Fic: Meu Anjo
Autoras: Yaoitistas (dupla formada por Belle Malfoy e
kirina_malfoy)
Avisos: Yaoi! Se não gosta de relacionamentos homem/homem, não leia! Angst, depressão, medo e todo o pacote.
Sumário: Quando você acha que tudo está prestes a desabar...abra os olhos, sempre há uma nova maneira de descobrir o outro lado da felicidade; e um novo lado do amor. Porque os anjos estão onde menos se espera, se você souber ver. YAOI
Notas: O personagem Rafael fica a cargo de Kirina, enquanto que Belle “maltrata” o Tiago ^^’
Capitulo 4
Onde raios eu tava com a cabeça ?? Como é que eu ia tomar conta de alguém se nem de mim próprio podia tomar? Pior, ia lança-lo naquele aquele circo que eu tinha que chamar de família. Estava até imaginando, mamãe perguntando porque raios ele tinha um hematoma na cara, o velho querendo saber se ele tinha namorada e claro a vadia da minha irmã querendo abrir as pernas para ele....Perfeito, iria leva-lo para outro inferno.
Jullie deu-nos boleia até minha cara, segundo ela o Tiago ainda estava tonto demais para ir de ónibus. Talvez a noite não seja tão ruim assim, pelo menos não está ninguém em casa ainda.
Estávamos a subir as escadas para o 2º andar quando ele simplesmente apagou. Será que ele estava bem mesmo?
- Cara, para magrelo, bem que ele pesa.
- Aff, você é que é fraquinha. Ei não empurra.
- Vá, bota ele ai.
Com ajuda dela, consegui entrar no meu quarto e o deitar na cama. Mesmo apagado, viu-o encolher-se todo, como se procurasse calor humano...ou como se quisesse ficar tão pequeno que ninguém o visse.
- Bem, tou indo Rafa, se cuida.
- Ei, não vai me deixar aqui sozinho. O que raio vou fazer com ele??
- Sei lá. Beijo, toma conta da bela adormecida ai.
Puxei a cadeira do computador e sentei de frente para ele. Engraçado, o quarto que antes era suficientemente grande, me parecia agora pequeno demais.
o.O.o
Eu não sabia onde estava exatamente. Ele tinha em levado para sua casa, eu lembrava de sua amiga loira me carregando e depois um espaço em branco ocupava minha mente. Recobrei minha consciência algumas horas depois, encarando o teto branco. Ele estava sentado na cadeira, digitando freneticamente algo no computador a sua frente. Por um momento me senti enciumado, um sentimento novo para mim.
Pisquei lentamente, me encolhendo. Não sentia frio nem dor, era apenas costume. Como se a imagem de ver o namorado de minha mãe me batendo fosse algo do dia-a-dia. Vaguei meus olhos pelo quarto e pousei-los em cima dele novamente. Está certo, eu admito: eu me sentia profundamente apaixonado por ele. Talvez tivesse medo de me aproximar e ser rejeitado, por isso a idéia de negação pelo sentimento.
Suspirei um pouco mais alto e pareci escutar somente agora a musica pesada que ele escutava. Rafael parecia ter os mesmo gostos que eu, mas não se estia como eu e nem agia da mesma forma. Ele tinha controla sobre suas emoções, ele era mais forte que eu! Talvez fosse admiração, não sei; entretanto, gostava da pequena expressão de carinho que ele me dava, de vez em quando.
Ele não era bonito, mas certamente, belo. Seu cabelo ruivo parecia ser macio para alguém desleixado como ele, olhos castanhos, vibrantes. Sardas pelo nariz e pelas bochechas, lhe dando um ar de molecagem. Era alto, muito alto para alguém de nossa idade; seus lábios sempre expressando suas emoções. Sempre.
Agora que eu percebo que há muito tempo, ando observando-o. Algo que tenho subconscientemente. Seus lábios se curvam em um sorriso fantasma e ele murmura silenciosamente alguma coisa. Não sei se seria certo chamar sua atenção, mas de qualquer forma teria que falar com ele, de algum jeito ou de outro.
-Rafael...-minha voz sai rouca, como se não falasse a séculos. Sentia o gosto amargo do medo e do pânico em minha boca, subindo como uma bola escorregadia por minha garganta. Nojento, verdadeiramente, nojento. Como eu! Sempre tive esses pensamentos suicidas.
Me fazia me sentir um pouco mais humano, como se vivesse no meu próprio mundinho infestado da podridão que eu era. Ele se virou para mim, me encarando. Parecia gostar de se aprofundar em meu olhar, ele me fitava fixamente, como se estivesse perdido em algum lugar extasiante.
Eu molhei os lábios, procurando deixar a garganta menos apertada. Seus olhos acompanharam todos os meus movimentos, me ajudando a sentar-me na cama. Era uma cama macia, o quarto era bonito, aconchegante. Senti-me envergonhado com esse fato e corei.
-Eu preciso voltar para casa...-murmurei sentindo o peso que carregava durante anos nos ombros aumentar. Eu era um sádico miserável, dava a impressão que eu gostava de sofrer. Mas o que eu poderia fazer, ficar ali não parecia ser algo muito saudável. Ele ainda aprecia sentir a tal duvida de seus sentimentos por mim.
-O que você tem? - a voz grossa dele ecoou pelo quarto, me assustando. - Por que está com esse hematoma na face? O que tem de tão horrível em sua casa? Que coisas são essas que a enfermeira sabia e não contou?
O tom dele era acusador e senti receio em responder. Na verdade, eu não sabia o que responder. Ele me acharia nojento e me atiraria janela abaixo; não tinha duvidas disso. Busquei seus olhos, desconcertado e apertei as mãos nervosamente.
A luz da tela do computador iluminava somente um lado de sua face, dando a impressão de estar bravo. Sem conseguir me segurar, me encolhi na cama, tendo reflexos das lutas com Francisco, o maldito que batia em mim.
-Eu...Eu preciso ir para casa!- disse nervoso. Eles deveriam estar furiosos com meu sumiço!
o.O.o
O mundo há minha volta podia ter sumido que eu não teria notado. Nesse momento, minha realidade se baseava em mim, ele e aquele quarto. O meu peito parecia explodir e os meus punhos cerraram-se como por vontade própria. Nos meus olhos algo deve ter transparecido porque o vi encolher-se, como com medo. A raiva crescia! Raiva de mim por o fazer ter medo, dele por ter medo, será que não via que jamais o magoaria...raiva desse sentimento que me ligava a ele.
-Você não vai a lado nenhum hoje.
Parecia um veado na frente de um carro. Demasiado medo para reagir mas os olhos falavam mil línguas.
-Pega ai no celular e liga pra casa. Diz que vai ficar, ah, sei lá, inventa algo. Você não tá bem para sair daqui.
O que tinham os seus olhos para me jogarem num mundo de confusão, um mundo sem sentido, sem realidade, onde tudo parecia estar ao contrario. O que era errado, era certo, o que era certo era tão errado...era certo ser errado?
-Porque você ta me ajudando? O que você ganha com isso tudo?
Boa pergunta, o que eu ganho com isso tudo? A minha sanidade esta cada dia mais longe.
- Esse mundo é uma merda mesmo! É assim tão estranho que alguém te queira ajudar sem querer nada de volta?
Aqueles olhos são mais antigos que a sua idade. Olhos de quem já viu muito, de quem sofreu ainda mais. Olhos que me fitam como que pedindo para eu não o magoar e ao mesmo tempo me desafiam, como que dizendo que eu não estou dizendo tudo. Olhos de quem já sofreu demais...olhos de quem não conhece a bondade e a sinceridade.
- Eu...me desculpa cara.
- Sem problema.
Silencio, incomodo e desagradável. Eu encostado no batente da porta, ele deitado na cama...minha cama. Fechei os olhos e levei a minha mão á minha nuca. Demasiada tenção, demasiado stress.
- Ah...você é Rafael neh?
Me senti um personagem de anime, quando uma situação ridícula acontece e uma daquelas gotas engraçadas aparecem no personagem. Eu o trouxera para minha casa, o deitara na minha cama, praticamente o obrigara a ficar ali para amanha...e nem me apresentara. Idiota!!!!
- Rafael Martins, mas todo mundo me chama de Rafa mesmo. Esqueci totalmente que nem me tinha apresentado.
Foi bom ouvir a gargalhada dele, um riso rouco e agradável e meio embaraçado.
- Nem posso falar muito, neh? Tiago Kouth, prazer.
- Kouth?
- Eh, descendência japonesa.
- Maneiraço. Sua mãe?
O que eu falei?? O silencio voltou mais forte e opressor do que antes e eu nem sei o que disse de errado.
- Não, meu pai.
Toda a suavidade de antes, o divertimento e o brilho, desapareceram dos olhos dele, dando lugar á melancolia e solidão a que me habituara.
o.O.o
Merda! Ele estava tentando fazer de tudo pra me deixar mais tranqüilo e me fazer esquecer da minha vida; eu conseguia sentir isso. Travei a boca, sentindo os olhos arderem. Espera! Eu mal o conhecia, como diabos ele tinha o poder de me fazer sentir-se bem?
Eu não podia chorar em sua frente, seria vergonhoso demais. Depois de tantos anos acostumado a liberar as lagrimas presas sozinho, no escuro, tremendo. Fechei os olhos engolindo em seco.
- Tiago? - a voz dele parecia assustada. Afinal, eu era um garoto extremamente estranho e minha mãe fazia a questão de me falar que eu era um monstro praticamente todos os dias.
Não que eu acreditasse, mas machucava. Uma dor, não mais incomoda nem passageira. Permanente, o tempo todo ali, ao meu lado.
Soltei um sorriso rápido e voltei a abrir os olhos; as lágrimas tinham sumido, graças a Deus. Rafael se aproximou um pouco mais da cama e sentou-se.
- Você tem muita coisa contra sua mãe, não? - a pergunta foi seca, direta.
Continuei em silencio, ouvindo meu coração bater loucamente em meu ouvido. Droga, ele transmitia tanta confiança pra mim. Eu queria contar, mas pra que arriscar perder o meu primeiro inicio de amizade em uma bobageira?´
Decidi que faria de tudo parar que ele nem imaginasse como minha vida era. Talvez se criasse uma imagem adorável? Talvez ele começasse a me amar da mesma maneira que eu amava-o.
Muito cedo para saber sobre o sentimento? Contudo, de alguma forma, eu tinha certeza absoluta disso.
Todos os momentos em que ele se aproximava de mim, me olhava; minhas mãos tremiam, eu suava frio e engolia em seco. Meu peito parecia explodir.
- Ei! Não precisa responder. Desculpa. - ele disse.
Oh, eu daria minha vida por um abraço nesse momento. Era horrível não ser capaz de controlar seus próprios pensamentos. Anos de tortura de minha mãe.
Seus olhos percorriam cada pedaço de minha face, tentando memoriza-lo. Eu não conseguia olha-lo; amigo perfeito, Tiago, amigo perfeito, não se esqueça disso. Tentei lançar outro sorriso e minha respiração acelerou. Ele estava com a mão sobre a minha.
Seu polegar acariciou a palma da minha mão. Meus lábios entreabertos tremiam, eu tentava falar algo útil, entretanto, nada saia.
- Rafael...- murmurei querendo chorar. Por incrível que pareça, eu nunca havia tido um contato tão carinhoso como aquele, desde que me lembrava por gente.
Estava tão confuso, eu queria me render inteiramente ali, no momento, porem, minha mente me assolava com antigas imagens, Então, ele pareceu despertar de algo, confuso e se afastou.
Doeu.
o.O.o
Kirina: Após uma grandeee ausência, tou de volta *-* Outro capitulo de "Meu Anjo" e bom, esperemos que vcs gostem ^^'