Faltavam duas semanas para o natal e o jardim já se encontrava coberto de neve.
“Que idéia boba essa de plantar aquelas florzinhas no jardim” - pensava que devia ter pedido para que comprassem um vaso onde pudesse plantar as flores tão especiais, mas não podia imaginar... não sabia que o natal seria tão cheio de neve assim, no ano passado quase não tiveram neve e chegou a pensar que o papai noel não apareceria. Ele preferia aparecer quando nevava, não preferia?
O que faria agora? Eram só duas semanas e as florzinhas haviam demorado tanto para crescer! Elas mal tinham começado a crescer antes do frio chegar e a neve soterrar elas. Não tinha muito mais tempo e perderia a oportunidade perfeita de as dar de presente. E natal não era uma data que pudesse ser passada em branco! Nunca!
Soprou contra a janela, começando rabiscos com os dedos, tentando pensar na melhor saída para desfazer o erro bobo que havia cometido. Pedir que comprassem as flores não seria má idéia, mas queria que fosse algo que ele tivesse feito! Seria um presente melhor, com certeza. Sempre dizem que quando se faz o presente ele tem mais importância.
“Papai Noel!” - só ele poderia resolver todo o impasse das florzinhas mortas e os muitos centímetros de neve que as cobriam agora.
Correu ao quarto, pegando o papel e o giz para começar a escrever uma cartinha bem colorida e que chamasse bastante atenção do velhinho gordo e barbudo. Quanto mais atenção chamasse, mais rápido ela seria notada.
“Querido Papai Noel,
Por que as florzinhas não crescem no inverno? O que farei se as florzinhas que plantei não crescerão até o Natal?
Eu achava que elas poderiam crescer se não nevasse tanto, mas esse ano a neve está quase maior do que eu! Acho que assim as florzinhas não cresceriam mesmo, não é?
Eu sei que a minha idéia de as plantar no jardim - com ajuda do papai, prometo! - não foi muito boa, elas já estão mortas há muito tempo, mas você podia me ajudar com isso? Não sei... fazer elas crescerem seria uma boa idéia!”
Releu a carta algumas vezes e decidiu adicionar uma pequena observação. Sabia que se o agradasse o senhorzinho simpático ele o ajudaria com mais boa vontade.
“PS.: Vou deixar mais cookies e um copo maior de leite pra você dessa vez! Espero que isso ajude a fazer minhas florzinhas crescerem de novo!”
Sorriu satisfeito e dobrou o papel com cuidado, correndo até o pai, estendendo-lhe o papel.
“Papai, pode entregar ao Papai Noel?” e sorriu ao receber a positiva do pai. Estava satisfeito! Teria as florzinhas para dar de presente ao primo, que gostava tanto delas. Seria o presente perfeito!
Sabia que as duas semanas seriam difíceis de aguentar, mas o esforço era pelas florzinhas e pelo primo que gostava tanto e havia lhe dito que tinha um presente especial para si no natal.
Passou as duas semanas checando constantemente as florzinhas, esperando ver algum sinal de vida vindo da grama coberta de neve e foi na noite de natal, quando desceu fora do horário, que vira as florzinhas em um vaso agora e a cartinha apoiada nele.
“Florzinhas não crescem no inverno porque elas não conseguem o suficiente para ficarem saudáveis, elas precisam de um pouco mais de sol.
E eu sei que você pediu ajuda ao seu pai e, por ser um menino tão bonzinho, eu revivi as suas florzinhas e as coloquei num vaso, para que possa dar de presente! Espero que estejam bonitas como você pensou que ficariam.
PS.: Os biscoitos e o leite estevam muito bons! Obrigado pela porção extra
Papai Noel”
Sorriu e voltou a cartinha aonde estava, seus pais não podiam descobrir que estava descendo escondido para ver se o Papai Noel já havia passado. Subiu em silêncio e se escondeu de baixo das cobertas, dormindo satisfeito com o presente que tinha para dar agora.
E na manhã do Natal descera as escadas animado, pegando o vaso com todo o cuidado, correndo para fora, ainda com o pijama de pezinhos, para bater na porta da casa que ficava seprada da sua por alguns poucos metros. Sorriu com a porta aberta e estendeu logo o vaso.
“São as florzinhas que você gosta!”
Riu e ficou vermelho ao receber um beijinho na bochecha, dando um outro na bochecha dele. Correu logo de volta para casa, sem ligar para o presente que tinha para ganhar dele, satisfeito por ter dado o presente ideal. Sequer notou que os pais estavam rindo de toda a empolgação dele por ter dado as flores ao primo e sequer notou também que tinha, sob a árvores, alguns outros presentes para si.
“Como achou as flores? Foram muito caras?”
“Com ajuda do Papai Noel! Quem mais poderia ajudar?”