Fazendo anos. Eu disse "anos"!

Mar 17, 2005 16:44




Dois patinhos na lagoa

Tsc... Eu digo que voltei e abandono meu LJ de novo. Tenho uma desculpa, estava ocupado completando 22 anos.

É ontem foi meu aniversário. Vinte e dois anos. Vinte e dois. Como eu sou antigo.

Ao contrário da maioria das pessoas normais, eu não curto muito a idéia de fazer aniversário passada a infância, vou explicar o motivo. Antes, vou aproveitar que tenho este momento em frente ao Tonho para fazer uma breve...

Pausa para ver como é ter vinte e dois anos

Hum...

Então é assim?

Grande coisa.

Agora, ao que interessa (?)

Um dos piores traumas da minha vida foi fazer vinte anos. Não me perguntem por quê. Não sei exato o motivo pelo qual ter completado duas décadas de vida me pareceu uma coisa tão horrível. Existem algumas coisas que me incomodaram:

1- "Vinte e quanto?" A idéia de que acabou a mordomia de dizer minha idade com uma só palavra todos os anos não me agradou. São idades tão boas essas de "oito", "quinze", dezenove" - uma só palavra e pronto. Depois de chegar aos vinte você percebe que só vai ter essa mordomia a cada dez anos.

2- "Parabéns pra você". Você não é mais uma criancinha alegre doida pra comer bolo. Você é um marmanjo fazendo cara de cu, usando um chapéuzinho ridículo enquanto outras pessoas batem palmas e cantam esperando o clímax - que é quando você tem que fazer um biquinho gay pra assoprar as velas.

3- "Parabéns". Você começa a ter dúvidas quanto ao sentido de que todos vão ao seu encontro e te abraçam lhe dando os parabéns. Parabéns pelo quê? Será que elas me acham tão imbecil ao ponto de pensar que eu não conseguiria aguentar mais um ano vivo, tamanha minha incapacidade de olhar para os lados ao atravessar uma rua?

4- "Oba! O castelo de Greyskull!" Talvez seja só comigo, mas o que sempre me deixava ansioso pela data do meu aniversário era poder arrastar meus pais para uma loja onde eles teriam que comprar um brinquedo caro para mim. Agora não tem mais disso. Meus pais nem passam o aniverásrio comigo já faz alguns anos, só recebo os parabéns pelo telefone. Ontem foi extraordinário, meus pais estavam em algum lugar do Pará onde os telefones não funcionavam e eu só consegui falar com minha mãe através de rádio, com uma mulher desconhecida na linha fazendo a conexão.

Claro, existe o motivo-mor de toda a preocupação com aniversários conforme os anos passam. A realidade me diz que daqui a oito anos eu terei trinta. Isso não é ruim a princípio, mas se torna horripilante quando você pensa no fato de que, quando chegar lá, estarei a dez anos de ter quarenta. ISSO sim dá medo.

O que tem de mais os quarenta? Ora, você entra na maldita fase dos ENTA! Depois dos quarenta não há mais salvação, essa parte da vida é uma que parece durar para sempre. Vem seguida dos cinquENTA, sessENTA, setENTA e aí vai. A fase dos ENTA é temida com certa racionalidade. Ela é incerta, longa e cansativa. Os ENTA são quase uma sentença de morte. Dificilmente alguém sobrevive aos ENTA.

"Coitado. Morrer nessa idade."
"Como assim? Ele viveu muito mais que a maioria, tinha noventa e seis anos."
"*suspiro* Pois é. Mais quatro aninhos e ele saía da maldita fase dos ENTA."

Talvez não. Talvez o medo seja irracional e quando eu estiver completando meu quadragésimo aniversário, daqui a dezoito anos, eu veja que isso tudo é bobagem e que a vida começa mesmo aos quarenta.

Pfff. Só se for o começo do fim.

Mudando de assunto, mas não muito.

Apesar desse meu humor mórbido, eu saí sim para comemorar ontem. Bebi pacarai, dormi três horas e acordei às 6 da manhã com uma puta ressaca, mas tinha que enfrentar o dia de qualquer maneira. Não tenho do que reclamar, foi muito bom.

Num determinado momento me serviram um crepe de chocolate com uma velinha rosa em cima. Todos cantaram parabéns, inclusive os garçons, e o namorado da minha prima fez o favor de anunciar o que estava para acontecer gritando bem alto, para que todos lá não tivessem dúvida que era meu aniversário e eu ia assoprar uma vela rosa em cima de um crepe.

Num determinado momento, uma garota se aproximou e perguntou se eu me lembrava dela. Por que elas fazem isso? Eu já tinha tomado algumas e forçar a memória nessa situação para evitar constragimento é desumano. Eu fingi que sabia quem era até ter tempo para me lembrar dela. Beleza, já sabia quem ela era, só faltava lembrar o nome. Me toquei que deveria ter anotado ele em algum lugar no meu celular e isso foi minha salvação. Quando voltei a falar com ela tive a oportunidade de dizer o nome e ela se deu por satisfeita.

A sobremesa foi um Crepe au Chocolat com castanhas. Muito do bom. Sem igual mesmo.

A coincidência da noite ficou por conta de um simpático senhor que, logo após o embaraçoso "parabéns pra você", veio me cumprimentar dizendo que fazia aniversário naquele mesmo dia, e que amanhã (hoje) era aniversário da filha que estava lá com ele. Ele soltou um comentário dizendo que o lugar parecia um aquário, só tinha peixes. Heh. Perguntou minha idade e disse que estava só quarenta anos na minha frente.

E mais algumas coisas. Mas já chega, né?
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