Jan 10, 2008 13:48
Estou em pé, nú. Ligo o chuveiro e estico o braço, deixo a água escorrer entre os dedos, pela palma da mão, até meu pulso. A temperatura é agradável e até aconchegante. Vou para baixo do chuveiro.
A água e o sabão limpam e desentopem meus poros, mas não há sabão para limpar a sujeira em minha mente. Existiam formas para isso, mas há meses que não posso usar desse artifício.
Não estou reclamando. Decerto sei que minha sujeira me é útil, me impele a ir em frente. Ser melhor do que sou hoje. E já sou melhor que ontem!
Perco-me em pensamentos em baixo d'água. Muitas vezes pensamentos sem sentido. Mas que há!? Se mesmo o ato de pensar não faz sentido. Talvez fossemos bichos melhores se não pensassemos. Se fossemos apenas instintos, o mundo teria mais chances. A natureza teria mais chances.
Penso no que farei a seguir, mas isso eu não sei. Talvez pudesse ser escritor... Não, isso não. Não poderia vender meus pensamentos em papel, ver as bobinas trabalhando friamente, numa produção em série. Prefiro ser oque sou: Um mísero ser pensante seguindo em frente, escrevendo às escondidas. Melhor que ontem e, talvez, pior que amanhã.
Desligo o chuveiro e me enrolo na toalha. Pelo menos por fora me sinto limpo e refrescado.