Nov 15, 2004 23:32
I don't care how lame this looks -- which is just a way of saying that I care, I just don't care that I care so as to care of the consequences of caring enough.
Anyway, this is -- or should be -- part of something else, only without the care put into it.
- "Psst", ouve-se a meio da noite
- "Err, sim?" pergunta o meu nariz franzido
- "Lembras-te das estrelas?", indaga a voz.
- "Estrelas? Quais estre... Hei, não devias estar a dormir," interrompo indignado.
- "Aquelas que viste no Algarve," acrescenta imperturbável. "Lembras-te? Olhavas para o ceu e julgavas estar num planetário gigante.", diz em tons de sorriso.
- "Hrrrr," protesta um pensamento, "não podemos falar disto noutra altura? Por amor de deus, estou a dormir. Onde é que já se viu, ser acordado pelo próprio inconsciente!"
- "Eu lembro-me. Eram bonitas," prosseguiu prazenteiro mas indiferente.
- "Bonitas? Bonitas! Mas, o que é que isso interessa? Estou quase a acordar!" reclamei.
- "Pensei que fosse importante," disse a voz com calma inconsciente, "lembrares-te delas."
- "Sim, okay, são muito bonitas. Boa noite," digo, enquanto viro a cabeça para o outro lado.
Um pensamento não tem expressão e seria incapaz de mostrar desânimo, mas de alguma forma um toque de desânimo era visível neste pensamento tresmalhado.
- "Nessa altura dizias que eram bonitas. Eu ouvia-te dizer e acenava, que sim, que eram bonitas."
Tanto quanto é possível suspirar de angústia durante o sono por não se poder dormir, um suspiro fez-se ouvir.
- "Claro que nessa altura falavas mais comigo," acrescentou o inconsciente com um toque de amargura. "Dizias ser estranho estarem ali plantadas, tão aparentemente perto, quase como uma ilusão. Eu não sabia se era perto mas concordava que eram bonitas."
- "Olha lá," perguntei eu indeciso entre raiva e curiosidade, "mas isso vem a propósito do quê afinal?"
- "Estavas a pensar em sexo..." desabafou solenemente.
- "O que é que sexo tem a ver com as estrelas?"
- "Costumavas pensar pensar nas estrelas nessa altura também. Não era só sexo."
- "Desculpa?"
- "Davas longos passeios sonhativos. Os teus sonhos pareciam estar na estrada porque olhavas para o chão enquanto sonhavas. Mas depois rias-te, levantavas a cabeça para o ceu e ficavas a contemplar as estrelas,"
- "S, sim..." pergunto desconfiado.
- "Paravas pelo caminho e limitavas-te a olhar para as estrelas, e aí nada mais importava. Não interessava mais a Rita, o computador, as frustrações, os sonhos. As estrelas estavam lá, calmas."
- "Não era suposto seres tu que pensavas em sexo a toda a hora?"
O inconsciente não respondeu, continuou apenas a olhar para cima, à procura de alguma estrela invisível.
- "Esqueceste-te disso tudo?" inquiriu.
- "Das estrelas?"
- "De olhar para tudo o resto."
Sexo?? Mas, mas... os meus sonhos são tão inocentes. Geralmente envolvem elevadores, prédios que nunca mais acabam ou qualquer outra coisa que revele latências gay iminentes ou lá o que for que elevadores são suposto significar. É por isso que nunca ligo aos meus sonhos (err, mentira). Se ao menos eu seguisse os conselhos da Sandra e sonhasse com a Gill -- what the heck am I saying?
Boa altura de ir mas é dormir.
- "Psst!"
- "S...sim?"