(no subject)

Apr 07, 2008 22:31

Já não reconheço muito a pessoa que um dia fui. Acho que evoluí bastante. Não que eu esteja agora super iluminado, elevado, ensaiando vida em outra nível de consciência. Apenas tenho maior consciência do que quero, do que não quero, do que posso, do que não posso, dos meus limites.

Mesmo assim, certos dias insistem em passar como slideshow, uma câmera lenta em tudo que digo e ouço. Dias de vazio, onde nada que se faça consegue tapar um buraco espiritual. Tudo ressoando infinitamente, sem significar nada realmente. Tentativas ocas de entrar em contato com outros seres humanos.

Não é um dia ruim. Não é um dia depressivo.

Triste notar que as pessoas, com raras exceções, não estão muito interessadas em realmente comunicar. Mais lhes interessa farfalhar lábios infinitamente ao discutir sobre assuntos-padrão, exercendo sua cota diária de simpatia pra quem sabe satisfazer uma condição social.

E aí surgem esses dias em que eu escrevo errado, quando palavras aparecem antes de uma ordem formal. E eu escrevo com o coração, ouvindo músicas específicas.

Nada que possa ser escrito aqui transmite melhor do que um simples olhar. No entanto, não há ninguém olhando. Há o Livejournal, servindo de reflexo pra mim mesmo.

Assim como a lagarta morta e esmagada que insistia em segurar seu cadáver no jeans de um cara no ônibus, aqui estou eu me amarrando num corpo morto, que não leva a lugar nenhum. Talvez, se eu capitalizasse esse estado, poderia criar algo de maior valor literário; é, quem sabe um dia.
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