Branca

Oct 21, 2007 22:15

 
O mostro debaixo da cama. O pesadelo real. Inimigo. Oponente. Carrasco. O mostro transportado para a realidade, bem ali na sua frente. Subitamente tudo é negro, tudo está escuro. Frio, os dedos da mão dormentes. Ele olha-a. Não fala nada. Não diz nada mas os olhos claros julgam-na.

Raiva. Odio. Violencia. Mas o medo vence.

Larga o saco com os sonhos, a mala com a esperança e corre. Corre tanto, que as pernas ja doem. O mostro voltou para debaixo da cama, mas ela viu-o. Ele é real. Subitamente tudo é um tunel escuro. Ouve barulho, vozes. Não ve ninguem, procura e nao acha. Ao fundo vê algo. Não uma luz no fundo do tunel, apenas algo. Reune farrapos de forças e corre.

Cai nos braços de quem a acolhe com um sorriso. E subitamente tudo muda. Já nao interessa se tudo o que tem são farrapos. Para onde vai, não se leva bagagem. Entra no carro, as mãos agarram a realidade. Vida. É levada para algo diferente e sente-se a cair no burraco do Pais das Maravilhas. Tudo é surreal. Tudo é belo. E tantas vozes, tanta luz. O corpo aquece com as bebidas e ja nao esta assustada. Confiança. Aventura. Promessas susserradas na borda do copo.

Entra no bairro complexo. Tantas ruas. Tantas pessoas. Sujidade no chao, sujidade nas almas. Quase toda agente vendeu algo ali. Alguns o corpo, outros a alma.

Tens algo, pergunta com a voz baixa quaase que em silencio. Escolhe o pecado, paga o preço. O dinheiro troca de mão e ela agarra o bolso. Uma grama a pesar uma tonelada. Desce as ruas. Entra no taxi e sente que vai partir numa viagem. Ri, gargalhadas acompanhadas de beijos e abraços.

Assiste tudo de fora, o corpo uma marioneta. Mais tarde deita-se na cama e não sente nada, anestesia completa. Anestesia na alma.

diário

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