Título: Desarranjo Intestinal
Autora: Lie-chan (
jesse_no_baka)
Categoria: Bandas
Fandom: the GazettE
Casal: ReitaxRuki (principal), AoixUruha e KaixNao (mencionados)
Gênero: Comédia, romance, yaoi
Classificação: 18+
Sinopse: De algumas coisas ninguém consegue escapar...
Direitos Autorais: Ontem eu estava jogando poker com o Miyavi e, depois de perder meus bichos de pelúcia e mangás... Ganhei todos os gazeboys! 8D *cai da cama e acorda*
Outras informações: Eu só postava minhas fics no Nyah! fanfiction, mas já que algumas pessoas não lêem lá, decidi colocar aqui também. Mas, se você tem conta lá, que tal me deixar um review? *-*
Parte I:
- Ruki, tudo bem com você? - Perguntou-me com a voz repleta de ansiedade, mas sem coragem de olhar em minha direção. - Eu avisei que você estava exagerando nos doces! - Completou repreendendo-me.
Tudo o que consegui fazer em resposta foi soltar um longo gemido, enquanto passava os braços ao redor de meu próprio corpo em um claro sinal de dor. Uma leve ardência já atingia minhas nádegas pelo tempo no qual estava sentado na privada.
Ele tinha razão, eu não deveria ter comido nem metade do que comi.
Mas é claro que, como sempre, meu estômago falou mais alto que meu bom senso. Aliás, muito mais alto. Tenho sorte de não ter tendência a engordar, caso contrário já seria uma bola - como Reita nunca se cansa de me lembrar.
Apesar de ainda estarmos em plena quarta-feira (ou melhor, quinta, já que falta pouco para o amanhecer), Uruha dava uma tumultuada festa em seu grande apartamento. Na certa tinha pagado os vizinhos para não receber reclamações, pois o barulho da farra provavelmente podia ser ouvido de longe.
Não entendo porque aquele loiro oxigenado se dá ao trabalho de organizar tudo isso, se na maioria das vezes chama o Aoi para conversar qualquer coisa aleatória e os dois somem pelos cantos por um longo período. Como se todo mundo já não soubesse o que eles estavam fazendo.
- Quer que eu vá à farmácia comprar algum remédio? - Mas uma vez a fala preocupada de Reita interrompia o silêncio.
Comecei a sentir-me culpado por estar prendendo-o no banheiro comigo. Principalmente estando eu naquela situação. Era uma de nossas raras semanas de folga, ele deveria estar se divertindo! Não cuidando do amigo com diarréia.
E, mesmo que algumas pessoas considerassem a desgraça dos outros bastante engraçada (se Aoi estivesse aqui ia estar morrendo de rir), esse, definitivamente, não era o caso. Reita passava as mãos nervosamente pela nuca, talvez até mais aflito do que eu.
- Não precisa, daqui a pouco eu vou estar melhor. - Tentei soar o mais tranqüilo possível, arriscando um sorriso de canto. Claro que não fui nem um pouco convincente, visto que alguns segundos depois já estava gemendo de dor novamente.
Estranho isso, não? Eu estava a mais de uma hora sentado em um vaso sanitário sem conseguir me aliviar, entretanto o desesperado ali era ele. Poderia até rir, se não fosse pelo estado no qual me encontrava.
Parecia que eu não era o único a pensar desse modo. Reita deu um sorriso forçado, desencostando-se da parede onde estava apoiado e começando a andar em círculos pelo banheiro.
Não pude me manter em mais reflexões, pois uma forte pontada atingiu meu baixo ventre, forçando-me a encolher-me ainda mais. Mordi o lábio inferior, tentando reprimir a vontade de gritar.
Minha pressão deveria estar caindo. Quase que instantaneamente minhas roupas estavam encharcadas de suor, juntamente com meu cabelo, que agora grudava no pescoço.
Merda! Fiz chapinha a toa.
Fechei os olhos com força, controlando a respiração. Passei a puxar o ar com o nariz e o soltar com a boca, num gesto que muitos consideram calmante, mas que não estava fazendo diferença alguma.
Se eu começasse a tremer, coisa freqüente quando extrapolo no açúcar, tenho certeza de que Reita entraria em estado de choque. Mesmo não podendo o ver, sei que deve estar quase tendo um piripaque de tanta preocupação.
Mas que droga! Por que ele não pode simplesmente ir embora e me deixar cagar em paz? Não que eu não aprecie seu cuidado comigo. É só que algumas coisas ele não precisava ver. E essa é uma delas.
Afinal, eu sou adulto! Posso me virar muito bem sozinho!
Okay, talvez nem tão bem assim. Mas pelo menos deveria saber me virar.
Abaixei a cabeça, mesmo sabendo que essa não era a melhor coisa a se fazer, escondendo meu rosto pálido com a franja. O que menos precisava agora era de um amigo desmaiado. E eu sabia que isso ia acontecer se ele continuasse ali. Reita sempre foi muito fresco com essas coisas.
- O que vocês dois tanto fazem aí? - Ouvi a voz divertida de Uruha vinda do outro lado da porta. Ele estava obviamente bêbado, pois empregava o tom mais irritantemente alegre e agudo que já o vi usar. - Estão pensando que o meu banheiro é motel? - Completou fingindo-se de bravo, mas sem conseguir controlar algumas risadinhas entre a frase.
- Os deixe em paz, não está vendo que querem um momento a sós? - Dessa vez era Aoi, que também parecia um tanto alterado, mas nem tanto quanto o amante. Seu tom era de deboche.
- Mas eu preciso usar o banheiro! - Choramingou, soando mais sério dessa vez.
- Use o banheiro da suíte, Uruha. Acho que eles ainda vão demorar... - A voz de Kai era no mínimo maliciosa ao proferir essa frase.
Espera aí! Kai? Até ele? O mundo está conspirando contra mim? O que aqueles desgraçados faziam ali? Não tinham nada melhor para fazer não?
Certo, Uruha estava embriagado, o que explica não estar se agarrando com Aoi em vez de encher o meu saco. O moreno se recusava a ir para cama com alguém fora de si.
Mas e Kai? Porque estava ali? Ele nunca gostou muito dessas festas. Sem falar que ainda estava um pouco deprimido pelo casamento de Miyavi, mesmo que os dois nunca tivessem tido nada sério. Bem, fico feliz por ver que ele começou a esquecer aquela girafa colorida, no entanto, tinha que ser logo agora?
Olhei para Reita. Ele observava fixamente o chão, constrangido. Provavelmente suas bochechas cobertas pela faixa estavam coradas. Estava tão fofo! Dava vontade de afofar.
- Não é nada... - Começou Reita, se embolando com as palavras enquanto pensava em uma explicação. Porém eu não o deixei terminar.
- Certo, nós estamos fodendo no banheiro, algum problema? - Encarei o piso de azulejos impecavelmente brancos do aposento enquanto respondia, com medo de não soar convincente o bastante. - Até parece que nenhum de vocês nunca teve essa fantasia... - Finalizei, com o máximo de malicia possível.
- Crianças, usem camisinha! - Foi a última frase que escutei vinda do outro lado. O barulho da música eletrônica era ensurdecedor, de modo que não sei qual dos três a proferiu. De qualquer jeito, isso não importa. Suspirei aliviado ao constatar que tinham finalmente ido.
Reita me encarava com a expressão indecifrável. Não saberia dizer se estava com raiva ou com vergonha. Algo me dizia, pelo nosso tempo de convivência, que estava simplesmente intrigado.
“Não é nada disso do que vocês estão pensando”, é o que ele teria dito. Mas e depois? “Nós estamos retocando a maquiagem”? Não ia dar certo. Eles não acreditariam. Reita teria de dizer a verdade. “O Ruki está com diarréia e eu estou fazendo companhia”. De jeito nenhum.
Tenho que admitir que essa não foi uma atitude bem pensada. A possibilidade de eu estar totalmente arrependido em menos de vinte e quatro horas é alta.
- Você está bravo comigo? - Consegui enfim perguntar, embora ainda não tivesse coragem o suficiente para olhá-lo nos olhos.
- Claro que não, Taka. - Sua voz era calma e aconchegante, de um jeito que apenas sua voz conseguia ser. Levantei o olhar lentamente, finalmente tendo a audácia de encará-lo. Ele sorria docemente. - Só não consigo entender o motivo disso. - Questionou curioso.
Não posso o culpar por não entender. Nem eu mesmo entendo como aquelas palavras saíram tão displicentes por meus lábios.
Todavia, eu devia esclarecimentos. Não se pode sair por aí dizendo essas coisas e depois fingir que nada aconteceu. Afinal, ele estava diretamente envolvido em minha estupidez.
Respirei fundo antes de começar:
- Mais de metade de nossos fãs acham que nós somos gays. Nossos próprios companheiros de banda acham que nós somos gays. Logo, nem faria tanta diferença se nós confirmássemos que somos gays. - Falava com o maior cuidado possível, atento a suas reações. - Já se eu falasse que estou com desarranjo intestinal e a imprensa descobrisse... Ia virar capa de todos os tablóides por mais de uma semana. - O horror com o qual eu pronunciava a última frase era completamente ridículo e, apesar de tentar esconder, era obvio que ele também pensava assim.
Apesar de estar constrangido, continuei com o queixo erguido enquanto esperava uma resposta. Não podia me mostrar tão inseguro assim.
- Ru... - Ele iniciou depois de um tempo, mas não o deixei falar.
- Desculpa! Eu não deveria ter dito sem pensar! E eu nem consigo te dar argumentos plausíveis... Você tem todo o direito de ficar com raiva de mim! - Fui atropelando as palavras, com o desespero crescente.
Fui surpreendido pelo ruído de suas risadas.
- É claro que eu não estou com raiva de você, bobo. - Apesar do tom divertido, dava para ver que ele estava falando muito sério. Seu sorriso teve um efeito tranqüilizador imediato em mim.
- Sério mesmo? - Indaguei desconfiado.
Ainda que tudo parecesse simples agora, eu sei que daria trabalho lidar com as conseqüências depois. Uruha, Aoi e kai não perderiam nenhuma oportunidade de nos lembrar do ocorrido.
- Sim. - Redargüiu, ainda sorrindo.
Infelizmente aquele clima leve que se instalou no banheiro foi cortado por mais uma pontada de dor. E lá estava eu novamente, encolhido, de olhos fechados, gemendo baixinho.
Abri os olhos com espanto ao sentir braços circularem meus ombros em um forte abraço. Não percebi quando ele chegou ali, mas, pelo modo como estava abaixado - não se importando em possivelmente sujar os joelhos da calça - com certeza teria câimbra mais tarde.
Recostei a cabeça em eu peito, aproveitando o calor gostoso que seu corpo emanava. Nessas horas quase fico feliz por nossa diferença de altura. Quase.
Na verdade, também não saberia dizer se ele fazia aquilo para me acalmar ou para se acalmar. Seus dedos tremiam em minha nuca.
Acho que o pior de tudo era não saber se queria que aquilo acabasse logo, ou que durasse para sempre. Optei por apenas abraçá-lo de volta.
Continua...