(no subject)

Aug 09, 2008 14:40


Título da Fic: Quatro anos,dois meses e 3 dias
Nome do Autor(a): Tâmara aka. Tamy
Beta: Samara Suzuki
Status/Nº do Capítulo Postado: 1/1
Gênero(s): Romance
Sumário: "Ruki fechou os olhos e se espreguiçou como se tivesse acordado naquele momento, passou a mão pelo espaço vazio na cama e suspirou fundo.
"N/A: Fic pra Van e pra Mar, porque esse negócio de escrever a partir de uma palavra é legal,mas eu não sou muito boa, então eu espero que vocês gostem (e os outros também rerere)

Ruki abriu os olhos lentamente.

Pela escuridão do quarto ainda não havia amanhecido.

Suspirou e pensou em voltar a dormir, mas ele podia ver Reita andando de um lado para o outro, arrumando o cinto e procurando a camisa, caída em algum lugar qualquer.

Talvez o outro não tivesse percebido que ele estava acordado. Por um lado isso trazia uma sensação amarga de que ele pretendia ir enquanto Ruki dormia.Por outro talvez ele só estivesse inseguro, e se percebesse que o vocalista estava
acordado,e o queria ali,talvez ele ficasse.

Ruki fechou os olhos e se espreguiçou como se tivesse acordado naquele momento, passou a mão pelo espaço vazio na cama e suspirou fundo.

-Rei? - Chamou com a voz abafada.

O barulho parou e Ruki sabia que o baixista estava congelado no lugar, esperando para ver se o outro voltava a dormir.

Era sempre assim no final das contas, arranjar desculpas ou tentar imaginar o que realmente se passava na mente do
outro era bobagem.

-Dorme.

Ele ouviu a voz rouca do outro,próxima demais do seu ouvido, causando um arrepio gostoso.

Ruki permaneceu imóvel,fingindo que havia voltado a dormir, sentiu quando o lençol foi arrumado, protegendo seu corpo do frio.

x.x.x.x

-Caiu da cama?

Ruki sorriu para Uruha, e continuou bebendo seu café.

O guitarrista loiro arrumou suas coisas e sentou-se ao lado do amigo,ainda em silêncio.

O estúdio estava vazio,exceto pelos dois, o que era algo raro pois eles não eram exatamente pontuais.

Mesmo com tantos anos de amizade, e tanta cumplicidade aquele silêncio estava começando a incomodar. Uruha olhou
para o amigo,analisando-o e explodiu em risadas.

Ruki parou o que estava fazendo encarando o outro tentando entender qual o problema.Sem descobrir apenas deu um tapa na cabeça do guitarrista.

-Seja lá o que você estiver bebendo Uruha é melhor parar.

-Seja lá quem você estiver comendo Ruki é melhor pedir para maneirar nas marcas no pescoço.-Respondeu cínico, tocando com o dedo duas grandes marcas roxas.

O vocalista ficou pálido, indo rápido até uma janela fechada para verificar o seu reflexo, quase derrubando o café na pressa.

Não tinha mesmo como disfarçar, as marcas estavam alí, para quem quisesse ver, nem gola alta poderia esconder, não que ele tivesse uma na bolsa também.

-Merda.

Uruha passou o braço ao redor do ombro do outro.

-Não é tão ruim, não fosse por essas manchas ninguém ia saber o que você anda fazendo por aí.

Nesse momento a porta se abriu dando espaço a Reita, que ostentava largas olheiras e uma inconfundível expressão de quem não dormiu nada.

-Já esse aí, eu nem preciso procurar nada no pescoço pra saber que passou a noite em claro.

Ruki olhou para Uruha incrédulo, logo em seguida procurando o baixista com o olhar, não sabendo que espécie de reação
esperar.

Reita parou ao ouvir o comentário do amigo, seu olhar cruzou com o do vocalista, e ele continuou andando, com um sorriso de canto nos lábios.

A situação por si só já era estranha, mas aparentemente só para Ruki porque alguns segundos depois e seus amigos já estavam rindo e conversando como sempre faziam. Logo Aoi e Kai também estavam com eles, e o ensaio parecia normal,
como em todos os dias.

E era, como todos os dias dos últimos 3,4 anos. Reita abraçava Ruki, que tentava resistir, e de uma maneira ou outra eles acabavam na cama. No dia seguinte era sempre assim. Tenso no começo, normal depois, e tudo parecia tão rotineiro.

Ainda no primeiro ano desse relacionamento bizarro Ruki percebeu que odiava o fato de Reita nunca dormir com ele.Sexo sim, sono tranquilo não.

Ele tentou conversar, entender o que estava havendo, antes de mais nada eles eram amigos.

Reita conversou com ele, explicou que eles estavam indo muito bem com a banda, não era bom misturar as coisas. Ele concordou.

No segundo ano o vocalista já tinha perdido as contas de quantas coisas havia quebrado durante as brigas com o baixista sobre falar ou não o que eles tinham para os companheiros de banda.

Reita sempre o acalmava com um beijo doce e a explicação que não valeria a pena preocupá-los com algo que não existia realmente.

No terceiro ano Ruki odiava o fato de assistir filmes idiotas feitos para adolescentes e pensar como as vezes ele agia como uma garotinha.Ele não era uma mulher, ele não precisava de flores no dia seguinte, ou de uma ligação, mas sabia que faltava algo.

As vezes depois de alguma comemoração,ou festa na casa do Uruha, Reita saia com alguma mulher qualquer.

Ruki odiava, mas não podia exigir nada, ele não era nada além que um amigo, e no fim, também saia com outras pessoas as vezes.

Nenhuma era importante como Reita, e ele sabia que para Reita ele era a primeira opção.

Nos últimos meses Ruki chegou a conclusão que continuar se enganando era idiota. Ele não tinha dúvidas, sabia que amava Reita, nenhum tesão dura quatro anos, não se não houver algo maior por trás.

O ensaio acabou. Ruki secou o suor que escorria do rosto e bebeu água. Era incrível como ele mal se lembrava de ter cantado uma música inteira.

O menor se despediu de todos com um aceno e deixou o estúdio correndo para não perder o elevador.

Sua dor de cabeça estava voltando e ele não via a hora de relaxar em casa, longe dos olhares preocupados dos amigos.

Encostado na parede do elevador Ruki percebeu quando uma mão impediu a porta de se fechar, e suspirou ao ver Reita entrar com ele.

Estavam a sós.

-Você estava aéreo hoje.

-Não,não estava.

-Não foi uma pergunta. Aconteceu alguma coisa?

O vocalista levantou o olhar fixando-o no do mais velho.

-Dor de cabeça.

-Oh.

Ruki notou o tom de desapontamento do amigo.

-Por que,o que você ia dizer Reita?

O loiro pareceu ponderar por algum tempo, até sorrir e se aproximar de Ruki,deixando o corpo colado ao dele.

-Pensei em ir pra sua casa hoje de novo.

Ruki não conseguiu sorrir.A porta do elevador se abriu e ele saiu, indo até o estacionamento, sendo seguido por um Reita curioso.

-Ruki, você tem certeza que está bem?

-Eu não quero que você vá em casa.

O baixista pareceu surpreso, mas não chateado.

Isso irritou o vocalista,que bufou alto,chutando o pneu do carro.

Reita olhou para o menor sem entender, e achou que fosse mais um daqueles charmes, aqueles joguinhos que eles tinham há tanto tempo que ele mal podia se lembrar.

-Taka...você acha que se eu usar aquela roupa você iria ao meu apartamento.

Ruki mal pode acreditar no que tinha ouvido, e por um momento realmente considerou virar as costas, entrar no carro e ir
embora sem dizer nada.

-Você só pensa em sexo?

-Uhm?

-Não é possível Akira que depois de 4 anos você continue achando que eu só sirvo pra sexo.

Ruki percebeu quando Reita assimilou as palavras, e como ele ficou lívido, branco como papel, mas ele não sentiu
remorso.

-Você sabe que não é assim Ruki.

-Não,não é. As vezes você fica lá em casa e nós assistimos filmes,nos beijamos, conversamos, rimos, até parecemos um
casal.

Reita ficou um tempo em silêncio, e antes de responder olhou a sua volta, para ter certeza que ninguém estava ouvindo.

-Não diz isso.

-O que? Que somos um casal? Nós somos Reita ou nós poderíamos ser, eu não sei.

-Nós não somos.

-É, e o que faz de nós diferentes de um casal normal? Além do fato de você ser um maldito teimoso e não admitir isso nem para você mesmo.

Ruki estava ficando transtornado, aumentando a voz.

Reita o pegou pelo braço e o puxou até seu carro, entrando com pressa e fechando as portas.

-Por que tanto medo de nos ouvirem? Eles são nossos amigos Reita.

-Nós não somos um casal, eu não sou gay.

O vocalista por um momento pareceu sem palavras. Os olhares se cruzaram novamente e eles se beijaram, famintos,
desesperados, as mãos se explorando,até se separarem ofegantes,sem se encarar.

-Você fica excitado com um maldito beijo e não é gay,me poupe Reita.

O loiro tentou não encarar o menor enquanto tocava os lábios com a mão.

-Eu não...eu não posso ser gay.

-Por que não? Olha,eu não to pedindo pra você berrar isso no meio da rua,ou em algum show,pelo amor de Deus não faça isso, mas...eu não quero ser sua diversão pra sempre, eu quero amar e ser correspondido.

Reita encarou o menor, as olheiras mais fundas que nunca, e Ruki mal sabia que sempre que o outro deixava a sua cama ele não conseguia voltar a dormir.

-Eu não posso porque é errado. Quer dizer, olha pra mim, eu sou homem, não posso ser visto com outro homem, eu não posso admitir que...

-Se sente atraído por mim? Que me ama também? Okay Reita, você está sendo mais orgulhoso que eu, e isso É grande coisa.O que custa admitir o que sente?

-Eu não estou sento orgulhoso.

-Tem razão, você está sendo egoísta.

Com isso Ruki saiu do veículo indo até o seu próprio, e o caminho até sua casa foi feito totalmente no automático.

x.x.x.x.x
-Okay rapazes, o ensaio foi ótimo por hoje é só.

Assim que Kai anunciou o fim de outro dia de trabalho todos começaram a arrumar suas coisas e se preparar para partir.

Era sexta-feira e Uruha, como de costume, não pensava em ir para casa.

-Escuta, vocês estão afim de passar lá em casa? Beber alguma coisa, sei lá.

Ruki sorriu, e pensou em aceitar apenas para esfriar a cabeça e se abastecer com um pouco de álcool. Ele não era um
personagem de filme, mas ainda podia agir como um e afogar as mágoas.

-Hoje não dá, eu e o Ruki vamos sair.

O menor olhou para Reita confuso demais para fazer cara de bravo.

-Vão aonde? -Perguntou o guitarrista curioso.

-Vamos jantar fora.

E a cada segundo Ruki tinha mais certeza que Reita havia perdido o juízo.

-Como assim vão comer e nem nos convidam? -Brincou Kai.

-Desculpa rapazes, dessa vezes somos só nós dois.

-Um encontro duplo?

-Um encontro meu com o Ruki.

A sala ficou em silêncio e ninguém sabia o que dizer. Uruha pensou em fazer uma piada, mas ele não sabia se era a hora,
e o momento passou.

Ruki estava vermelho, sem graça, e sem palavras. Puxou o baixista pela mão para fora da sala e ficou um tempo apenas olhando o rosto sério do outro.

-O que...

-Não me peça pra aceitar que eu te amo há quatro anos logo de cara.Deixa eu me acostumar com esse lance de gay aos poucos.

-Você precisa de mais tempo? Quer dizer são 4 anos,2 meses e 3 dias.

Reita olhou divertido para o menor que encabulado jurou que esse era "um número qualquer" e que ele não estava realmente contando os minutos para algo como isso.

-Vamos fazer isso como um casal normal dessa vez? Do zero? Com encontros e essas coisas.

-Reita, o que aconteceu com você? Ninguém muda de um dia pro outro.

-Minha mãe sempre disse que eu era muito orgulhoso, e que um dia ia magoar alguém que amo só pra não dar o braço a torcer.

O silêncio voltou e eles se beijaram.

E foi o fim, ou começo, mais clichê que poderia acontecer, mas Ruki não ligou.

FIM 
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