Jan 09, 2010 21:38
Não sei, nem me perguntes. Tenho os olhos cansados e a boca seca.
Não sei e ninguém me pergunta, mas tenho os olhos fechados e os dentes cerrados. Agora.
Não sei, nem quero saber.
Mas se pudesse, e não sei porquê, preferia que todas as paredes desabassem sobre ti.
E se pudesse, e sei muito bem porquê, gostava de fazer estas quatro paredes desabar sobre mim.
A doença é ser a doença - a cura é inútil. Impossível. Inútil. E bate por baixo do casaco, por cima do casaco, no ar à minha volta.
A doença é ser, ser, sempre apenas ser. Inútil, impossível, inútil. E batem-me em toda a parte, sempre que abro os olhos e vejo que há em volta.
Não sei! Não me perguntes! Preferia estrangular-me a ter que responder;
Verdadeiramente cansado. Verdadeiramente.
A doença é a verdade das coisas. A doença é a timidez das coisas. A doença é a inutilidade das coisas. A doença é o amor às coisas. A doença é o ódio às coisas.
A cal
que tenho na boca
limita-me
as expressões inúteis
e faz-me
ver todo o inútil ar
à minha volta;
o ar inútil, o ar, o ar.
Eu sei que não faço sentido. Tu sabes que eu não quero fazer sentido.
Porque no dia em que começar a fazer sentido,
O coração é um terrorista, e aterroriza-me todos os minutos do dia.