Sobre despertadores e a vida

Jan 26, 2010 21:58



“Eu não desisto assim tão fácil meu amor,
Das coisas que eu quero fazer
E ainda não fiz”

*

Por alguns anos estive num dilema cruel: dormir é bom ou é perda de tempo?

No últimos tempos a resposta para ele tem ficado cada vez mais clara: dormir é bom porque deixa você sem sono e útil, mas é uma perda de tempo.

Ou seja, bom é estar acordado e para isso é necessário dormir. Então, dormir é preciso.

O fato é que acordar é uma das rotinas diárias mais difíceis que eu encaro desde que nasci. Porque devido às alergias que me acompanham desde sempre, eu durmo mal e então eu acordo de mal a muito mal. E claro, é uma batalha épica para levantar.

Com o tempo isso foi mudando, não que eu tenha ficado menos alérgica, mas acho que meu corpo foi se acostumando às noites mal-dormidas. Eu já consigo ser um ser útil e sociável mesmo que a noite anterior eu tenha tido uma das piores crises de bronquite do ano.

Mas acordar ainda é um problema.

E ficou um problema ainda maior quando eu vim morar sozinha, porque eu não tinha mais o despertador insistente e que nunca se esgotava as tentativas que era a minha avó. Desde então, eu tenho tentado os mais diferentes tipos de despertadores.

Primeiro eu tentei os barulhentos. Daquele que tem dois sininhos na parte de cima e um negocinho que fica indo de um lado para o outro fazendo um barulho infernal. Ele funcionou bem. Até o dia que eu zuni ele longe.

A segunda tentativa foi um toquezinho irritante do celular. Já resolvia o primeiro problema porque eu nunca ia varar o meu celular longe, mesmo que estivesse meio dormindo. E a coisa ia causando uma irritação tamanha que eu simplesmente tinha que acordar. O problema é que demorava umas cinco horas até eu desirritar.

E ai veio a terceira opção. E eu preciso que vocês saibam que eu sou muito, muito idealista para entender a terceira opção. Porque ela é um ataque matinal a minha moral. Programei o celular para tocar “vinte e poucos anos”.

Como eu vou fazer você entenderem isso? “Vinte e poucos anos” não é minha música favorita. Mas é como um hino, mesmo antes de eu ter vinte e poucos anos. Eu sei quem sou, eu sei o que quero e sei como chegar.

E funcionou para me acordar. É alguém me lembrando que não dá para deixar para depois, que o mundo não para de girar enquanto eu tô na cama de preguiça. Eu não posso simplesmente ficar dormindo enquanto a vida acontece.

Então agora é assim. Eu pulo da cama, porque “eu posso ir e vou muito mais além”.

E para quem teve a coragem de ficar na dúvida, é claro que o meu despertador é a versão do Raimundos!

válvula de escape, metáforas toscas, sono

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