Destaques de 2011

Jan 18, 2012 01:06

Sim, já vamos a meio do Janeiro, eu sei. Mas depois de tanto tempo sem escrever aqui, recuperar o ritmo não é fácil.

Alguns sites fazem tops, outros fazem listas. Eu nunca quis fazer tops porque simplesmente não consigo ver a música como algo hierarquizável. Certamente que gosto mais de uns do que outros, mas dentro do universo de álbuns de que gosto, não sou capaz de dizer "gosto mais deste porque tem um wordplay melhor" quando mesmo ao lado está um álbum com instrumentais tão expressivos como qualquer letra.

Assim sendo, vou optar pela lista.

Importa sublinhar desde já que não ouvi todas as edições de 2011, nem nacionais, nem internacionais. Se calhar há por aí mixtapes, álbuns, EPs e muito mais que se eu tivesse ouvido incluia nesta lista. Da mesma forma, há muitos trabalhos que eu ouvi que não incluí nesta lista, mas isso não quer dizer que não tenha gostado de os ouvir. Simplesmente os trabalhos que escolhi colocar aqui foram trabalhos que me marcaram por qualquer motivo, o que é, no fim de contas, um critério absolutamente pessoal.

Já agora, tendo em conta o lag com que ouço as coisas, se houver algo aqui que não é de 2011, não se espantem.

Vamos então aos destaques.

Halloween - Árvore Kriminal


Não sei se haverá muito a dizer sobre este álbum que não seja "stating the obvious". Halloween voltou com as arestas mais limadas, com qualidade de som uns quantos níveis acima mas o mesmo tipo de sonoridade que faz parecer que "Árvore Kriminal" foi arrastado por valas e esgotos antes de ser editado. Em 2007, escrevi que "com o estúdio certo, os produtores certos e uma masterização decente, Halloween era o maior,[mas] por outro lado há quem argumente e com razão, que nessas condições Halloween deixaria de ser Halloween." Ora aqui está a prova de que, com o estúdio certo, os produtores certos e uma masterização decente, Halloween não deixou de ser Halloween. Bem pelo contrário.

Metamórfiko - Crushing Clouds / Butter Files



Antes de mais, sim, são dois trabalhos separados. Mas penso que ambos merecem ser destacados na área da produção, principalmente por serem trabalhos de produção muito completos e variados a nível de sonoridade. Quem costuma ler o meu blog sabe que tenho preferência por produtores que usem muitos samples e que façam misturas e experiências, mais estilo Edan, Blockhead, Cut Chemist e Exile e menos estilo 9th Wonder e Alchemist (quando a solo). E é precisamente no estilo dos primeiros que Metamófiko se encaixa, da minha perspectiva de ouvinte. Não podia deixar passar.

Kilu - Motivo


Tenho de confessar que estava ao mesmo tempo muito ansiosa e muito receosa por este álbum. O "Um Outro Lado da Versão" é um dos meus álbuns tugas favoritos de sempre e ainda hoje o ouço sem espinhas. Mas a verdade é que já foi lançado em 2002 e a minha experiência é que se um artista deixa passar muito tempo até lançar um novo trabalho, este acaba por se "actualizar" e as minhas expectativas acabam no galheiro. Mas não aconteceu nada disso neste álbum. "Motivo" foi tudo aquilo que eu estava à espera and then some. Não vou dizer mais nada porque ainda quero fazer uma review deste álbum como deve ser.

Sarcasmo - Noites Calmas, Dias Felizes


O primeiro álbum desta lista do qual já fiz review, embora gostasse de fazer uma em português aqui para o blog a explorar alguns pormenores que não pude explorar numa review para quem não entende as rimas. Dou destaque a este álbum pelo motivo oposto ao álbum anterior: por não ser nada do que estava à espera. Por me ter surpreendido quando já não tinha esperança de ficar verdadeiramente viciada num trabalho de um mc que não conhecesse já. Mais não digo, fica para essa tal futura review. Mas posso dizer que foi o álbum que mais rodou no meu pc/mp3.

Prodigo & Viruz - Dentes de Ouro & Flow de Platina


O "100 insultos" é um álbum que considero como um clássico do rap tuga. Há algo no VRZ naquele álbum que parece fazer dele uma metralhadora de rimas que põe o dedo em todas as feridas-- ao mesmo tempo! Já o Pródigo popularizou o tipo de rap com expressões e termos invulgares ou menos usuais, o que ficou consolidado no "Onde é Que Está as Mortalhas". É esse o motivo pelo qual ouço qualquer trabalho do Pródigo e VRZ com muita atenção e expectativa. Este trabalho tem alguns pormenores que considero simplesmente fantásticos, e é por isso que o incluo nesta lista.

Stray - O Diabo


O segundo álbum desta lista que já tem review feita. Este álbum merece destaque pelo facto de ter sido o álbum de Stray de que mais gostei até hoje, pela combinação de letras e instrumentais. Embora tenha gostado também de Monstro Robot e outras aventuras, este álbum está qualquer coisa de possuído (pun intended). Só a primeira música, Akuma, fazia o CD sozinha, mas todas as músicas se conjugam para fazer um excelente álbum.

Beware Jack & DJ Yoke - O Mundo é Meu


Este é um álbum que descobri bem depois de ser lançado, devido ao síndrome "nunca ouvi falar, é porque não é nada de jeito". Fiquei contente de estar errada e de ter gostado muito de o ouvir. Tem os mesmos pontos fortes que um álbum do género do Kilu - instrumentais muito bons (ahaha a última faixa samplada de Assassin's Creed, ah poizé) e letras muito bem integradas na música no seu conjunto. Uma surpresa agradável.

Compilação No karma


Eu quase nunca gosto de compilações. E quando gosto, é porque têm uma ou duas músicas de que me chamam à atenção. Daí que tenha ficado muito surpreendida de ter gostado desta praticamente na totalidade das músicas. E mesmo as que não me fascinam tanto, consigo ouvir sem as saltar. Penso que esta compilação é verdadeiramente representativa do que a editora que pretende apresentar consegue fazer e tem vários sons verdadeiramente arrebatadores, incluindo os instrumentais (que normalmente são só para encher).

Muito ficou por ouvir neste ano de 2011, mas este são álbuns que sem dúvida merecem ser referidos, ainda que sem nenhuma ordem em particular.

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