Mar 23, 2010 10:47
Bebo um chá forte com limão.
Gosto bastante de viajar de carro. Num automóvel não podes fugir da companhia que levas ao lado e desta vez calhou-me a cria. Os dois voltávamos do fim-de-semana, cansados e sem grande vontade de conversar.
Liguei o rádio “Pai podes ver quem está a ganhar?” no futebol, é claro.
Sempre odiei relatos de futebol. A histeria dos locutores é algo que não compreendo e pelos vistos também enerva o meu filho “Podes desligar… fico nervoso quando eles falam.”.
As viagens de carro dão tempo para que surja tema, para que se encontre assunto e se puxe conversa. Voltámos às namoradas “E como é que tu sabes essas coisas se só tiveste namorados?!” Que não, que também tive namoradas apesar de saber (e elas também) que eu gostava de homens. “E é preciso esforçar-me tanto? Porquê se eu gosto dela?”. Gostar não é só dizer e perguntar, é olhar sem abrir a boca, é um sorriso, é um pequeno detalhe que se deixa discretamente num local estratégico, é um “Bom dia! Essa camisola é nova! Fica-te mesmo bem!” (a miúda é vaidosa) e também é o convite para almoçarem juntos ou ainda um pedido de ajuda para estudar a matéria do teste que ela domina melhor…
“Pai, liga o rádio a ver se com os nervos do futebol me passa este medinho miudinho”.