Hiato de junho-julho

Jul 06, 2007 16:20

"O que aconteceu?" alguém pode perguntar. Muita coisa, e absolutamente nada. Estive ocupado como final do semestre da faculdade e um curso de Ética que comecei esta semana. Nada de interessante aconteceu que valha a pena ser mencionado aqui neste tempo.

Até o momento que escrevo isso aqui, este já foi um dia, digamos, mais interessante. E embora o adjetivo "interessante" na maioria das vezes signifique algo melhor que o ordinário, não acho que é esse o caso. Três coisas aconteceram:

1 - Comecei o dia fazendo uma prova de Ética para a qual mal tive tempo de estudar. Tive que acordar MUITO cedo para ter tempo de dar uma olhada na matéria. Apesar disso, acho que fui bem. Tenho certeza que não fechei a prova, mas acho que fui bem. Seja como for, foda-se Ética. Curso chato. Só quero que acabe logo.

2 - No começo da semana recebi a excelente notícia que meu Projeto de Monografia foi aprovado. Então tive que ir depositá-lo hoje, no último dia do prazo. Uma fila que não chegava a ser muito longa se formava na porta do núcleo de monografia, mas que foi demorada pacacete. Era cerca de 12:30 e eu ainda não tinha almoçado. Fiquei sem almoçar mesmo, já que tinha que depositar e correr para meu próximo compromisso. Que era...

3 - ...uma entrevista de emprego num escritório de advocacia. Eu ODEIO entrevista de emprego. Nunca me saio bem nelas, e desta vez não foi diferente. Fiquei nervoso antes da hora. Antes de sair de casa eu pensava muita merda e ficava cada vez mais ansioso. Tipo, eu entrava no elevador e pensava: "Eu não peguei uma caneta. E se eu precisar de uma caneta? E se alguém perguntar se eu tenho uma caneta? Que tipo de estudante de Direito sai por aí sem uma caneta? Vou pegar uma caneta." Aí eu voltava pra dentro de casa, escolhia minha caneta mais bonitinha, voltava para o elevador, descia até a garagem e aí me tocava que acabei deixando a porra da chave do carro dentro do quarto enquanto pegava a caneta.

Depois de uns dez minutos procurando vaga no inferno que é o Setor de Autarquias aqui de Brasília (eu me preveni saindo mais cedo, pelo menos isso), eu percebi que tinha me esquecido de duas coisas: o nome do prédio e o número da sala. Ainda bem, eu tinha o número do escritório no celular e uma simples ligação me fez falar com uma mulher que, ao contrário de mim, não era uma completa idiota. Então eu peguei minha caneta mais bonitinha do bolso e um rolo de papel higiênico (que foi a primeira coisa que encontrei dentro do porta-luvas) para anotar o endereço. A caneta não funcionava.

Memorizei o endereço e fui até o lugar. Andando, obviamente. Eu tinha parado meu carro num lugar onde eu tinha certeza de que o prédio não poderia estar muito longe, mas adivinha? Estava.

Depois de andar debaixo de um sol feladaputa por algumas quadras - vestindo a porra de um terno, a propósito - eu cheguei até o prédio. Tive alguma burocracia mínima para poder entrar: um cadastro que pedia minha identidade e a permissão para tirar uma foto. Sei lá, talvez eles tivessem que ter uma foto minha para reconhecimento caso eu me perdesse lá dentro. Talvez a moça tenha gostado de mim e vai usá-la nas noites solitárias.

Cheguei no escritório e fui recebido por uma simpática garota que adivinhou meu nome. Infelizmente eu não consegui entender o dela, mesmo após muitas tentativas. Fui conduzido até uma sala onde fiquei esperando por algum tempo antes de duas mulheres entrarem. Não entendi direito o nome de uma (e agora penso que o problema pode ser comigo, não com os nomes), mas a outra se chamava Ruanda. Quando esta última se apresentou, meu cérebro por algum motivo me deu a imagem daquele africano de "Os Deuses Devem Estar Loucos" e eu abri um largo sorriso.

Durante a entrevista, eu perdi meu poder de articulação e soei como um imbecil. "Aaahn..." foi a palavra que mais usei. Elas falaram todas as exigências do trabalho e sobre meu currículo. O maior problema era o fato de que eu já estou perto de me formar, o que significa que deixaria aquele emprego em pouco tempo. Do meu lado, o maior problema era que aquilo é emprego em tempo integral (ao contrário do meu estágio atual), o que significa trabalhar o dia inteiro e estudar a noite. Isso tira todo meu tempo e todas minhas expectativas de fazer outras coisas fora do curso de Direito. Pelo menos, no final da coisa toda, a sei-lá-o-nome disse que gostou de mim e que entraria em contato. Não saí de lá empolgado com meu desempenho, mas poderia ter sido pior.

Agora percebi que o tempo todo que estava lá só vi mulheres, o que me deixa ao mesmo tempo satisfeito e estranhamente perturbado.

E eu não sei se vou ser chamado para trabalhar lá, mas também não sei se quero ser chamado. A causa da minha cabeça ser uma bagunça é minha vida, ou será o contrário?
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