Então, minha mãe veio até Brasília fazer um tratamento dentário e está no momento passando alguns dias aqui em casa.
Mas eu só contei isso pra contar isso aqui:
Ontem, tarde de sábado, eu estava sossegado no meu quarto, trocando as cordas do meu violão, quando ela me aparece com um presente. Ela me entregou e eu vi que certamente era um livro, embrulhado num daqueles papéis brilhantes que toda livraria parece usar. Fiquei animado e curioso. Animado por ser um nerd que adora livros, curioso por não ter idéia de que livro poderia ser - nós não tínhamos conversado sobre livro nenhum. Olhei o sorriso sarcástico de minha mãe e fiquei na dúvida se deveria abrir aquele presente.
A curiosidade foi maior, claro. Livrei o presente de seu invólucro brilhoso e, então, minhas suspeitas se confirmaram:
Mais do que isso, ela disse que estava na livraria vendo o que tinha de novo, achou esse livro, folheou, achou uma passagem interessante e decidiu comprá-lo pra mim. A passagem em questão estava devidamente com a página marcada, onde ela me pediu pra abrir e ler o começo do capítulo "Meu Filho, Meu Tesouro":
"Todo pai quer que seu filho se dê bem na vida, mesmo sendo ele um merda. Aliás, a maioria dos exemplares deste livro foi comprada por pais que presenteraram seus filhos com a intenção de encaminhá-los corretamente."
Não só aceitei o livro de bom grado, como já li ele por inteiro. Minha mãe me passou inúmeras lições de vida me comprando esta obra. Aprendi, por exemplo, que:
"(...) a melhor forma de finalizar uma vagabunda alcoolizada é a chamada FODA PLUTO. A Foda Pluto, como o nome já diz, nada mais é que a velha e boa posição cachorrinho. Com o complicador de que, graças ao teor etílico elevado, o 'cahorrinho' não consegue se manter em pé e fica com as patas escorregando para frente.
Mas, sério, ela mesmo disse que o livro não é essas coisas. Só não queria perder a chance de tirar uma com a minha cara.
Agora vocês já sabem quem eu puxei.