquele que aparece para seduzir as mocinhas ingênuas...
- Tá insinuando que eu sou uma mocinha ingênua? - Perguntou Yomi.
- Você está se auto-intitulando a mocinha ingênua - Disse Hitsugi, voltando ao assunto novamente - Aquele que só pode se transformar em homem de noite...
- E é um homem lindo, perfeito, sexy... - Completou Ni~ya.
De repente, Ni~ya percebeu que Hitsugi e Yomi saíram andando de volta para casa, deixando o homem de chapéu para trás, falando sobre suas qualidades. Desesperado, o boto saiu correndo, voltando a ficar perto do vampiro.
- Hei! O que você está fazendo aqui? - Perguntou Yomi, estranhando o boto lhes seguirem.
- Fazer companhia pro Hitsu-kun aqui. - Disse, bagunçando os cabelos do vampiro.
- Ele costumava me fazer companhia. - Disse Hitsugi, após se livrar da mão que bagunçava seus cabelos, até antes perfeitamente arrumados.
- Mas não precisa fazer mais, eu estou aqui e vou morar com ele.
- Você tá doido? Acha que eu vou deixar esse vampirão sexy aqui dormir numa casa com um lobisomem tarado como você? Não mesmo!
- QUEM VOCÊ ESTÁ CHAMANDO DE LOBISOMEM TARADO?
- Ora, acha que eu não vi o jeito que você me olhou na valsa?
Yomi assumiu em vermelho vivo nas suas faces.
- Na verdade Yomi, é que eu protejo esse cara de noite. Porque no dia em que a gente se conheceu, tinham uns quinze caçadores atrás dele... E os caçadores tinham muito medo de mim...
- Ah... Então ele é mais covarde do que eu imaginava.
- Não é covarde... Eu tenho que preservar a minha beleza. - Retrucou Ni~ya.
Chegaram em frente ao barraco de madeira de Hitsugi. O vampiro levou a cesta para a cozinha para preparar os peixes, enquanto Ni~ya arrumava a casa toda empoeirada do amigo. Yomi só observava da cama improvisada. moon in your dream