Apr 25, 2005 13:25
"Gentlemen...welcome to Fight Club.
The first rule of Fight Club is - You do not talk about Fight Club
Second rule of Fight Club is - you DO NOT. TALK. ABOUT. Fight Club
Third rule of Fight Club - if someone says stop, goes limp, taps out, the fight is over.
Fourth rule - Only two guys to a fight."
Nós aceitamos as regras do Fight Club. Conheço muito pouca gente que não tenha amado o raio do filme. Eu "apaixonei-me" à primeira vista e vi o filme uma data de vezes de seguida.
Mais ou menos como aconteceu com a dupla IP Mórbido & YokoZoona. Quando ouvi os sons na compilação da Matarroa, pensei que finalmente o projecto se ia concretizar e fiquei imensamente entusiasmada - e conheço muito pouca gente que não tenha ficado. No entanto, o projecto parece ter ficado adormecido por baixo de outras prioridades como o álbum de Dealema, de Matozoo, trabalho de editora e de fora da editora e a vida diária não pára só para dar espaço para ser criada (aquilo que eu acredito vir a ser) uma obra prima.
O que é que estes dois têm que os outros não tem?
Antes de mais, um enorme, surpreendente, incrível sentido de humor. Só com dois sons na compilação (e com as participações de um e de outro nos projectos de um e de outro) deu para perceber o potencial cómico que eles têm dentro da música que fazem. Eu gosto de acreditar que a forma desprendida com que fazem a música vem da grande liberdade criativa que sentem por estarem a intrepertar os seus alter-egos. Yoko e IP não têm as amarras e compromissos de Martinêz e Fuse. Eu penso que algum à-vontade há-de vir daí.
Por outro lado, têm menos preconceitos que a maioria dos mcs. Muitos mcs que vejo por aí dão-me asensação (pela sua música, obviamente, uma vez que não os conheço) de estarem continuamente preocupados em "serem de um estilo" ou arcarem com a responsabilidade de educar as massas ou de fazerem música de estilos variados (a velha fórmula do cd com uma música pra festa, outra triste, outra de amor, outra de intervenção, ou pros amigos, outra de crítica ao movimento...). Alguns estão mesmo preocupados em serem profissionais. A maior parte dos mcs que estão a "nascer" querem afirmar-se, os que já cá estão querem manter-se.
Muito poucos fazem simplesmente o que lhes dá na cabeça.
Claro que estes dois têm a vantagem de serem bons a fazer o que lhes dá na cabeça. Se lhes apetece disparatar, vão em frente e fazem palhaçada, mas o resultado final é BOM. Seja por terem já muitos anos de prática e o fazerem quase por insitinto, seja por serem amigos e estarem "na mesma onda", o facto é que conseguem o que outros tentam. Expressam-se e tão-se a cagar para o que a comunidade acha que eles deviam ser ou fazer. Claro que por assumirem essa atitude, mais tarde ou mais cedo o movimento deixa de esperar o que quer que seja deles e "deixa-os andar". Liberdade?
Questão final: devem eles fazer o raio do álbum e deixarem-se de tretas?
Não é bem assim. A impressão com que fiquei daquelas duas músicas foi que nasceram de um contexto muito especial. Deixam uma marca de expontanêadade como poucas. Se agora se virassem um para o outro e dissessem "vamos gravar o álbum" tenho quase a certeza que ia ficar muito desapontada (já aconteceu antes com outros artistas).
Se me permitem falar através de imagens sem me intrepertarem à letra, a receita para este álbum não é estúdio, material de produção, microfones e concentração.
É cerveja, avacalhanço e cadernos de linhas A5. Ou, como alguns gostam de dizer, "putas, música e vinho verde"!
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