A cor da espera é opaca e indistinta, como tanto daquilo que não acontece. Ao vê-la sei que tem água de nuvens, de lágrimas, fogo de cigarros, de sonhos - substâncias várias que misturadas resultam nesta tonalidade sem nome, sem deixar de colorir tudo o que vejo.
Todo este tempo tem sido um desperdício. Posso ter sorrido e visto muitos filmes, admito até ter reparado nas chamas do amanhecer pela janela. Não há muito, vi o mar e estive em braços de amigos. Talvez deva reformular, então. Que desperdício de beleza, apreciada sob a sombra desta cor viscosa.
Esperar no mínimo palavras e receber amostras de comunicação, provas de existência. Ter um canal sempre aberto para o mundo e ficar com sede daquelas gotas que não chegam. Procurar em todas as linhas um sinal, saber que em cada segundo pode haver novas linhas.
Há passos que agora não posso ser eu a começar. Preciso de ajuda para acreditar.