Su aparência parte II

Sep 11, 2010 07:51




   
A sua aparência - parte II - Maria Melo

Ela ainda se lembrava.
Parecia que ele estava fora do eixo.
esperando um evento.
Quem sabe mesmo a chegada do seu namorado...
nos próximos dia.
Talvez quisesse atrapalhar o seu tão desejado romance.

Mas no  fundo dos seus olhos e das suas palavras
havia uma grande inoscencia...e uma enorme incoerência...
a simplicidade dos grandes  acontecimentos
que surpreendia qualquer dúvida...

O dia  prestes a acabar a levou de volta para sua casa,
Nem lembrava mais do rapaz.

Quando o telefone toca aos berros novamente.
Ele atende e ele diz:
Oi meu amor... estou novamente parado em frente a sua casa,
estou vendo que a luz da sua cozinha está acesa
e quero  saber qual vai ser o nosso jantar...

Ela disfarsa nenhuma vez disse a ele em qual das 20 casas
próximas ela morava... muito menos onde ficava sua cozinha...
Então provavelmente ele olhava a casa errada...
mas a luz de fato estava acesa... ela só não concebia
de onde, de que parte da rua ela poderia vê-la....

Ela diz... Ah, querido, não estou em casa,
se acaso a luz da cozinha parece acesa, devo ter esquecido.
Onde está você... perguntou ele
sem nenhuma ansiedade.

Ainda estou na casa dos meus pais...
Não sei a hora que voltarei.
Está bem... eu já imaginava. Só queria confirmar e tambem
avisar que estou indo trabalhar.
Vou dirigir o trem a noite toda.
Feliz trabalho, então falou ela.

Domingo, a gente se vê. Falou ele.
Vou cuidar muito bem da sua vida.
Eu juro pela minha própria vida.
Ela se assustou, não fale assim, por favor.
É verdade, você é tudo pra mim. Insistiu ele.
Desligou o telefone mandando muitos beijos.
Ela riu. Estava em casa, mas não poderia atendê-lo
nem mesmo vê-lo de longe, ela queria.

No dia seguinte  o namorado dela poderia chegar,
Ela estava realmente muito feliz com a chegada dele,
mas preocupada... toda vez que se aproximava da rua,
tinha que examiná-la atentamente
para ver se ele estava ou não por perto...

Ele parecia querer grudar nela,
ela sentia isto quando ele se aproximava dela,
nos poucos minutos que caminharam juntos,
e até mesmo por telefone... percebia sua intenção na voz.

O namorado não chegou naquele dia combinado,
mas ele o estranho ligou 4 vezes durante o dia para ela,
nada disse sobre visitá-la, novamente,
parecia mais calmo e mais seguro.
Falava com ela sobre coisas comuns,
do que sentia, de como se sentia feliz,
podendo namorá-la e fazia planos de viagens.

A noite, quando seu namorado verdadeiro ligou,
ela estranhou a voz... demorou para reconhecer...
e estranhou o comportamento dele
A falta de intimidade que ele, o namorado tinha com ela,
lhe pareceu surpreendente.

Amanhã estarei contigo, disse ele,
E ela imaginou toda fantasia de um grande amor
colocou tudo dentro daquele amor simples,
diário, sem ocorrencia de nada excepcional.
E guardou para si mesma porque
com muita estranheza descobriu
que não tinha quase nenhuma intimidade com seu namorado.

Mas o adorava,
sem palavras ou sem razão, simplesmente o adorava,
5 anos de amor pequeno,
de paixão vazia, coração morno,
ela simplesmente o devorava, o bebia,
todas as noites se fosse possível,
mas não era. Ele o namorado era arredio,
quase nunca falava nada
nunca pedia nada, mas gostava dela, isto ela sabia.

Dia seguinte Ele chegou cedo.
Tão cedo e calado como sempre.
colocou  uma pequena sacola no canto da sala e disse...

Vim de longe, estou cansado,
queria um banho e uma cama já,
mas vou sentar e conversar
mas preciso contar um sonho que tive:
Dormi durante a viagem,
você sabe que o bom pedaço desta viagem fiz de trem.
Queria fazer umas fotos e fiz, depois te mostro.

Mas acabei dormindo e sonhando.
Sonhava que passeava com você, pelas ruas da cidade,
e você sempre tentando escapar de mim,
Dizia-me sorrindo que gostava de outro,
tinha outro namorado...
que não me conhecia e eu tentava falar tudo que sabia sobre você,
mas quando me lembrava, a voz não saia
e quando a voz saia,
não dizia o que meu coração mandava.
e neste tormento eu  comecei a acordar
e cabaleando nos vagões do trem,
disse a você que não importava onde você quisesse ir
eu te levava... porque eu dirigia o trem.

Ai você ria, gargalhava e dizia que no meu trem você
não andava porque eu nunca tinha dirigido um trem.
O fato é que no meu sonho passei a noite
dirigindo um trem, numa serra cheia de desfiladeiro
e escuridão. O trem descambava, apitava, freava e disparava novamente,
noite a dentro numa gritaria infernal de aço e de pensamento.

Como se não bastasse ainda sonhei que fiquei
horas na frente do seu portão e você não chegava.
Que aflição que senti...nunca tinha dormido,
durante uma viagem de trem... sofri muito
por isso quero saber se você quer se casar comigo.
Porque eu aceito casar com você...
até pela vida inteira.

Aceito sim, disse ela...
(agora eu te aceito, te conheço melhor)
e sou feliz com você,
do jeito que você é!
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