Sep 01, 2005 23:11
"...
This above all: to thine own self be true,
And it must follow, as the night the day,
Thou canst not then be false to any man.
..."
William Shakespeare
Sempre gostei do som disto. Apresenta algumas dificuldades práticas por vezes, um objecto muito perto por vezes desfoca (verdade! experimentem pôr o nariz encostado ao monitor e vão ver que me lêem com mais dificuldades) mas não é por isso que devemos deixar de tentar. Outras vezes olhar assim tão de perto leva-nos a perceber de pormenores que não nos agradam particularmente, mas pronto, há um certo encanto em ser humano, demasiadamente humano (como dizia o outro).
Não quer isto dizer que se diga tudo ou que se partilhem todas essas verdades (se é que as há) porque podem ser que não valha a pena partilhar ou que não mereça ser partilhado... e muitas das vezes as pessoas não estão interessadas em ouvir sequer - there is such a thing as TMI - Too Much Information e quando nos perguntam "então, tudo bem? " a maioria das pessoas quer a resposta standard. Se não acreditam, experimentem também: quando o próximo conhecido vos perguntar isso respondam "olhe, uma porcaria, é como vai tudo! não consegui fazer nada de jeito com o cabelo esta manhã(não precisam ser coisas que vos afligem mesmo, é só uma experiência em nome da ciência), apetecia-me estar numa esplanada a beber uns copos em vez de estar aqui, as notícias só me irritaram, o meu cão anda deprimido e nem vale a pena dizer mais nada... e consigo, tudo bem?" e vão ver aquela expressão de "WTF???" e depois ou o sorriso amarelo do "deixa-me levar isto para a brincadeira que senão não saio daqui" ou a cara de "ó, mas que aborrecido, paciência, é assim a vida e agora eu tenho de ir ali e já venho".
Estava eu dizendo, mesmo que não se partilhe, o sermos verdadeiros connosco próprios é saudável. Nem todos os exercícios umbiguistas são fúteis, por vezes ajudam-nos a ver que o mundo não nos anda a perseguir e o destino não nos quer pregar partidas... às vezes andamos nós a pregarmos partidas a nós próprios e se parássemos um bocadinho apercebiamo-nos disso. É que apesar de soar bem, o mal nem sempre são os outros.
Para além de saudável, esse umbiguismo com propósitos nobres tem ainda a vantagem de nos impedir de agirmos de determinadas maneiras, que não têm nada a ver com o que queremos ou precisamos, e ficarmos à espera que o resto do mundo perceba e nos mostre o que se passa. Que nem sempre o mundo tem paciência nem acha o nosso umbigo assim tão interessante (pelo menos não com esse propósito metafísico, embora lhe lhe possa reconhecer outros encantos).
Como não há bela sem senão, esse umbiguismo todo pode de facto ser muito esclarecedor, em termos de causas, mas pode por isso deixar-nos na situação de nem sabermos por onde começar - quando há coisas que têm que mudar. Isso porém é outra história completamente diferente e que, mais uma vez, não nos deve impedir de umbigar.
...e que já escrevi e não disse nada (as saudades que eu tinha disto) vou mimir que é o que devia estar a fazer (olha, nem preciso de olhar para o meu umbigo para saber que farto-me de dizer isto)...
...espero que o vosso dia seja lindo...
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PS... ok, como não quero ir procurar os stills dos filmes (porque devia estar a dormir, caracinhas!), deixo aqui outra... sem irem ao Google, quem adivinha de que filme é este pedaço de diálogo...:
Elizabeth: How did you know? How did you know I'd respond to you the way I have?
John: I saw myself in you.