...histórias do arco da velha...

Nov 08, 2006 20:13

"É tão bom sentir o que sinto. Que alguém, e és tu, me quer com o maior cuidado para não se enganar, iludir, mentir a si próprio que não me está a confundir, sem querer, com o que desejava ver, sempre esperou alcançar, sonhou quando era criança num sonho que ficou, quer mostrar aos outros, ao pai em especial, a quem quer que seja, pouco importa. Não, do que tu gostas mais em mim é dos meus pecados, dos meus defeitos físicos, de tudo o que não consigo ser, onde falhei, onde não pára nunca de doer, é isso o que tu queres ver, o que queres ter perto de ti, queres aceitar e cuidar, só isso, e o resto, só se vier com isso, porque é isso que tu amas em mim. Será isso? Será assim? Será possível pela primeira vez? Pode ser, talvez seja disso feito o nosso amor. Pelo menos grande parte, meu querido."

Pedro Paixão (num dos livros dele que não me lembro do nome :P)

...retirado do contexto do livro, como acabaria esta estória de amor?... ou nunca acabaria?... ainda hoje eu e um amigo divagávamos sobre o assunto, precisamente porque a dele acabou (para ele talvez nunca acabe, porque ele é uma criatura linda, mas na realidade acabou)...

...eu não sei... nunca sei nestas histórias... quando são mistérios policiais eu quase que consigo ver o fim, descobrir quem é o vilão e mesmo quando é alguém que eu não contava, olhando para trás faz sentido... o psicopata acaba por ser sempre mais consistente e dedicado... but then, who wants a psychopath for a lover, eh?...

...nas estórias de amor há sempre uma panóplia de variavéis que permitem até que hoje em dia os dvd's venham com fins alternativos (boy gets girl/ boy doesn't get girl) e que funcionariam (em termos de estória) da mesma maneira... por isso nunca se sabe...

...eu de certeza que não sei (mas admito ter estudado mais criminologia do que estudei romantismo)...

...porém esta parte : "me quer com o maior cuidado para não se enganar, iludir, mentir a si próprio que não me está a confundir, sem querer, com o que desejava ver, sempre esperou alcançar, sonhou quando era criança num sonho que ficou, quer mostrar aos outros, ao pai em especial, a quem quer que seja, pouco importa." parece-me um bom começo e parece-me propiciar um conforto que é necessário a que esse tipo de relações cresçam... e independentemente do final é capaz de nos deixar com a sensação de que valeu sempre a pena...

...mas como disse, eu cá estudei mais criminologia do que romantismo... para mim faz todo o sentido o Hannibal Lecter cortar a própria mão para se libertar da Clarice (porque nunca seria possível naquela personagem ser de outra forma) do que o "gosta mas tem medo que o outro não goste", "gosta mas precisa que a pessoa mude para as coisas funcionarem", "professa amor eterno esta semana, mas na semana seguinte já mudou de ideias", "professa amor eterno mas no fundo é só se der jeito", "está muito apaixonada mas apareceu o outro que lhe acha piada e afinal se calhar só pensava que estava apaixonada", "ama mas as inseguranças não permitem mostar esse amor" etc etc etc... neste último cenário admito que é muita areia para minha camioneta e exige de mim uma paciência que prefiro guardar para outras coisas...

...semi translation: I was just sayin' that I understand psychopaths better than I understand lovers (as people who are in love)... wait!... I know it sounds weird out of context, but there is a point... as soon as I find it I will translate it, mmmkay?... just consider yourselves lucky for not reading portuguese, you are spared so much blah blah blah... like whoa...

...já agora, bom dia, lindinhas e lindinhos... :D

edit and PS: ...how do you like them bloody election results, eh?... Virginia finally is settled... and boy this is a big .|. to all the neo-cons and religious fundies out there... and when I say .|. I mean an exclamtion point, as in surprise... no, really... that is what I mean...

...ahem...
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