Título: Even You
Autora:
lady_nii Status: O1/??
Categoria: Bandas
Fandom: the GazettE
Pairing: AoixUruha
Classificação: 18+
Gênero: Yaoi, Romance, Fluffy
Sinopse: “E quando aquele belo par de coxas atravessou a porta, eu soube: A sala de detenção nunca mais seria a mesma.”
Disclaimer: Aoi pertence ao Uruha e o Uruha ao Aoi, e a imagem deles pertence ao the GazettE e à PS Company. Ninguém mais.
Informações: Aoi POV
x [ O1 - See you later. ]
'Even you die, I know...
I'll always be there, by your side.
Even you die...
E eu me perguntava quanto mais tempo eu teria de ficar ali.
Já fazia quase uma hora que eu estava ali, sentado na mesma carteira, nunca na mesma posição, rabiscando a mesa e desenhando nela com estilete. Junto comigo só mais dois caras, um dormindo já babando toda a mesa e outro olhando pro lado de fora da janela, como se fosse um autista.
É, eu tava perdido ali.
Mas aquele ambiente, aquela sala... Pra mim já havia virado quase uma segunda casa. Detenção. Era difícil eu passar um dia sem vir aqui. Mas eu era um quase marginal. Fosse pichando as paredes, quebrando mesas, gritando com os professores, fugindo da sala ou até comendo alguma gostosa pelos cantos, eu estava sempre aprontando.
Talvez fosse mais que só vontade de aprontar.
Talvez eu só quisesse brincar um pouco, fugir das regras rígidas e sempre impostas pela sociedade, mostrar pra mim mesmo que não havia nada me prendendo. Eu era livre, como queria ser.
Ali, naquela sala que já havia virado minha casa, eu podia descansar. Esquecer dos problemas. Esquecer da histeria da minha mãe a cada vez que eu ponho os pés em casa. Esquecer das brigas e gritos dos meus pais madrugada a dentro, acordando os vizinhos. Esquecer das traições não ocultas do meu pai. Esquecer do quanto a minha vida era uma merda.
É, eu gostava dali.
Aquela sala grande, com cerca de trinta cadeiras dispostas um tanto distantes uma das outras. As paredes tinham um tom bem branco, quase como hospitais, lá na frente, um mesa maior que as outras, pertencente ao professor. Professor que já se tornara meu amigo de tantas vezes que já fui parar ali. No canto, um armário de vassouras e produtos de limpeza, e mais nada.
Todo mundo que vinha ali, já havia me encontrado. Eu conhecia pessoalmente todos os péssimos elementos da escola. Andava de bando com eles às vezes. Eu era um traste, essa era a verdade. Mas era um traste consciente.
No verão dos meus 17 anos, tudo que eu queria era um pouco de paz, naquela sala.
- Aoi! Tá rabiscando a mesa outra vez?
Aoi. Não era esse meu nome, mas era como eu era conhecido naquela área. Até meu professor já havia esquecido meu nome, mas eu sabia qual era. Sabia qual era, quem era a minha família, quais eram os meus gostos e tudo mais sobre mim. Tudo aquilo que ninguém mais sabia. Porque se alguém visse o que eu escrevia na mesa, estranhariam as frases soltas, quase sem sentido, mas com uma profundidade emocional de dar prazer em ler.
E nem eu me conhecia quando aquelas frases largavam meu lápis de modo simples e quase natural.
Mas aquele era o meu verdadeiro eu.
Desenhando com o estilete sobre a mesa, eu voltava a pensar em quanto tempo mais eu ficaria naquele lugar frio. Até que a porta foi aberta num estrondo. Uma professora chegando indignada, quase quebrando a porta pra entrar e indo direto ao professor que nos estava vigiando.
E pelo modo como ela estava vermelha, provavelmente teríamos uma nova companhia.
Ela, por sua vez, tão sedenta quanto entrou e falou algo que eu não pude ouvir com o professor, saiu. E por um momento, achei que estava enganado, mas não. Ainda ouvi um grito dela no corredor e a porta se abrindo levemente.
E quando aquele belo par de coxas atravessou a porta, eu soube: A sala de detenção nunca mais seria a mesma.
Não que eu só tivesse visto as coxas do garotão mas, era impossível não reparar. Não com coxas tão torneadas que fariam qualquer modelo chorar sendo exibidas sem nenhum pudor com aqueles shortinhos minúsculos apertando levemente a carne.
E o mais fascinante era subir o olhar pouco a pouco, deixando de secar aquelas coxas tão bem formadas para chegar àquele rosto tão bem desenhado. Traços marcantes, mas suaves e delicados. Os lábios numa perfeição quase ímpar e eu podia jurar nunca ter visto aquele pedaço de carne andando pelas bandas do colégio. Porque eu conhecia todo mundo daquela área e alguém assim tão bonito não passaria despercebido.
Mas no rosto havia algo um tanto quanto estranho. Nada estético mas, havia uma vermelhidão que não era necessária ali. E não era aquela vermelhidão de timidez de eu o estar secando tão descaradamente porque ele sequer tinha percebido o meu olhar. Era aquela timidez de quem acabou de aprontar e se arrependeu. Aquela timidez inocente que não combinava em nada com aquele corpão.
E enquanto o professor o entregava a ficha que devíamos preencher, um quase testamento pedindo perdão, ele passava o olhar por mim e abaixava a cabeça. Não que aquilo fosse fora do comum, ninguém se atrevia a me olhar nos olhos. Olhando bem, aqueles óculos também não combinavam com o visual.
Pela primeira vez porém, eu vi alguém entrar naquela sala de detenção, desviar os olhos dos meus e ainda se atrever a sentar do meu lado. Aquilo era tão novo e incomum que eu tinha certeza: Havia um sorriso sacana bailando nos meus lábios.
Meus olhos seguiam ele, as mãos escrevendo seu pedido de desculpas. E quando ele menos esperava, eu puxei minha cadeira pra junto dele. Eu não ia maltratá-lo nem nada. Só queria ver o motivo de ele estar lá. Eu estava.. hm... curioso.
E mesmo ele estremecendo com a minha aproximação, ainda me deixou ver.
E eu quase pude rir. Ele estava ali porque estava “exibindo seu corpo” e havia “tingido os cabelos de modo impróprio” e também “sua franja estava além do tamanho permitido” e porque ele havia “dito palavras de baixo calão à professora”. Tanta formalidade, tanta frescura, um vocabulário tão vasto e nenhum motivo realmente interessante.
Mas talvez valesse a pena.
- Qual seu nome?
- Takashima Kouyou. - Disse sem me olhar. - Mas me chama de Uruha.
E quem diria o nome completo numa apresentação a um quase marginal?
- Eu sou.
- Aoi, eu sei. - Cortou minha fala.
Aoi. Aquele nome pelo qual todos me conheciam. Por um momento eu me senti arisco, não era o meu nome, era a forma como os outros me chamavam, era meu apelido. E nem eu havia entendido porque estava tão puto só por ele não ter me deixado dizer meu verdadeiro nome.
- É... Aoi... - Terminei baixo. Mais pra mim do que pra ele.
- Prazer.
E talvez aquele sorriso me tivesse desarmado por completo. Mas eu nunca havia visto aquele sorriso tão natural, tão sem barreiras e sincero. Um sorriso quase não esperado entre os malandros que vinham até aquela sala. Mas que me instigava a retribuir. Mesmo que meu sorriso ainda brotasse de modo quase sacana demais.
- Aoi... Pode ir pra casa já.
E enfim meu “castigo” havia acabado. E por fim eu poderia voltar pra casa e me deparar com uma mãe louca e um pai filho da puta me esperando com os sorrisos mais falsos que pudessem abrir. É, eu tinha razão pra ser assim meio revoltado.
Me levantei, deixando a cadeira da mesma forma, lá próximo ao loiro bonitão e me dirigi ao professor. Hora de enfrentar o mundo. E o que eu não esperava, me senti alvo daqueles olhos cuja cor eu não havia reparado enquanto eu entregava aquela ficha de “desculpas” e me dirigia a porta.
- Aoi!
O ouvi me chamar, aquela voz quase doce demais me fazendo apoiar a mão na porta aberta e voltar meu rosto à ele. E ele estava lá, com um dos cotovelos apoiados na mesa, o rosto apoiado sobre sua mão e aquele sorriso quase mágico demais dançando em seus lábios.
- Nos vemos amanhã?
E eu não sabia o que tinha naquele sorriso, mas sabia que era bom.
- Com certeza.
[ O2 - Coming soon ... ] x