o espetáculo do circo dos horrores.

Dec 20, 2007 18:19

facção central - o circo chegou.

Nas jaulas não temos tigres nem leões, temos seres
humanos confinados em cubículos super lotados,
sonhando com a agilização do seu processo, com
advogado competente, com alvará de soltura.

Pras crianças, não temos hot dog, amendoim, paçoca,
salgadinho, aliás as crianças aqui morrem de inanição,
sem leite, feijão, carne, com desnutrição extrema.

Aqui o tiro não é na lata e o vencedor ganha um
ursinho, o tiro é de URU, SIG SAWER, AR 15, FAMAS, no
agente penitenciário, na tentativa da quadrilha em
resgatar seus comparsas.

È de CICLOP, CARABINA, na cara do gambé da civil, na
fuga do Itaú, de golf com a lataria furada na bala,
igual um queijo suíço.

O tiro é de 762 do rato cinza filho da puta, no
menino negro desarmado, que pela cor foi considerado
bandido.

Levam ele pro P S, na viatura simulando ajuda
humanitária, ajuda humanitária é o caralho cuzão, eu
sei qualé que é, eu conheço sua cartilha, eu sei como
você ganha suas medalhas de honra ao mérito porco
imundo.

Você tira o corpo do local do crime, planta provas
contra a vitima e é impossível fazer a perícia.

Não é o homem bala no canhão não, é a criança de 13
anos de RUGGER, defendendo a boca que ela vende droga,
pra quadrilha rival não invadir.

De manhã vai ser mais um defunto, sem comoção do
apresentador de tv, sem 1 minuto de silêncio no
estádio.

Vai ser mais uma estatística em algum seminário,
fórum, debate, mas nenhum artista, nenhuma instituição
governamental, vai soltar uma pomba branca em seu nome
na frente do masp.

A perna de pau aqui serve pra andar na enchente, pra
não pegar leptospirose, só não serve em caso de
soterramento.

Em caso de soterramento, você tem que ligar no celular
do político na ópera em Milão.

O monociclo é substituído pela strada, pela twister,
pela 900, que para do lado do utilitário touareg, e
vara a blindagem nível 3 Imbra, do empreiteiro com uma
ponto 50.

Esse cheiro de churrasco é de carne humana, é o
pilantra que sumiu com parte da coca, é o nóia que não
pagou a pedra que pegou fiado, é o estuprador, é o
cagueta, o talarico, o rato de varal.

È algum safado, julgado, condenado e executado no
tribunal da favela.

Que pena que nessa churrasqueira também não virem
cinzas, vereadores, deputados, senadores, ministros e
presidente.

Os palhaços aqui são o povo, que elegeu um presidente
com a campanha financiada no caixa 2, pelos bingos,
fábricas de armas, cervejarias, indústrias de
cigarros, empreiteiras.

Empresas que sempre tem o retorno do seu investimento,
no mandato do seu boneco, seu fantoche, seu robô
eleito.

O ilusionismo fica por conta das CPIs, que tiram
pizzas da cartola, o resultado delas, é a parte
humorística da nossa apresentação.

No malabarismo temos crianças com seus malabares,
tentando ganhar 10 centavos no vidro do carro no
farol.

O acrobata aqui se acotovela numa fila quilométrica de
385 mil pessoas tentando uma vaga em 1200 disponíveis
pra gari.

Temos um casting vasto de números de mágica:

Sobreviver com um salário mínimo, não traficar
passando fome, mesmo com um pagamento de R$ 500,00 por
semana, não assaltar desempregado com os filhos
sonhando com brinquedos, roupas, danone, bolacha
recheada, chocolate, café da manhã, almoço e janta.

Também contamos com truques com maior grau de
dificuldade, truques pra deixar o matemático Oswald de
Souza catatônico, atenção espectadores, por que esses
poucos conseguem:

Fazer sumir os milhões do cofre da empresa de valores,
se transformar de menino pobre que teoricamente
morreria de fome, em dono do Brasil, em rei na
hierarquia do crime, com um trono num castelo de
cocaína.

Espero que a platéia goste do circo que mata 100
pessoas todo dia com arma de fogo, que é o 63º em
desenvolvimento humano, que é o 6º mais desigual do
mundo.

Que tem a policia que mata 3 mil pessoas por ano, que
segundo a Unicef, tem 6 milhões de crianças vivendo em
severa degradação das condições humanas.

Que vende pro exterior propaganda falsa do país do
carnaval, do futebol, vende seu ar afrodisíaco, suas
belezas naturais, pra que o turista venha fazer sexo
com as crianças que se prostituem à luz do dia em cada
esquina brasileira.

Aí playboy, constrói seu banker, com vidro blindado,
porta de aço balístico, com fechadura de nove dentes,
põem no seu jardim sensores de movimento, câmeras, cão
de guarda e um vigia na guarita que o show já começou.

Espectadores coloquem as balas no pente da glock, na
fita da metralhadora, no tambor do 38, deixem sair
todo ódio contido no coração.

Decapitação, eletrocução, esquartejamento, degolação,
carbonização, não importa de que forma você usa seu
surto psicótico, o que interessa é que todos
naufraguem no dilúvio de sangue.
Porque só assim se realiza:

O espetáculo do circo dos horrores.
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