Jan 18, 2014 01:06
Acordo cedo, só meia hora antes de sair porque não preciso de muito tempo pra me arrumar.
Durante o banho, penso que deveria ter acordado talvez quinze minutos antes, pra que você não fique tanto tempo sozinho antes de eu voltar.
Então eu lembro.
Volto pra casa pra almoçar e, sempre antes de terminar o prato, penso em deixar a última mordida pra você.
Enquanto como a última parte do almoço, o gosto é mais amargo.
Penso em caminhar na rua, e desisto ao pensar que vou ter que atravessar os lugares que você adorava.
Preciso dormir cedo, mas quero ficar um pouco mais na sala pra te fazer companhia antes de ir pra cama.
Acabo pegando no sono muito tarde, sem conseguir relaxar no tempo que devia ser gasto com você, que só tinha a mim.
E, de certa forma, eu só tinha você.
Na minha preocupação em saber quando algo estava errado, quando sua doença iria ou não piorar, eu conhecia todas as suas respirações.
Mas agora, quando lembro, é somente da última vez que você respirou.
E parecia tranquilo.
Mas essa ausência. Essa ausência.