(no subject)

Dec 16, 2008 22:34


Título: See a little light

Beta: Samara Suzuki

Gênero: Drama

Pares:ReitaxRuki

Classificação:NC-17 (pela linguagem)

N/A: Comentem ;*



Era tão horrível te ver e não poder te tocar.

Nesses momentos eu simplesmente preferia que nunca tivéssemos tido nada, era uma merda ter que conviver quase que diariamente com você e saber que agora não éramos mais melhores amigos, ou amantes, companheiros.

Estávamos reduzidos a ex-namorados.

Incrível como é possível uma pessoa tão pequena e adorável causar tanta dor.

Eu não ligava mais para nada, sabia que uma hora as desculpas para o meu abatimento não seriam mais o bastante, afinal, ninguém pode estar gripado em todos os shows e photoshoots.

A corda do baixo arrebentou cortando meu dedo, e se não fosse pela nota errada eu talvez nem tivesse percebido.

A dor do dedo jamais seria capaz de me distrair da dor que eu sentia no peito.

Parecia simplesmente loucura, um daqueles lances piegas o que eu sentia pelo Ruki, mas não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso.

Quer dizer, as pessoas esperavam que EU fosse o canalha, que se algo fosse pra dar errado que a culpa fosse minha, e não do frágil e doce Ruki, pervertido nos palcos e tímido fora dele.

-Reita, você tem certeza que tá bem?

Acordei de um transe e quando olhei para o dono da voz que me chamara, percebi que Aoi estava com uma expressão de preocupação.

Sendo mais atento notei que ele não era o único que me encarava, até Ruki estava prestando atenção em mim, mas eu não consegui ver o que queria naqueles olhos brilhantes.

Doía saber que aquele brilho não era por minha causa.

-Eu acho que preciso de um cigarro.

-Achei que você tivesse parado.

Sorri para Uruha.

Eu sabia que o loiro só estava preocupado comigo, da sua maneira, e por isso não respondi mal.

Era melhor me matar com um pouco de nicotina no sangue do que matar aquele maldito maquiador que tinha a única coisa que eu não podia alcançar.

Não preciso de crime para deixar essa história ainda mais dramática.

O vento que batia em meu rosto no terraço do prédio da gravadora era uma delícia.

Eu queria poder tirar da minha mente todas essas lembranças que essas paredes me traziam.

-Reita.

Eu não abri os olhos.

-Ruki, me faz um favor?

-Uhm?

-Vai se foder.

Ele não me respondeu.

Ficou parado lá, até o silêncio me irritar e me fazer abrir os olhos e encarar aquele homem que já me fizera tão feliz, e hoje era apenas o meu fantasma particular.

-Você nunca me quis né?

-Quis.

Eu podia ver que era verdade, mas ainda assim meu coração gritava que ele era um maldito mentiroso.

-Por que Ruki? Por que você me largou?

Ruki suspirou e escondeu aquele rosto redondo que eu tanto amava beijar nas mãos pequenas, e que já haviam me dado tanto prazer.

-Eu estou apaixonado pelo Toshimitsu.

-Você me fez te amar. Quer dizer, eu sempre te amei, mas sempre te vi como um irmão, e aí você vêm, fala dos seus sentimentos, me faz perceber que o amor não tem sexo nem barreiras, me faz te desejar como eu jamais desejei qualquer pessoa antes... E então você se apaixona pelo maquiador.

-Reita...

-Como? Como você quer que eu me sinta?

-Desculpa.

-Sabe Ruki, eu quero mesmo que você vá se foder.

Eu não ia chorar na frente dele, eu não chorava, por mais que estivesse doendo.

Mas acho que não precisava, porque ele me olhou com dó, e tentou alcançar meu rosto com as mãos.

-Ele te dá tanto prazer quanto eu?

Um momento de hesitação passou pelos olhos castanhos, como se ele não estivesse acreditando que a conversa estava tomando esse rumo.

-Reita...

-Você faz com ele tudo que fazia comigo?

-Você não precisa ouvir...

-Você já chupou ele aqui, nesse terraço, que nem fez comigo?

Eu consegui atingi-lo, mas a verdade é que o silêncio doeu mais em mim do que nele.

Era uma confirmação.

-Desaparece da minha frente.

-Que diferença tudo isso faz Reita? Nós somos uma banda ainda, você precisa entender e superar.

-Ruki...

-Eu achei que te amava, mas não amo, não desse jeito, a vida continua.

O vento gelado soprou forte no meu rosto, quase como um alerta.

Eu parei de pensar e segurei forte aqueles braços, puxando o vocalista para o meu abraço, beijando seus lábios com vontade, sorrindo quando notei que ele passara a corresponder o beijo.

-Você não vale nada Matsumoto, nada.

-E é por isso que nós não podemos ficar juntos, você é...

-Não diz que eu sou bom demais pra você, porque eu sou, mas não quero ouvir isso da sua boca.¹

-Desculpa.

-Por? - Perguntei com a voz rouca.

-Por deixar você.

-Você ainda me ama?

-Não.

Aquilo doeu.

-Como sabe que não ama se há pelo menos dois meses você jurava exatamente o contrário?

-Se eu te amasse não teria te deixado.

-Nunca deixou alguém que ainda amasse?

-Nunca.²

Eu sorri sem vontade de toda aquela situação.

Ruki me olhou sem entender minha reação e riu junto, mesmo sem saber o motivo da graça.

Eu precisava de mais um cigarro, e ele, como se lesse minha mente, me ofereceu um.

Ficamos ali por algum tempo, meia, uma, duas, três horas.

Eu sabia que nenhum dos outros caras iria nos atrapalhar, eles queriam que aquela conversa acontecesse, eles queriam me ver bem, eles me amavam.

Quando o silêncio deixou de ser confortável e parecia ter esclarecido tudo sem palavras eu o abracei, e entrei para o prédio.

Enquanto andava até o estacionamento cruzei com Toshimitsu, que sorriu daquele jeito perverso que me fez odiá-lo desde o dia que ele entrou para a equipe.

-Vocês voltaram?

Dessa vez eu ri de verdade.

-Não.

Ele se aproximou de forma ameaçadora.

-Contou pra ele do meu convite indecente?

-Não. - Respondi apertando o punho dentro do bolso.

Ele pareceu surpreso com a minha resposta, e em seguida deu uma risada sem humor algum.

-Você podia ter provado pra ele que eu sou um canalha, que você é mil vezes melhor... Você sabe que eu vou fazê-lo sofrer.

-Eu sei.

-E por que deixou?

Eu não precisava virar pra saber que Ruki estava em algum lugar ouvindo tudo. Só não tinha certeza se Toshimitsu também tinha essa informação ou se apenas eu com meus longos anos de cumplicidade poderia ter percebido.

-Por que eu deixei? Não sei.

-Você sabe. - Ele acusou tocando meus lábios com a ponta dos dedos.

-É, eu sei. É porque ele merece.

E com isso me afastei daquele homem antes que meu controle fugisse completamente.

Entrei no carro e pude ver a figura do vocalista, tentando ir até seu próprio veículo sem ser percebido.

Estava longe e escuro, mas eu sabia que ele estava chorando, e eu não sabia que ficar sem seu toque, sem seu corpo apertado em volta do meu podia ser tão ruim.

Mas eu estava me saindo muito bem, e em algum tempo Ruki seria apenas meu colega de banda de novo, e a falta que seu calor me faz será apenas uma lembrança distante.

Ele não esperou que eu saísse antes de arrancar com seu carro, e ao passar por mim eu pude ver aquela jaqueta laranja que ele tinha desde a nossa adolescência.

Eu ri para a ironia da situação.

Eu já amara tudo em Ruki, e agora até a jaqueta era alvo do meu rancor.

O celular tocou e eu sorri ao ver o nome piscando na tela.

-Nossa, eu tava pensando em você! Sério... uhm... Claro, eu tava pensando mesmo em te chamar, é só escolher o dia.

Fim

¹ e ²- Diálogos inspirados no filme ‘Closer’, que eu amo.

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