Fic: Meu Anjo
Autoras: Yaoitistas (dupla formada por Belle Tsubasa e
kirina_malfoy)
Avisos: Yaoi! Se não gosta de relacionamentos homem/homem, não leia! Angst, depressão, medo e todo o pacote.
Sumário: Quando você acha que tudo está prestes a desabar...abra os olhos, sempre há uma nova maneira de descobrir o outro lado da felicidade; e um novo lado do amor. Porque os anjos estão onde menos se espera, se você souber ver. YAOI
Notas: O personagem Rafael fica a cargo de Kirina, enquanto que Belle “maltrata” o Tiago ^^’
1ª Parte
http://community.livejournal.com/fanfic_br/198324.html 2ª Parte - Capitulo 7
Queria desviar o rosto. Queria ignorar o que os meus olhos me diziam ser a dolorosa realidade. Queria simplesmente não saber a imundice do mundo.
Meu anjo tinha a sua pureza conspurcada!
A minha mão tocava a dele e no entanto o vidro nos separava. E cada investida que o homem dava nele me fazia ver o quão firme era aquele vidro. Nos separava, mas não nos protegia. Firme e cruel. Eu e Tiago não éramos para ser.
Os meus olhos arderam e me controlei para não deixar as lagrimas caírem. Não por achar que homem não chora. Não por a ocasião não o merecer. Se alguém tinha direito de chorar, não era eu. Parte de mim sabia que Tiago não tinha culpa. Vira o medo nos seus olhos quando me empurra e a firmeza com que fechara a janela. Mas porque permitia aquilo?! Porque deixar que lhe fizesse algo tão...sujo?
Virei o rosto do vidro e deixei a bílis que me subira á garganta sair. Observar meu vomitado no chão era tão mais preferível...
Os meus dedos formigavam, como que ainda sentindo o toque dos seus cabelos. Os meus lábios estavam ligeiramente inchados pelo contacto tão rápido. E, no entanto, sentia que não tinha o direito de ter aquelas memórias. Nem sabia se as queria ter. E tão rapidamente como apareceu, a lembrança do beijo foi mudada e no seu lugar estava a grotesca visão do meu anjo a sere manchado.
Um baque de uma porta a ser fechada com força me despertou do meu desespero. E os fracos soluços me lançaram noutro. Soluços de quem não tinha forças para chorar. Soluços de quem perdera a vontade de gritar.
o.O.o
Me sentia completamente nojento. Como se tivesse acabado de sair de uma guerra de lama, mas...Quem me dera se o motivo fosse esse.
Um líquido quente e grosso escorria por entre minhas pernas. Eu sabia que passaria horas, deitado, ali no chão, esfregando e esfregando continuadamente minhas coxas, até conseguir parar de sentir.
Há pessoas que dizem que uma hora você se acostuma. Isso é a mais pura mentira. De jeito nenhum você consegue se acostumar a ser abusado, a ser humilhado e sentir sua auto-estima sendo estilhaçada por um palhaço.
Minhas mãos tremiam e meu corpo convulsionava, à medida que as lembranças do que acabara de acontecer voltaram a ocupar minha cabeça.
Eu estava prestes a explodir em prantos. Algo que eu não fazia há muito tempo; certamente por causa de ter visto o olhar...Indefinido nos olhos de Rafael.
Doía, sabe?
Sei lá, eu nem conhecia o cara direito, mas, poxa...Não é todo dia que você sente algo diferente por alguém. E também não é todo dia que esse alguém te vê ser estuprado.
Encolhi-me debaixo da janela, sentando sobre os pés e tentando controlar meus dedos de não tocarem naquela coisa viscosa que escorria lentamente e pingava no chão.
Deixei as pernas mais afastadas possíveis e senti meus olhos marejarem.
Droga!
Rafael deveria estar morrendo de nojo e talvez contasse pra toda a escola no dia seguinte.
Eu não me importava. Verdade! Contudo...machucava.
Eu tinha associado aquele beijo prazeroso com o momento de abuso depois e isso me fez por tudo pra fora.
Vomitei no chão do meu quarto, convulsionando pelos soluços presos, as lágrimas prontas para caírem e o nojo, subindo como uma erupção. Vomitei até meu estomago reclamar pelo esforço e chorei.
Chorei baixinho, sentado, sentindo meu corpo doer pela brutalidade. Eu podia quase ver e rever o nojo estampado nos belos olhos, olhos a que eu tanto tinha me apegado.
Escondi o rosto com as mãos, ouvindo meu coração rasgar e a dor se alastrar. Gemi, vocalizando a angustia e então não consegui me conter.
Passei as mãos pela coxa, esfregando uma vez, e duas e três, sentindo a carne arder pela força que as unhas deixavam. A pele avermelhada com pontinhos de sangue, o roxo misturado do abuso anterior.
Limpei as lágrimas com o braço e meu estomago apertou de volta, querendo botar o nada que eu tinha, pra fora.
Comecei a arranhar a parte interna, ainda sentindo aquela...coisa, escorrendo. Encravei as unhas, querendo rasgar a pele. A agonia descendo por mim como uma avalanche. A realidade dura e crua, batendo de frente com o minúsculo sonho que tinha criado.
-Rafa... - meus lábios sinalizaram seu nome, porém, não houve som. Logo, senti braços compridos me rodearem e o susto me deixou alarmado.
-Pare! Você está se machucando! - a voz dele soou rouca em minha orelha e eu me debati. Dizer que não queria que ele me visse assim, era pouco.
Havia um filete de sangue, escorrendo na minha perna direita. Encarei minhas mãos tremulas ainda, sentindo a respiração dele na minha nuca. Meus dedos estavam sujos de sangue...E a coisa branca, que somente eu conseguia ver...Ainda.
o.O.o
O meu peito apertou. Uma única lagrima desceu pelo meu rosto. Como podia sequer pensar que ele gostava daquilo?
A doçura dos seus lábios, o seu olhar que agora sabia ser o de um animal ferido, tudo gritava uma inocência violentada. Relembrei os seus silêncios, os hematomas que a maquilhagem não escondia, as olheiras e as sombras no seu olhar. Percebi subitamente que ele se isolava, não por se achar superior, mas pelo medo de se mostrar, de deixar transparecer algo.
Queria partir a cara aquele sujeito. Não sabia quem era, não queria saber. A sua identidade, ou a falta dela, não apagava a vontade que tinha de ter o seu sangue nas minhas mãos. Não me considerava violento, não era um meio para nada, mas Tiago me inspirava uma protecção sem limites. Ele era meu.
Limpei os lábios com o punho, passando-o depois no tecido das minhas calças. E foi ao olhar para o meu punho que percebi. Ele era meu. Tiago passará a me pertencer no momento em que o carregara nos meus braços. No momento em que o vira tão vulnerável. Fora nesse momento, ao olhar para a sua forma desfalecida, que aceitara, mesmo sem saber, que o queria para mim. Não ia ser uma uma janela que me ia separar dele.
O vidro quebrou com o impacto do meu punho. Sangue corria livre pelo meu braço. Merda, rasgara fundo. Ia ter que levar pontos, mas pior ia ser ter que ouvir depois. Os meus dedos encontraram o fecho da janela, ao mesmo tempo que os meus olhos se fixavam na figura perto dela. Tiago se embalava, como que em transe. As pernas vermelhas e, no entanto as unhas não paravam de raspar.
Pulei para dentro daquele maldito quarto, me concentrando na figura encolhida. Tiago. Tiago nos meus braços. Tiago com as mechas sobre o olho. Tiago num riso contido. Tiago pensativo. Tinha que manter o meu pensamento nele, e ignorar o chão vomitado. Ignorar o que a cruelmente não conseguia parar de rever na mente.
Os meus braços o puxaram, como que o obrigando a sair daquele lugar onde se refugiara e onde eu não podia ir. Puxei o seu rosto contra o meu peito e passei a mão nos seus cabelos embaraçados e suados.
- Pare! Você está se machucando.
A minha voz saiu rouca. Ele se debateu e ao mesmo tempo os meus braços o apertaram mais forte. Sabia que o estava magoando mas não ia deixar ele se afastar de mim. Afastei-o apenas o suficiente para o virar de costas, o meu rosto perto da sua nuca.
A minha mão procurou a dele. Não reparei na sujidade dela, nas unhas em sangue. Aquele era Tiago e isso era suficiente.
- Anjo, não importa. Para, não se machuca mais, por favor. Minha mão na sua, vê? Deixa-me te ajudar, por favor, Tiago.
o.O.o
Kirina: Segunda parte *-* Merlin, já escrevemos tanto! Espero q tenham gostado, depois daquele ultimo capitulo *olhando feio para a Belle* Bjo para a Alis e para a Sam, incansaveis em pedir por mais um cap =)