Crítica a Vinnie Paz - Season of the Assassin

Oct 13, 2010 22:12


Vinnie Paz
Season Of The Assassin
Babygrande / Enemy Soil (Junho 2010)



Vinnie Paz, MC integrante do aclamado colectivo Jedi Mind Tricks e do supergrupo Army of the Pharaohs, trouxe-nos em Junho deste ano o seu primeiro álbum a solo, “Season of the Assassin”.

O tipo de rima e o leque de temas que caracterizam este MC não são novidade para quem acompanha regularmente os grupos anteriormente mencionados. Vinnie Paz é a voz grave e arranhada de acutilante sentido crítico que se destaca em qualquer track, frequentemente abordando temas como a religião, a política, a guerra e a violência. O seu álbum a solo é o expoente máximo da tendência para tais temas que o MC vinha demonstrando ao longo da sua carreira em grupo.

“Season of the Assassin” apresenta, antes de mais, uma sonoridade obscura e maciça, porventura resultado de Vinnie Paz se inspirar no Metal no que respeita à produção. O facto de o álbum ter 21 faixas e apenas pontualmente se afastar deste registo, a par com o flow bastante linear de Vinnie Paz, contribui para que “Season of the Assassin” se torne numa audição pesada e até um pouco cansativa.

Se “End of Days”, o single do álbum, fazia antever um trabalho repleto de rimas surpreendentes e até revolucionárias num contexto de rap de intervenção, o resto das faixas deixa no lugar da expectativa uma devastadora desilusão. Uma audição cuidada do álbum deixa a triste sensação de que a faixa seguinte parece ter sido reciclada da anterior (desafio-vos a contar de quantas formas diferentes Vinnie Paz consegue desfazer a cabeça a alguém ou quantas analogias usa para descrever o estado em que a face desse alguém fica posteriormente), redundando sempre num egotrip de aclamação da violência e do coleccionismo de armas.

Existem, ainda assim, algumas faixas valerão a pena ouvir, embora mais por mérito do refrão ou do instrumental, nomeadamente “No Spiritual Surrender”, “Kill ‘Em All”, “Keep Movin’ On”, “Role of Life”, “Warmonger” e “Drag You To Hell”.

Imperdível é ainda “Nosebleed”, pela óptima participação de R.A. The Rugged Man e “Bad Day”, que tem o mérito de se debruçar sobre um tema diferente do resto do álbum e ser ainda agraciada com um flow mais leve e menos cerrado por parte de Vinnie Paz.

Sem querer entrar em paralelismos injustos, este “Season Of The Assassin” de Vinnie Paz poderá ser equiparado ao “Smoke And Mirrors” de B-Real, na medida em que ambos os álbuns deixam a distinta sensação de que estes MCs se destacam mais e têm um melhor desempenho no contexto dos respectivos grupos.

“Season Of The Assassin” será uma audição obrigatória para os die hard fans de Vinnie Paz mas, de resto, trata-se de um álbum sem nada de novo para mostrar e que poderia facilmente ter apenas 15 faixas sem que nada se perdesse.

Por: Joana Nicolau para a Freestyle

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