Behoooold...ANOTHER FIC.

Jan 17, 2011 01:04

É...acabei escrevendo uma fic, tipo, finalmente.
Na verdade ela saiu de muitas discuções de MSN com a B_What, e ela acabou betando a fic no final...Então é.

Sademofanfic sobre Brasil holandês, pq não consigo escrever mais nada que não envolva esse 4.

( a tradução das falas em holandês está no final, então não precisam jogar no google translator. kaythanks. )



A carruagem chacoalhava muito naquela estrada estreita e pedregosa. O barulho dos cavalos que a puxavam, as rodas rangendo ao relutar para vencer os obstáculos, a conversa das pessoas naquela caravana, o som da chuva lá fora, tudo parecia querer abafar qualquer palavra dita pelas três crianças a bordo do veículo. Era um silêncio atormentador entre eles, mas Pernambuco preferia que nada fosse dito sobre o porquê da viagem.

“Holanda está muito ocupado ultimamente. Pergunto-me o que será que ele está fazendo indo diretamente para um território ao norte sem passar pela Mauritsstad antes.” Pensava Pernambuco olhando de relance para os irmãos mais novos, que não sabiam para onde estavam sendo levados. O irmão mais velho explicou somente que Holanda havia os chamado para lá, por que ele queria mostrar uma coisa. E não falou mais nada. Por sorte Paraíba e Ceará não insistiram com mais perguntas.

A menina estava com o seu mais novo vestido, que usaria especialmente para ocasiões especiais. Desde que a chuva começara, havia fechado as cortinas da janelinha para as gotas não molharem os detalhes bordados da saia. Mesmo assim ainda se sentia curiosa em observar a paisagem.

Ceará não se importava em molhar a frente das suas vestes, e Pernambuco notou que a gola branca do irmão caçula já estava ensopada. Mesmo assim, o mais velho não reprimiu Ceará, por que o menino quase não via chuva na vida, e ficava muito tranqüilo quando a sentia molhando o rosto.

No chacoalhar daquela carruagem apertada e abafada, Pernambuco era o único que suspeitava das intenções de Holanda ao chamá-los. O europeu mandou-lhe uma carta, na qual deve ter explicado melhor tudo aquilo, mas das palavras que a província conseguiu traduzir do idioma, Pernambuco só entendeu que o homem queria apresentar lhes um novo irmão. Porém, pelo caminho que aquela viagem estava tomando, Pernambuco suspeitava ainda mais de que algo estava muito errado. Afinal, o que de novo teria na província do Rio Grande? Será que ele...

- Ah, a chuva parou. Falou Paraíba enquanto abria as cortinas e voltava a olhar pela própria janela.

Ceará voltou a se endireitar no banco enquanto o irmão mais velho tentava secar o rosto do bebê, ainda pensando no que aconteceu com o Rio Grande, e quem seria esse tal novo irmão mencionado na carta de Holanda.

A viagem de carruagem foi curta, já que a maior parte do percurso havia acontecido de barco, numa das muitas caravelas da companhia das índias ocidentais. Paraíba observava curiosa quando a carruagem adentrou a vila de Natal, e havia realmente muitos motivos para despertar a curiosidade.

Pernambuco começou a se sentir desconfortável, ao olhar pela janela, via que muitas das casas estavam reduzidas a cinzas. O movimento de holandeses carregando pertences e armamentos era tão grande quanto o movimento de portugueses, índios, e alguns escravos que carregavam entulhos e tentavam reconstruir as casas sob o olhar frio dos invasores.

Algumas casas holandesas já estavam prontas, e lá longe dava para ver o Forte dos Reis Magos, com sinais claros de que ali houve uma batalha violenta. Pernambuco viu a bandeira dos invasores, tremulando, acima dos muros de pedra do forte, a mesma bandeira que ele viu ser hasteada na sua praça mais importante recentemente. A bandeira era imponente, e aquela devastação só deixava o clima mais tenso.

- O que aconteceu com o Rio Grande? - Perguntava Paraíba, aflita com a visão.

Pernambuco engoliu em seco, pois agora ele estava quase certo do que havia acontecido, mas esperava que suas suspeitas não se confirmassem.

- Eu não sei... - Respondeu o mais velho, tentando parecer calmo.

Paraíba endireitou-se na cadeira, com o olhar preocupado. Ceará estava no seu silêncio característico, o olhar inexpressivo focava no vazio, enquanto suas perninhas balançavam pra fora da cadeira. Às vezes tocava na própria roupa como se quisesse arrancá-la, o desconforto presente nos seus gestos. Paraíba tirou um pequeno terço, que estava escondido no vestido, e rezou um pouco, discretamente para não ser repreendida por nenhum holandês próximo.

A carruagem parou, e imediatamente alguns escravos que acompanhavam a caravana se aproximavam para retirar os pertences de dentro do veículo. Uma índia se ofereceu para carregar o pequeno Ceará, mas Pernambuco não deixou, levando o menino no colo e segurando Paraíba com a outra mão. O irmão mais velho não gostava do que via, já que a casa em que o anfitrião deveria estar para recebê-los agora era só um amontoado de escombros e carvão.

“Meu Deus... O que Holanda está planejando fazendo isso?” Pensou enquanto reconhecia uma parte da mobília da casa do Rio grande, totalmente escurecida pelo fogo. Dois generais estrangeiros se aproximaram e pediram naquele idioma ríspido e gutural, para que as crianças os acompanhassem.

Durante a curta caminhada, Pernambuco percebeu que a mão da Paraíba estava trêmula e suada, e os braçinhos do Ceará enlaçavam fortemente o pescoço do mais velho. Estava claro que eles não queriam estar ali, e Pernambuco estava ficando arrependido de ter os trazido.

Mas já não havia mais a possibilidade de voltar. Logo o grupo chegou à frente de um belo sobrado holandês recém construído, e na frente do prédio estava ele. Holanda fumando seu cachimbo de sempre, as costas apoiadas na moldura da porta, esperando pacientemente pela chegada do grupo. Estava com seu uniforme militar, cheio de brasões e condecorações. Provavelmente estava, ou iria para algum evento oficial, mas mesmo assim estava na porta daquela casa, o olhar forte e ao mesmo tempo frio; inflexível.

Os dois generais bateram continência ao se aproximarem da nação, e deram espaço para as crianças passarem. Pernambuco notou que o europeu tentou esboçar um sorriso quando o viu, mas olhava indiferente para os demais irmãos. Quanto a eles, pareciam nervosos demais para se lembrarem de cumprimentar o homem, de forma que Pernambuco foi o único a dar uma pequena reverência ainda que desajeitada.

Ao adentrarem na casa, percebia-se um grande movimento de pessoas que iam e viam trazendo a mobília, a decoração, os livros e vários outros pertences dos futuros residentes. Holanda passava rapidamente por vários corredores, ainda empoeirados por terem sido construídos há pouco tempo. Pausava para dar algumas instruções a outros holandeses que passavam igualmente rápidos.

No fim do corredor principal, ele entrou por uma porta à esquerda sendo seguido de perto por suas novas colônias americanas. O quarto já estava todo mobiliado, e as janelas abertas eram grandes, deixando o ambiente arejado. Mesmo assim, o clima daquele quarto era pesado, pois havia alguém muito ferido deitado na única cama do aposento.

Holanda se aproximou e passou a mão suavemente pelo cabelo escuro da criança, os três visitantes se aproximaram do leito e puderam observar que o paciente só conseguia mexer a cabeça, Pois o corpo dele havia sofrido queimaduras, e tinha várias partes do corpo e do rosto, coberto por ataduras.

Paraíba se aproximava um pouco mais, pois não reconhecia o ferido e Ceará espiava o corpinho inerte com o canto dos olhos, ainda segurando o irmão mais velho pelo pescoço. Pernambuco sentia o nó na garganta ficar mais forte, mas tinha que manter-se firme. Não podia chorar ali, não na frente de Holanda, mas... Ver o Rio Grande em estado tão lastimável era uma das piores coisas que se poderia acontecer. E por que tinha isso tinha que ser tão cruel? Pernambuco queria ter conseguido evitar que isso acontecesse como conseguiu evitar que Bahia sofresse a invasão, mas nunca tinha imaginado que seu irmão seria afetado de tal forma.

Holanda explicou a situação lentamente, tentando fazer com que as crianças entendessem o ocorrido. Pernambuco entendeu a parte que as pessoas do Rio Grande estavam resistindo muito à colonização neerlandesa e por problemas territoriais e religiosos, tiveram que queimar várias casas e igrejas da capital. Mas o rapaz não entendeu o porquê da necessidade de queimarem também todos os documentos e resquícios da presença dos colonos portugueses naquele território. Afinal, ninguém sabia o que tudo aquilo iria influenciar no comportamento do menino.

Holanda falou algumas palavras para o paciente que respondeu ao mexer a cabeça em afirmação. O europeu ergueu a cabeça da criança e lentamente retirou as ataduras do rosto dela. Logo, o rosto ferido e sonolento do Rio Grande estava lá, sem forças para se erguer do travesseiro abaixo, uma única atadura ao redor da testa segurava um curativo grande atrás da sua orelha esquerda, os olhos castanho-esverdeados lutando para focarem nos rostos dos irmãos, que ele não parecia reconhecer.

Paraíba não segurou o choro ao reconhecer o ferido, e Ceará se esqueceu do pescoço do irmão mais velho enquanto jogava os braços em direção a cama. Pernambuco que ainda lutava para segurar as lágrimas, respirou fundo e olhou decidido para Holanda. Procurou as palavras certas antes de perguntar:

-Wat...Wat heb je gedaan met hem?

Holanda virou-se para ele, os olhos frios. Deu mais uma baforada com o cachimbo.

- Ik heb gedaan wat ik denk is het juiste ding om te doen. - Disse voltando a observar a criança piscar confusa, olhando a irmã chorando aos pés da cama.

- Ik hoop dat je hem de juiste welkom. Nu moet ik gaan, had deze jongen mij te veel problemen.

E saiu do quarto como se não tivesse feito nada demais, andando rapidamente pelo corredor e dando mais instruções para outros passantes. Assim que ele saiu, um dos generais bateu na porta avisando que dali a 30 minutos outra carruagem os levaria de volta ao cais. Por que aquelas boas vindas tinham de ser tão cruéis? Por que o tempo parecia não dar trégua para aqueles momentos de tanta angustia? Paraíba já tinha se acalmado o suficiente para conter as lágrimas, Ceará estava sentado no colchão, observando tudo muito atento.

Pernambuco se permitiu chorar um pouco, já que o europeu não estava mais no quarto para reprová-lo com o olhar. Frio e inflexível como algumas de suas ações. O estado em que se encontrava aquela pequena província era com certeza o resultado dessas ações, e Pernambuco começou a pensar que aquilo tudo estava ficando errado. Rio Grande abriu a boca, tentando pronunciar algumas palavras. Com dificuldade, sua voz saiu num sussurro quase inaudível:

- Wie bent u?

Pernambuco aproximou e ajoelhou-se, olhando firme nos olhos claros do Rio grande, que se desviaram automaticamente como que por medo. O mais velho ainda chorava, e não conseguia achar as palavras apropriadas em holandês para que o “novo irmão” entendesse.

-S-somos os teus irmãos, Rio Grande...Saiba que te amamos muito, e não vamos deixar que isso aconteça novamente...

Como esperado, o “novo” Rio grande não entendeu o que aquele rapaz estranho disse, e também não entendia por que a menina chorava tanto nem quem era aquele bebê que agora brincava silenciosamente com o lençol da cama. O que eles estavam fazendo ali afinal, Rio Grande não sabia, mas estar com eles ali era melhor do que estar sozinho. Então fechou os olhos e conseguiu dormir tranquilo, mesmo sentindo muita dor, mesmo estando confuso...Pelo menos havia visitas que se preocupavam com ele.

-Seja bem vindo.

Escutou Rio Grande, antes de adormecer.

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traduções das frases em Holandês~~

Wat...Wat heb je gedaan met hem? = O...O que você fez com ele?

Ik heb gedaan wat ik denk is het juiste ding om te doen. = Fiz o que achei certo fazer.

Ik hoop dat je hem de juiste welkom. Nu moet ik gaan, had deze jongen mij te veel problemen. = Espero que dêem as boas vindas a ele. Agora preciso ir, essa criança já me deu problemas o suficiente.

Wie bent u? = Quem são vocês?

And thats it.

ow...headcannon, flash back, fanfic, angst, oxente!?, estados-tan

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