[Hiphop] Rocky Marsiano

Jun 15, 2005 14:10

“Okay, ch-ch-check this out!”

Tenho finalmente nas minhas mãos o “The Pyramid Sessions”. Depois de uma audição atenta ao álbum, só me posso perguntar: Como é que este álbum ainda não está a dar que falar por todo o lado? Tenho ouvido falar dele aqui e ali, mas apenas ao nível de um álbum normal, não uma obra prima.

Este é um cd para ouvintes requintados. Para ouvintes exigentes que não consigam apreciar música sem verem os “pózinhos mágicos” por todos os cantos de cada faixa.

A primeira coisa que eu apreciei no álbum foi a fuga à regra. Qual regra? Aquela que diz que um álbum equilibrado tem que ter músicas “alegras” e músicas “tristes”, uma para a festa, outra a falar do sofrimento e das dificuldades da vida, outra de amor...

Não pensem que um álbum de instrumentais não cai nesse cliché só por não ter um mc a rimar.

"Had to be on the drum to communicate"

A música sozinha também fala (e, neste caso, bem!).

"Yeah, now let me start to get deep"

Felizmente isso não aconteceu nesse álbum, o que me fez colar a ouvi-lo em “repeat”. Primeiro que tudo, eu adoro jazz. E sempre achei que a mistura entre jazz e hiphop resultava explosiva, daí sempre ter curtido produtores/mc alternativos - por incrível que pareçam, também eles têm uma relação estreita com o jazz, o blues, como por exemplo o Madlib (que toda a gente conhece).

"What we do, we update our formulas"

Aqui se pode ver que isto é verdade. Este álbum é inegavelmente hiphop e inegavelmente jazz.

"We've got certain formulas, we update them"

As produções foram muitíssimo bem conseguidas, o ambiente do álbum enquanto todo é incrível. Soa mesmo não só a “back in the days” mas também a “tributo ao back in the days”.

"Here is a little story that must be told"... "and it goes a little someting like this"

Não queria misturar outros artistas na crítica a este álbum, mas gostava de salientar que outro exemplo de uma boa mistura de estilos também aconteceu com a remistura do Xeg da sua própria música “Quando Escrevo” e também na “É só mais uma vez”. Apesar de achar que essas músicas ficaram a perder por serem apenas samples a repetir com uma batida por cima - deixando-as muito aquém do que podiam realmente ser - lembro-me de ouvir ambas as músicas muitas vezes. Por isso, para mim é excelente poder ver este estilo de produção feito como deve ser, explorado em todo o seu potencial.

"Just take a good hold of me"

Falta falar dos samples vocais. Foram bem escolhidos e dão “aquele” toque à música, aquele innuendo que nos lembra de que, mesmo quando parece que o hiphop vai desaparecer e nos vamos perder só no jazz, ainda há qualquer coisa na raiz que mostra - isto é Hiphop. Isto faz parte da cultura, porque a cultura é, acima de tudo, uma grande apreciadora de todo o tipo de música.

E mais não posso dizer. Se quiserem saber mais acerca do álbum, só mesmo ouvindo o que a música tem a dizer.

critica, crítica, d-mars

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